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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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D. Pedro II quase foi socialista

O jornalista Alex Solnik afirma que "quando Bolsonaro diz que o Brasil não será mais socialista talvez não saiba que o Brasil por pouco não se tornou socialista no século XIX, no reinado de Dom Pedro II"; "Em 1842, o governo imperial assinou contrato com o francês Benoit Jules Mure, segundo o qual ele se comprometia a fundar uma colônia industrial nos moldes socialistas – muito antes do Manifesto Comunista de Karl Marx", relata Solnik; segundo o jornalista, "esse embrião do socialismo, aqui chamado de O falanstério do Sahy, deixou um legado que contribuiu fortemente para o início da industrialização brasileira"

D. Pedro II quase foi socialista

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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia 

Quando Bolsonaro diz que o Brasil não será mais socialista talvez não saiba que o Brasil por pouco não se tornou socialista no século XIX, no reinado de Dom Pedro II.

O imperador tinha 15 anos, acabava de ser proclamado maior para poder governar, em meio a rebeliões em várias partes do país.

Em 1842, o governo imperial assinou contrato com o francês Benoit Jules Mure, segundo o qual ele se comprometia a fundar uma colônia industrial nos moldes socialistas – muito antes do Manifesto Comunista de Karl Marx – formada por trabalhadores franceses altamente qualificados que sabiam construir máquinas a vapor, inexistentes no Brasil.

O francês impôs que na sua colônia a escravidão fosse proibida, e não houvesse patrões, nem empregados; todos seriam associados e os rendimentos seriam divididos de acordo com a participação de cada um.

O jovem Dom Pedro II e a Câmara dos Deputados aprovaram um aporte significativo ao projeto, que deveria ser devolvido aos cofres públicos em 20 anos, depois de um ano de acaloradas discussões.

O projeto de Benoit se baseava nas ideias de Charles Fourrier. Esse outro francês que viveu no início do século XIX e um dos inspiradores do pensamento de Marx preconizava que o mundo deveria ser dividido não em países e cidades, mas em comunas denominadas falanstérios.

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A comuna seria composta por um enorme prédio central que abrigaria toda a população de cerca de 1800 pessoas e todos os equipamentos necessários à vida, tais como teatro, escola, barbeiro, creche etc, etc.

Em volta do edifício haveria uma área agrícola e em torno da área agrícola uma área industrial.

É um esquema muito semelhante aos dos kibutzim de Israel, nos quais não circula dinheiro.

A colônia industrial só não prosperou mais devido a brigas entre os próprios franceses, que se dividiram em dois grupos, pró e contra Benoit e à falta de visão do governo brasileiro, que a certa altura deixou de investir no projeto.

Em menos de três anos e com poucos braços, esse embrião do socialismo, aqui chamado de O falanstério do Sahy – ficava na Península do Sahy, no Norte de Santa Catarina – deixou um legado que contribuiu fortemente para o início da industrialização brasileira, em 1850, comandada pelo Barão de Mauá.

Dentre os legados – além de ferramentas, pontes, construções modernas, barcos - o mais significativo foi a construção da primeira máquina a vapor do Brasil, que movimentou uma grande serraria com 16 lâminas.

Benoit também foi vítima de fake News: o acusaram até de entregar uma francesa menor de idade nos braços de um fazendeiro seu amigo.

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