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    Ivan Guimarães

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    Democracia aqui e lá

    Maduro tornou-se um caricato ditador latino americano

    Nicolás Maduro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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    Quanto vale a democracia?

    Passado o prazo legal para a divulgação dos mapas de Urna, o governo dos EUA comunicou que, tomando como base as informações disponíveis, não há como Nicolás Maduro ter ganho as eleições Venezuelanas. O vitorioso foi Edmundo Gonzáles Urrutia. O anúncio foi feito pelo próprio secretario de Estado norte americano, Antony Blinken.

    Essa posição dos EUA parece antecipar a do México, Colômbia e Brasil, que exigiam os mapas de urna para aceitarem os resultados. Não receberão. Aparentemente os EUA tem o seu próprio calendário, que certamente prioriza o processo eleitoral,

    Maduro tornou-se um caricato ditador latino americano. Digno de estrelar “bananas” de Woody Allen. Segue o figurino clássico: prende a oposição, processa todos que deseja por terrorismo e acusa a imprensa, governos e órgãos multilaterais por conspiração. Conhecemos essa forma de agir. Vivemos mais de 20 anos de ditadura e sabemos onde vai dar: em nada.

    Mas antes ele pode fazer muitos estragos. De nada irão adiantar os mal arrematados disfarces de democrata comprometido com os pobres. O empobrecimento acelerado do povo enterrou o governo. 

    Como está sentado em cima da maior reserva de petróleo do mundo, sua ação tem efeito global. Ele buscou apoio nas forças armadas do Pais, com um discurso nacionalista. Se a guerra é a extensão da política por outros meios, como disse  Clausewitz, podemos estar perto de mais uma delas. 

    A guerra é uma situação extrema que deve ser evitada de todas as formas, embora nem todos pensem assim. E muitos acham que Maduro não irá tão longe. Tomara estejam certos.

    O presidente Lula sabe do seu papel no mundo contemporâneo. O Brasil é uma potência regional sul americana, que tem a missão de evitar o surgimento de conflitos armados na região. Se vierem a ocorrer (como uma invasão da Guiana pela Venezuela) atrairão russos e chineses para o mesmo continente onde estão os EUA, a atual potência hegemônica. Dificilmente o governo norte-americano aceitaria essa situação, intervindo no conflito. Já imaginou um conflito entre esses países em plena selva amazônica?  Essa “Malvinas amazônica”, se ocorrer, será desastrosa. Mas o exemplo da “crise dos misseis” deveria servir de exemplo ao déspota.

    Como sempre faz, Maduro é ambíguo em relação ao tema. Fez acordos se comprometendo com a resolução pacífica dos problemas e simultaneamente aumenta as tropas na fronteira Brasil/Guiana.

    O país vive sob uma ditadura mal disfarçada e autoritária, que fez eleições fajutas, como eram na ditadura brasileira.  E corrompe as instituições de Estado (judiciário, polícia, ministério público, etc...) num nível absurdo.

    Tudo isso é do conhecimento de nossos governantes, e explica um telefonema de 30 minutos de Biden para Lula. Para o bem de todos, é melhor que o Brasil siga tendo alguma influência sobre Maduro e evite que ele fique tentado a transformar seus parceiros comerciais, os russos e chineses, em aliados na guerra. Ambos tem mais interesse em vender armas do que lutar com elas.

    Isso tudo traz um custo político muito alto ao presidente Lula, que de concreto e relevante não reconheceu a “vitoria” de Maduro, embora muitos analistas não façam distinções mais profundas que uma poça dágua.

    Lula ficou prensado entre a defesa da democracia no Brasil e “passar o pano” para Maduro. Uma saída política parece ser a mais viável para Maduro. Frente aos protestos da oposição e a repressão que vem sendo praticada, a tendência parece ser a expansão do conflito interno.  Daí podem se abrir possibilidades de o Brasil atuar na mediação. Resta saber se nosso presidente conseguirá encantar mais essas serpentes.

    O momento é difícil, as questões complexas e as consequências incalculáveis. Este é o momento em que a história consagra os Estadistas.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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