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    Ângelo Cavalcante

    Economista, cientista político, doutorando na USP e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)

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    De homens e causas

    Tentem fazer algo de incomum! Já de partida serão classificados como loucos, insanos ou perturbados; tentem, por exemplo, alimentar os que tem fome; dar fim ao analfabetismo da gente pobre da comunidade ou quem sabe; garantir um pão com margarina mais uma xícara de café com leite às crianças? Já afirmo que um batalhão de inimigos irá se erguer contra você e seu sonho impossível

    Fidel Castro (Foto: Ângelo Cavalcante)

    A infâmia e a calunia sempre abeiraram-se de grandes causas e espíritos; evidentemente, para o mal, para a detratação e para o desalento. Grandes jornadas, pelos desafios que trazem, pelas implicações que criam e pela amplitude do seu movimento são comumente e no curso de seu desenvolvimento, assacadas e repudiadas.

    É do espírito miúdo e da mente pequena do amplamente distribuído homem raso a afronta e o desrespeito àquilo que ele jamais irá compreender daí e, portanto, jamais admitir. É que a paisagem do futuro é por demais ampla para seus olhos estreitos e enlameados com o medo, a mediocridade e o egoísmo e; sua cabeça, sempre arreada, jamais irá alinhar-se aos profundos do horizonte; as luzes de um amanhã pleno são por demais incandescentes aos acostumados ao turvo de buracos ou cavernas existenciais.

    Testem vocês! Tentem fazer algo de incomum! Já de partida serão classificados como loucos, insanos ou perturbados; tentem, por exemplo, alimentar os que tem fome; dar fim ao analfabetismo da gente pobre da comunidade ou quem sabe; garantir um pão com margarina mais uma xícara de café com leite às crianças? Já afirmo que um batalhão de inimigos irá se erguer contra você e seu sonho impossível.

    Finque o pé na história e sem titubeio, trave uma batalha, por exemplo, por saúde pública, universal e de qualidade excelente; reúna a cidade e diga que ninguém, nenhum de nós, pode viver sem moradia digna e decente ou; defenda abertamente que idosos não são lixos ou refugos humanos e que devem ser integralmente respeitados por todos; sabe o que essas grandes causas podem lhe causar? Estou certo de que será taxado de populista, demagogo, arruaceiro, provocador, agitador, esquerdista, comunista ou subversivo.

    Se você ousar tratar de temas absurdos e inadmissíveis como educação e saúde; moradia e transporte público para a população; trabalho e renda digna para todos; meio ambiente e qualidade de vida para a cidade você será acusado, julgado, preso, humilhado, isolado e submetido até aprender a respeitar a lei e a ordem.

    E a infâmia dos acusadores correrá livre e veloz de boca em boca, de ouvido em ouvido até você, meu bom atrevido, ser convertido em um indivíduo da mais alta periculosidade, afinal, já sabemos, é a segurança nacional que está em jogo; são os alicerces de nossa democracia que estão sendo usurpados por um alguém feito você. E as pessoas de bem? E as famílias? E a grande confraria dos irmãos de José? E as digníssimas senhoras que promovem o chá beneficente para o orfanato do menino Jesus? Como ficam?

    Onde já se viu? E a associação dos filhos de Maria? E a festa da cidade que homenageia o empresário do ano? E o baile das debutantes? Você com suas lutas e exigências absurdas... Quer o quê? Aparecer? Quer revolucionar? Vai alterar nossas tradições, nossos hábitos sociais?

    Quer ser um novo Fidel Castro? Que absurdo completo... Acho que não, né!?

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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