Dê o fora, Inepto!
O que não falta são crimes e mais crimes que justifiquem o processo de impeachment, ainda que seja um instrumento traumático, capaz até de futuramente apontá-lo como injustiçado e coitadinho
Em plena crise de saúde mundial catapultada pelo Covid19, o noticiário da TV mostra que uma verdadeira multidão invadiu as praias de Cabo Frio (RJ) nesta terça-feira, aproveitando céu e mar mas ignorando por completo todas as instruções das autoridades para o devido recolhimento domiciliar, evitando o risco de contágio.
Gente morrendo pela Ásia, Europa e América, o mundo inteiro sob pavor da contaminação e brasileiros desfilando na praça da apoteose da irresponsabilidade, enquanto contamos os primeiros cadáveres nacionais.
Foi o mesmo comportamento da pequena claque que se prestou no domingo a atender à convocação do Inepto para o protesto pró-ditadura e AI-5, contra o STF e o Congresso, num exercício de perturbação mental cuja cereja do bolo foi o incapacitado presidente, suspeito de infecção, ir a público cumprimentar populares que, imersos num planeta próprio e turvo, ainda lhe oferecem a mão
Verdade seja dita, em Brasília e no Rio o número ínfimo de manifestantes demonstrou o que todos já sabem: que o atual governo, natimorto, avança em seu estado de decomposição pelo conjunto da obra. O "Posto Ipiranga" Paulo Guedes é uma espécie de vovô atrapalhado que alterna chiliques com frases desconexas da realidade. A escola econômica dos Chicago Boys é um completo desastre para o Brasil. Imaginem se, neste momento, o Estado Mínimo que ele sonha fosse vigente em tempos de Covid19? O discurso do Instituto Millenium, fábrica de blogueiros que pavimentaram o golpe de 2016, já virou pó em pouco mais de um ano.
O Inepto e sua equipe não reúnem as condições mínimas de tocar o Brasil. Falta-lhes tudo: competência, ética, dignidade, caráter, preparo, agilidade, diálogo, articulação, visão de Estado, compromisso social. Na verdade, sempre lhe faltou, mas a cruel campanha golpista alimentada pela grande mídia e pelo esgoto empresarial brasileiro financiou - literalmente - o que aí está. É uma fruta podre que aguarda o merecido descarte. O início da noite desta terça registrou um fato inédito: em bairros abonados do Rio e de São Paulo, ocorreram protestos caseiros contra o Governo antecipados em 24 horas, dado que estão marcados para hoje. Nem os golpistas o aguentam mais.
Mas afinal, o que há de comum entre a atitude dos banhistas de Cabo Frio e dos aloprados que ainda defendem o indefensável em nome de um falso patriotismo estúpido?
A irresponsabilidade. O dar de ombros. O "foda-se", consagrado por Augusto Heleno. O completo desprezo às instituições e liturgias da política em todas as áreas. Um composto bizarro de primitivismo, hostilidade e empirismo mental.
Não é somente de hoje. Eles já estavam na vida brasileira há tempos. O máximo que O Inepto lhes deu foi o incentivo para espalhar rudeza e estupidez por toda parte. Ignorância virou lacração.
Quem teve ou tem um vizinho que, comentando notícias populares, disse na rua "Tem que tacar uma bomba em cima da favela!"? Ou que tem que acertar a cabecinha das "sementinhas do mal"? São os mesmos que usam patéticos figurinos nas ruas para louvar um homem grosseiro, ignorante e mentalmente incapaz de exercer a Presidência da República, que chegou ao ponto de ser desprezado por vários de seus principais cabos eleitorais em menos de um ano e meio de mandato, e que só conseguiu este mesmo mandato às custas de mentiras, manipulações, robôs e uma facada abaixo de qualquer suspeita.
Chegamos até aqui por causa da irresponsabilidade, do descaso, da galhofa. E é preciso agir logo para que o preço a ser pago não seja irrecuperável para o país, paralisado há treze meses pelo pior governo da história da república brasileira, cujo representante maior já cometeu uma série de afrontas à Constituição. O povo do Brasil não pode mais ser tocado como gado, ainda que uma minoria aceite sê-lo.
Por conta de uma criatura desprovida de estabilidade mental, viramos a chacota do mundo. A economia brasileira está em frangalhos, à beira da extrema-unção. A força de trabalho está ajoelhada no chão, humilhada, desprezada. A indústria foi sucateada, o mercado interno foi destruído, a força de trabalho foi jogada no lixo sem reciclagem, a miséria ganha as ruas e tudo isso é mero fruto de uma campanha odiosa e canalha, que derrubou um governo legítimo em 2016 por não aceitar quatro derrotas eleitorais consecutivas, comprada por lunáticos coléricos e ignorantes que lutam contra o comunismo em 2020.
Por ora, é torcer que o Coronavirus não se transforme na mais nova chacina brutal brasileira. E depois de superar o caos, que parte do povo recupere a lucidez perdida desde 2014, colaborando para que nunca mais tenhamos no governo simpatizantes de Hitler e Goebbels, como já se pôde testemunhar em diversas ocasiões.
O que não falta são crimes e mais crimes que justifiquem o processo de impeachment, ainda que seja um instrumento traumático, capaz até de futuramente apontá-lo como injustiçado e coitadinho. Seria demais pedir que o Inepto tivesse um mínimo de bom senso e renunciasse, mesmo que a seu estilo grosseiro, pedindo para cagar e dando o fora. Aliás, seu desgoverno é tão fora de esquadro que parece até proposital. Seria o caso de ser derrubado ou renunciar para fugir do que nunca teve capacidade para lidar? Com tantas mentiras em torno e até mortes que cercam a "Familha Reau", nada causaria surpresa.
Mas uma coisa é certa: a criatura em questão já percebeu que governar o Brasil é bem mais difícil do que fazer vista grossa para milicianos, distribuir medalhinhas, desacatar jornalistas golpistas e apertar a mão de puxa-sacos na porta do Planalto.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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