Correção do salário mínimo: uma questão de justiça
Valorizar o salário mínimo beneficia todos os trabalhadores. Se o aumento percentual não será em cascata, pois isso realmente nossa economia não suportaria, o ganho real dos salários pressionará para uma melhor e maior qualificação de todos os salários
Você que recebe um salário mínimo por mês sabe quanto estaria recebendo caso não tivéssemos implementado em 2007, durante o governo Lula, a política de correção do salário mínimo? Em vez dos R$ 954,00 atuais você receberia R$ 540,00. Ou seja, uma perda de 56% do valor do seu salário. Em um ano, essa diferença de R$ 400,00 mensais significa mais de R$ 5 mil. Quer dizer quase 5 décimos-terceiros salários nos valores atuais. E estamos falando de aproximadamente 50 milhões de brasileiros e brasileiras que vivem com um salário mínimo por mês.
Criamos a política de valorização do salário mínimo quando eu estava ministro do Trabalho, logo depois de deixar a Presidência da CUT. Adotamos esta medida, a partir de um acordo com as centrais sindicais, para atender à reivindicação histórica de adoção de uma regra fixa de valorização real do piso salarial no país. Em 2011 essa política de governo foi transformada em lei com validade até 2015. Naquele ano, uma nova lei estendeu por mais quatro anos, até 2019, a validade da lei.
Pois essa garantia de que o seu salário não sofrerá desvalorização daqui para a frente corre sérios riscos. Representantes do governo eleito já insinuaram – ou melhor seria dizer ameaçaram? – que vão acabar com essa política. Ou seja, também na questão dos salários vão punir os mais pobres.
O que esse governo não compreende, ou não quer compreender pelos seus compromissos com os mais ricos e endinheirados, é que apostar na valorização do salário mínimo é estimular a economia, o consumo. O aumento da massa salarial é benéfica para o País. Diferente do que acontece com o dinheiro que os bancos retêm, os salários injetam recursos direto na veia da economia fazendo a roda girar e criando mais oportunidades e mais desenvolvimento.
Valorizar o salário mínimo beneficia todos os trabalhadores. Se o aumento percentual não será em cascata, pois isso realmente nossa economia não suportaria, o ganho real dos salários pressionará para uma melhor e maior qualificação de todos os salários. Sem contar que muitas categorias de trabalhadores têm seus salários calculados a partir de um salário base estipulado em salários mínimos.
Como em todas as áreas o governo eleito tem se mostrado despreparado para enfrentar os desafios de governar um país com a diversidade de realidades como é o Brasil. Mas como em tão pouco tempo já virou prática o voltar atrás, pode ser que nessa questão do salário mínimo eles também recuem. E se não acontecer isso só restará a mobilização. Papel que deverá ser cumprido pelas Centrais Sindicais, pois boa parte desses trabalhadores e trabalhadoras que recebem salário mínimo não são sindicalizados.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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