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    Dê ao povo o que é do povo

    Não me entendam como o maior crítico ao processo de privatizações. Existem áreas em que a iniciativa privada tem melhor eficiência que o estado. Em outros segmentos, não. E na transmissão de um evento que é bem público, não deveria haver mercantilização. Que os "gestores" aprendam a dar ao povo o que é do povo

    João Doria (Foto: Luis Mauro Queiroz)

    Acompanhei notícias relacionadas a dois "gestores" públicos nestes últimos dias. Note-se o uso das aspas pelo fato de ambos se intitularem assim, numa tentativa de fugir do termo "político", que seria adequado pelos cargos que ocupam, mas seu uso tem sido problemático por afastar, de certa forma, as massas.

    Pela manhã, esbarrei numa publicação de João Dória sobre a inauguração do projeto de banheiros públicos na cidade de São Paulo. A princípio, interessante. Faltam banheiros públicos na maior parte das grandes cidades brasileiras. Se o projeto se viabilizar como promete o prefeito, bancado por anúncios, sem custos aos cofres públicos, melhor ainda.

    A ação dá a Dória um título de gestor público de vanguarda? Não. Muito menos é uma grandiosa iniciativa que marca sua gestão, ou o exime da lambança feita com a arte de rua em São Paulo; mas não deixa de ser um ponto positivo, algo de valoroso à cidade e ao cotidiano do cidadão.

    Mais tarde, fico sabendo de um novo projeto de privatização, desta vez na Argentina, da transmissão de seu campeonato nacional de futebol. O modelo de veiculação havia sido assim, privatizado, até 2009, até que o esporte foi considerado um "bem público" (que é tanto lá quanto aqui), e a prática de transmissão, muito semelhante à atual brasileira, se tornou completamente pública e acessível. O projeto se chamava Futebol Para Todos.

    Mas o presidente argentino (ou seria melhor "gestor nacional"?) Mauricio Macri achou melhor privatizar. Mesmo que o formato público garantisse acesso a um patrimônio nacional que é o futebol; mesmo que ajudasse a balancear os orçamentos dos clubes, que acabam por ter renda concentrada na mão dos mais populares; e mesmo que a transmissão pública não tratasse futebol como commodity.

    Não me entendam como o maior crítico ao processo de privatizações. Existem áreas em que a iniciativa privada tem melhor eficiência que o estado. Em outros segmentos, não. E na transmissão de um evento que é bem público, não deveria haver mercantilização. Que os "gestores" aprendam a dar ao povo o que é do povo.

     

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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