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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Da discussão não nasce a luz

"Bate-boca no debate da Band não ataca a questão central", avalia Alex Solnik

Guilherme Boulos e Ricardo Nunes (Foto: Reprodução/YouTube/Band Jornalismo)

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Do Nunes eu não esperava nada no debate de ontem na Band. É um político medíocre, do baixo clero, que só está onde está porque Michel Temer o colocou na vice de Bruno Covas e este morreu. 

Nunes é quadro de Temer, não de Bolsonaro, que só indicou o vice porque ele é (ainda) a estrela do PL e o PL é o maior partido da coligação. Nunes não conhece Bolsonaro e vice-versa. 

Com um currículo pífio, político municipal cujo ápice é a prefeitura de São Paulo, ele não irá mais longe, ninguém poderia imaginar que no debate ele apresentasse alguma solução para o problema do terrível apagão que a cidade enfrenta.

Mas do Boulos eu esperava mais e por isso ele me decepcionou. Um jovem com sua formação, seu currículo, sua inteligência, suas viagens às principais cidades do mundo, optou por intimidar e desafiar Nunes em vez de atacar o problema real, que é a questão da fiação subterrânea. 

Ventos fortes como o de sexta-feira, de mais de 100 km por hora, costumam derrubar árvores e elas caem em cima da fiação aérea. Estudos mostram que, em Santiago, onde a Enel também atua, o tempo em que a cidade fica sem energia é metade do de São Paulo. Como também em Florença e Turim, outros mercados da companhia italiana. A diferença é que nessas cidades 20% da fiação elétrica está enterrada e, em São Paulo, só chega a 6%.

Em vez de bater boca, o que os marqueteiros sempre aconselham ao candidato que sai em desvantagem do primeiro turno, Boulos teve uma ótima oportunidade de questionar o prefeito acerca disso, deveria perguntar porque esse plano tão essencial de enterrar os fios caminha a passos de cágado e, ao mesmo tempo, convocar uma força tarefa municipal, estadual e federal para, juntos, elaborarem um plano emergencial para acelerar essa obra que é gigantesca, é claro, vai levar anos, mas precisa começar alguma hora, e com cronograma detalhado.

Era isso o que eu esperava de Boulos, um plano de ação factível, objetivo, que vá além da poda de árvores, que é necessária, é claro, e a prefeitura fracassa nessa operação, mas se houver ventos a 100 km por horas as árvores, podadas ou não, vão cair, e se houver fios elétricos, vão cair em cima deles. Por mais eficiente que seja a companhia (e a Enel não é), por melhor que seja o prefeito de São Paulo, se a fiação não estiver enterrada não há como evitar novos apagões.

 Da discussão estéril, na qual Boulos culpa Nunes, Nunes culpa a Enel e o ministro das Minas e Energia culpa a Aneel, e também Nunes, não vai nascer a luz e sim, mais uma vez, um embate ideológico entre quem é Lula e quem é Bolsonaro, esquerda e direita, que cabe numa disputa presidencial e não municipal.

Nem Boulos, nem Nunes estão preparados para resolver os problemas de São Paulo.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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