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    Rubens José da Silva

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    Crônica de uma prisão anunciada

    Nesse momento, nossos despolitizados e imparciais procuradores já devem ter em mente o nome para a última fase da Lava Jato que se avizinha. A prisão de Lula é o epílogo

    Nesse momento, nossos despolitizados e imparciais procuradores já devem ter em mente o nome para a última fase da Lava Jato que se avizinha. A prisão de Lula é o epílogo (Foto: Rubens José da Silva)

    Desculpe, caro leitor, pela alusão do título da pueril matéria à obra-prima de García Márquez, mas até o mais inocente cidadão sabe que a Operação Lava Jato, apesar dos bons resultados no combate à corrupção na Petrobras, tem como principal objetivo prender o ex-presidente Lula.

    Alguma coisa pessoal? Que pesaria sobre quem sempre foi com todos, na prática, um autêntico 'camarada', isto é, um parceiro, amigo, pessoa de confiança?

    Infelizmente Lula tem o que é imperdoável para os grandes interesses: é um líder popular que almeja um Brasil soberano. É o único capaz de levar o país à frente, com autonomia e independência de ingerências externas. Por esse nacionalismo, sua volta à presidência em 2018 tornou-se inadmissível.

    E o cerco está se fechando. A nova prisão de José Dirceu seria uma espécie de preparativo para a grande cartada final do messianismo de uma força-tarefa que nenhuma autoridade ousa enfrentar, apesar do caráter arbitrário e seletivo em muitas ações.

    Os novos salvadores da pátria perceberam que o caminho está livre. A cada nova declaração do governo e da cúpula do PT fica mais evidente a fragilidade de ambos, como no patético mea-culpa do Ministro Mercadante. A perspicácia do governo é impressionante.

    Nesse momento, nossos despolitizados e imparciais procuradores já devem ter em mente o nome para a última fase da Lava Jato que se avizinha. A prisão de Lula é o epílogo.

    Quando o procurador Santos Lima afirma que parte das apurações segue em sigilo, fico a imaginar o que estaria ainda por vir que estrategicamente não foi vazado. Só pode ser o tiro de misericórdia.

    Todos parecem antever, mas continuamos inertes, soltos ao destino, alguns talvez na esperança que o povo defenderá seu líder. Será?

    Estaríamos sendo omissos tal qual no livro de García Márquez, em que todos sabem o que acontecerá à vítima mas ninguém a protege ou impede os algozes?

    Como se livrar do pente fino do juiz Moro? Pelo seu crivo, até Madre Teresa de Calcutá seria suspeita se assim desejasse. E sua obsessão é o Lula.

    Moro e sua turma estampam a convicção de estarem passando o país a limpo. Mas a faxina se restringe a um lado da casa.

    E a sociedade brasileira teima em ignorar sua própria história e novamente é levada a rompantes moralistas que a mídia tão bem administra. O "mar de lama" volta sempre quando necessário.

    Quem agradece é o establishment. O sistema dominante que prega a globalização, desde que os principais competidores continuem sendo as antigas potências, não quer um líder nacionalista comandando o Brasil.

    Nessa orquestra mundial, de regentes bem definidos, não nos querem como solistas.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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