Débora Rodrigues: A santa dos golpistas

O processo de beatificação de Débora Rodrigues dos Santos iniciado pelos fiéis da igreja bolsonarista do fim do mundo, é tão apelativo e absurdo quanto o Messias que eles veneram e o tem como redentor e salvador. É preciso deixar claro que Dona Débora não é santa. Até porque, segundo o sistema Frei Gilson de qualidade, o ISO do cristianismo fundamentalista, se ela estivesse cumprindo o santo papel destinado por "Deus" para a sua existência, ela estaria em casa lavando roupas, fazendo comida e cuidando dos seus dois filhos, e não acampada durante dias na porta de um quartel pedindo intervenção militar.

Quem estava cuidando dos filhos da nossa bem-aventurada beata extremista, enquanto ela desobedecia a vontade de Deus e apoiava um golpe de Estado contra um governo eleito democraticamente? Toda autoridade não vem de Deus, conforme está escrito na Bíblia? Eu não creio nisso, mas se a palavra de Deus é base do bolsonarismo (risos de Gênesis à Apocalipse), Débora cometeu, se não mais um crime, além dos outros cinco dos quais ela é acusada, um grave pecado de desobediência ao Senhor. Ou a vontade de Deus só vale quando beneficia a extrema-direita?

Seria muita ingenuidade acreditar que a santa dos golpistas possa pegar 14 anos de prisão, apenas por pichar uma estátua com batom. Ora! Façam-me o favor! Nem se ela tivesse desenhado uma rola na careca do ministro Alexandre de Moraes, tal pena teria sido proposta. O que o bolsonarismo não quer que toda a sociedade saiba, é que na realidade, Débora responde pelos seguintes crimes:

1 - Abolição violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L do CP);

2 - Tentativa de golpe de Estado (art. 359-M);

3 - Dano qualificado com violência (art. 163, parágrafo único, I, III e IV);

4 - Associação criminosa armada (art. 288, parágrafo único); e

5 - Deterioração de patrimônio tombado (art. 62, I da lei 9.605/98).

Por coincidência ou não, Bolsonaro também foi denunciado praticamente pelos mesmos crimes. A diferença é que ele, segundo a denúncia da PGR, era o chefe da ORCRIM a qual a santa do pneu milagroso era associada. Entendem agora o porquê do apelo pela absolvição de Débora? Sendo absolvida, ou tendo a sua pena reduzida, abre-se um precedente para que a condenação que Bolsonaro, e outros golpistas irão sofrer, seja mais branda. Mais humanitária, como andam dizendo por aí os quase inumanos seres que ainda apoiam um genocida. Nunca foi por Débora. Sempre foi por Bolsonaro. É ele acima de tudo e de todos. Toda a sua preocupação com os presos do 08/01 pode ser vista nos recentes vídeos em comemoração ao seu aniversário de 70 anos. Que pode ter sido o último em liberdade.

Os risos, as brincadeiras, e claro, as piadas de mal gosto feitas por ele enquanto canta parabéns para a sua estupidez, expressam o real sentimento de Bolsonaro pelos fiéis da sua seita que estão pagando com a liberdade o apoio a um sujeito que não vale um bolo solado. Débora Rodrigues é a intercessora de Bolsonaro junto ao STF, de onde ele espera que possa vir o milagre da anistia. Não virá! Ela não é santa, e ele, apesar de Messias, não é capaz de fazer esse milagre que livraria a própria pele de uma dura condenação. Se forem santos, saberão usar o poder divino que possuem para não irem para a cadeia, ou para conseguir fugir dela. Sem anistia!