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    Guilherme Coutinho

    Jornalista, publicitário e especialista em Direito Público. Autor do blog Nitroglicerina Política

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    Coronavírus pode ser a nova fakeada, e risco de autogolpe é real

    Caso Bolsonaro esteja com o vírus, terá que cumprir quarentena, o que faria seu vice, Mourão, assumir as funções do cargo máximo do país em um momento crítico para a democracia. Afinal a manifestação, que promove um autogolpe está marcada para o dia 15 de março, e um afastamento do titular do Planalto poderia cair como uma luva na intentona antidemocrática

    (Foto: Carolina Antunes/PR)

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    O Secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, teve o teste confirmado para o coronavírus. O assessor do Presidente o acompanhou em viagem recente aos Estados Unidos, local onde provavelmente contraiu a doença, o que coloca Jair Bolsonaro como caso suspeito de estar com o vírus que apavora o mundo.

    Caso Bolsonaro esteja com o vírus, terá, como todo cidadão, que cumprir quarentena, o que faria seu vice, Mourão, o General, assumir as funções do cargo máximo do país em um momento crítico para a democracia. Afinal a manifestação, que promove abertamente um autogolpe está marcada para o dia 15 de março, e um afastamento do titular do Planalto poderia cair como uma luva na intentona antidemocrática.

    Basta relembrarmos: quando foi a última vez que Bolsonaro teve que ceder a cadeira da presidência por um período prolongado, por motivos de saúde? Em outro momento crítico para a democracia, o período eleitoral. A facada que o então candidato pelo PSL teria levado em um comício em Minas Gerais o afastou dos debates, o colocou em uma posição de vítima e abriu espaço para Mourão, alguém intelectualmente muito superior, assumir as entrevistas e conduzir o final da campanha, que terminou vitoriosa, com uma ajuda de Steve Bannon e das fake News via whatsapp.

    Quando Bolsonaro estava internado por causa da, repito, suposta facada, Mourão, em uma entrevista para Golbonews, chamou a atenção ao tocar no assunto do autogolpe. Falou que não é algo anormal, que já ocorreu em diversos países, apesar de não ter acontecido no Brasil. Disse ainda, na ocasião, que era um vice que servia de “escudo” contra golpes para Jair Bolsonaro.

    O Presidente não convocou essa manifestação do dia 15 por acaso. Ele se encontra sem partido, está com péssima relação com os meios de comunicação e, com seus dados econômicos, no mínimo decepcionantes, também desagrada o mercado. Com o Congresso, sua briga é aberta. Seus pacotes, em sua maioria têm sido desidratados nas casas parlamentares e ontem, quarta-feira, seu desprestígio ficou ainda mais evidente quando o Congresso derrubou seu veto ao aumento da renda familiar para acesso ao BPC.

    A conveniência de uma quarentena não para por aí. Todos sabem que Bolsonaro não tem o controle das forças armadas. A Marinha faz oposição e dentro do próprio exército ele enfrenta resistência de quem não é da chamada “velha guarda”. Mas Mourão, General que estava na ativa até se decidir pela vida política, se relaciona bem com todos os militares, seguimento da sociedade que está mais insuflando a manifestação.

    Sem aparecer fisicamente, Bolsonaro ficaria de coitado em um possível autogolpe. Assistiria da TV de seu leito do Hospital das Forças Armadas um possível autogolpe, que não sabemos o alcance e a longitude que possa atingir. O Governador do DF, Ibaneis Rocha, suspendeu as aulas por 5 dias em escolas públicas e particulares no DF. Suspendeu um concurso público, mas não suspendeu a manifestação. Algo não vai bem no país do golpe.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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