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    Rodrigo Vianna

    Jornalista desde 1990. Passou por Folha, TV Cultura, Globo e Record; e hoje apresenta o "Boa Noite 247". Vencedor dos Prêmios Vladimir Herzog e Embratel de Jornalismo, é também Mestre em História Social pela USP. Blogueiro, integra a direção do Centro de Estudos Barão de Itararé.

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    Cúpula militar usa caso Silveira para cercar democracia

    "Estamos numa sinuca...Para sair dela, é preciso agir com amplitude e firmeza, sem menosprezar a capacidade tática do inimigo", alerta o jornalista

    Bolsonaro, ao lado de Braga Netto e comandantes militares durante desfile militar em frente ao Palácio do Planalto (Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República)

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    Por Rodrigo Vianna

    O cachorro louco que ocupa a presidência da República não agiu sozinho ao "perdoar" o deputado arruaceiro. Os sinais são variados, a começar pelas ações do próprio Daniel Silveira. 

    Atordoado e acovardado pela ação que já corriado STF, Silveira estava em silêncio há meses, até iniciar nova escalada de provocações: 

    - recusou-se a usar tornozeleira;

    - acampou no Plenário da Câmara;

    - atacou o ministro Alexandre de Moraes na véspera do julgamento.

    Ninguém faz isso sem cumplicidade fardada. Da mesma forma, ninguém assina um decreto como este editado por Bolsonaro sem claro aval militar.

    O decreto de 2022 segue a trilha do tweet do general Villa Boas em 2018, ao intimidar o STF e barrar Lula na eleição. É o Partido Militar em ação.

    O objetivo é mobilizar apoio popular e incentivar ataques físicos ao STF. Se não der certo, o Plano B é manter o impasse entre Judiciário e Executivo, obrigando ação intermediaria via Legislativo, que provavelmente mostrará a maioria do Congresso - dominada por Lira e seus asseclas - alinhada ao fascismo.

    A Frente Democratica em torno de Lula deve resistir ao Golpe, defender a Constituição e denunciar ao Mundo a ação golpista do capetão e seus parceiros de farda. Juristas e sociedade devem exigir impeachment do cachorro louco. Ainda que o processo não ande, ele ajuda a mobilizar.

    A eleição corre risco. Não podemos esperar até outubro. Brasil talvez precise de um acampamento pela Democracia... 

    Mas é importante deixar claro que os democratas vivem um dilema: 

    - se não defendermos a Democracia, o capetão avançará no Golpe em câmera lenta;

    - se centrarmos toda força na defesa da Democracia, sairemos da pauta da economia...

    O partido militar joga bem taticamente... Não é Bolsonaro sozinho, mas a cúpula das Forças Armadas (FFAA).

    A reação de Rodrigo Pacheco (correndo pra apoiar o decreto de perdão) indica que a cúpula militar tenta promover um cerco ao STF, cooptando lideranças políticas mais pusilanimes. 

    O que Bolsonaro e militares querem é reforçar o discurso de que o "sistema" joga contra a direita. Não devemos cair nessa lógica que só interessa ao capetão.

    Hoje, Bolsonaro tem:

    - FFAA, Câmara, 35% do eleitorado, boa parte da burguesia de serviços/financeira e a totalidade do agronegócio; 

    - os democratas temos STF, parte do Senado,  parcelas minoritárias da burguesia, 45% do eleitorado e uma massa trabalhadora desorganizada pelos anos de caos, desespero e bombardeio lavajatista.

    Olhando friamente: nossa melhor chance é ganhar no voto. No combate aberto, no embate de classes e forças por cima e para além da eleição, o capetão e sua horda hoje teriam mais força. 

    O drama é que, para garantir a eleição, vamos consumir energias que deveriam ser gastas para mostrar o descalabro econômico do país.

    Estamos numa sinuca...

    Para sair dela, é preciso agir com amplitude e firmeza, sem menosprezar a capacidade tática do inimigo. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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