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    Elias Jabbour

    Elias Jabbour, é doutor e mestre em Geografia Humana pela FFLCH-USP. É professor dos Programas de Pós-Graduação em Relações Internacionais (PPGRI) e em Ciências Econômicas (PPGCE) da UERJ. É autor de quatro livros e dezenas de artigos acadêmicos e de opinião sobre a China e o socialismo de mercado como uma nova formação econômico-social.

    18 artigos

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    Desbolsonarizar o Brasil. Como?

    "Crescimento econômico acelerado industrialização e construção das bases materiais para um Welfare State", escreve Elias Jabbour

    (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

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    Por Elias Jabbour

    (Publicado no site A Terra é Redonda)

    Não se trata de uma pergunta de US$ 1 milhão. É observarmos como sociedades radicalizadas pela direita fizeram para superar um determinado estado de espírito. O exemplo europeu do pós-Segunda Guerra Mundial é clássico: trinta anos de crescimento econômico e construção de um poderoso Welfare State. Isso trouxe em contrapartida mobilidade social, baixos níveis de desemprego e horizonte às gerações futuras.

    Nos EUA, ao contrário da URSS que era uma sociedade onde a planificação estava se concentrando na unificação de seu mercado interno e na transição campo-cidade, mecanismos de planificação serviram para buscar o pleno emprego. O sonho americano era real. Analisar o mundo entre 1946-1973 é fundamental como ponto de partida para certas análises.

    No caso brasileiro, identificamos todas as características de uma sociedade pronta a ser alienada e fascistizada. Economia em frangalhos, baixa autoestima do povo, precarização, poder excessivo a aparatos de segurança como as PMs e melindre em relação às Forças Armadas. Ao lado disso, todo o debate público dominado por um fiscalismo atroz, uma esquerda ou cosmopolita demais para ser brasileira ou dividia em seitas que desvirtuaram o verdadeiro sentido do que é ser “radical”.

    Nosso país, completamente dependente de exportações de commodities tem um duplo problema. A tendência à deterioração dos termos de troca e o reacionarismo do agronegócio. Volto aqui a uma falsa polêmica. Como leninista sou defensor do triunfo da grande produção na agricultura e sei bem quem quer a destruição de nossa grande produção. Mas quero ver reduzido a zero o poder político dos ruralistas brasileiros. Ou seja, temos um emaranhado de contradições a lidar e um único caminho demonstrado pela história: a reindustrialização.

    O bolsonarismo só começará a ser passado quando algum consenso em nossa sociedade alcançar a necessidade de crescimento econômico acelerado industrialização e construção das bases materiais para um Welfare State brasileiro. No imediato, voltar a política de correção do salário mínimo com ganho real é um passo. Retomar obras públicas parada e recompor o papel do BNDES e da Caixa, idem. Mas não é suficiente.

    O Brasil deve nacionalizar alguns conceitos consagrados por atlantistas. Por exemplo, os conceitos de sustentabilidade, “crescimento verde” e essa máquina reacionária de créditos de carbono. Nossa inteligência nacional deve rever esses conceitos à luz nas necessidades nacionais e materiais de nosso povo. Nesse aspecto, devemos observar com preocupação a crescente força que organizações como a @OpenSocietyBR e outras tem exercido sobre o pensamento dito “progressista” e os danos que nos tem causado, incluindo uma participação no governo muito maior do que muitos partidos. Temos de parar de naturalizar os financiamentos deste tipo de organização a intelectuais de esquerda. À @OpenSocietyBR só interessa “regime change” e nada mais. São obstáculos a um consenso pela esquerda da necessidade de nossa reindustrialização.

    Na política a desbolsonarização passa pela redução drástica do poder do agronegócio. Não precisa chegar a Marx para saber a fórmula. Não precisamos destruir nossa grande produção. A dica de David Ricardo é clara: Indústria.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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