Descoberta Inusitada: A Boneca Trans que Surpreendeu uma Família
"A boneca não era erro de fabricação, mas representação da realidade: uma boneca trans/intersexo"
Em uma história que mistura surpresa, perplexidade e até um toque de humor, uma família se deparou com uma boneca que desafiou as expectativas tradicionais. A protagonista dessa história é uma boneca que, ao ser presenteada a uma bebê de quatro meses, revelou uma característica inusitada: ela tinha genitália masculina.
“Do mundo inteiro, eu nunca vi uma boneca trans à venda, mas o melhor é a narrativa”, disse Sussekind quando me contou e repetiu a fala da avó: “Quando foram tirar as calças da boneca, uma surpresa foi revelada: a boneca tinha ‘piru’.” A avó da criança, que comprou a boneca, não esperava encontrar essa peculiaridade. A família entrou em pânico momentâneo, mas logo percebeu que essa descoberta era uma oportunidade para uma conversa importante sobre diversidade e aceitação.
Afinal, a boneca não era erro de fabricação, mas representação da realidade: uma boneca trans/intersexo. A avó, aliviada por ter dado a boneca à neta, brincou: “Ainda bem que eu dei essa boneca para minha neta. Se eu tivesse dado a uma pessoa desconhecida, o que iriam pensar?” A outra avó, que contou a história para Sussekind, ressaltou a importância de abordar temas como identidade de gênero desde cedo, mesmo através de brinquedos.
Essa história merece destaque nas redes sociais, com muitos compartilhando a experiência da família como uma lição valiosa sobre aceitação e respeito. Afinal, a boneca intersexo não é apenas um objeto, mas uma oportunidade para promover a compreensão e a empatia. A fabricante da boneca ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso, mas a avó já está em busca de uma versão masculina da boneca para completar o conjunto. “Será que tem? Eu vou atrás disso”, disse ela, determinada.
No Natal de 2017 o Correio Braziliense noticiou que bonecas distribuídas pelo Governo de Goiás geraram debates e reclamações nas redes sociais. Essas bonecas, entregues em várias cidades do estado, apresentam roupas femininas, mas possuem órgão genital masculino. A situação levou vereadores do município de Jataí (GO) a enviarem um ofício à Prefeitura solicitando a proibição da distribuição dessas bonecas. A polêmica em torno da boneca com pênis dividiu opiniões, com alguns pais criticando a medida e outros defendendo-a como uma oportunidade de ensinar sobre diversidade. Aliás o pajubá, língua usada por travestis, explica que “neca” significa a genitália masculina, assim a parte importante no jogo cênico da rua seria a “neca” e não a BO-neca! Assim que vê mais “neca” que boneca, certamente possui cognitivos para tal compreensão o que me parece não fazer parte direta do jogo infantil, ainda sob scripts de gênero.
O fato é que as bonecas cuja genitália aparenta ser masculina trazem três possibilidades: alguém trocou as roupas das bonecas que teriam versões masculina e feminina, segundo: o mundo é trans e eu sempre estive certa, ou ainda, de fato, os maquinários utilizam bombas de inserção de ar quente que tornam o plástico flexível durante a produção dessas peças. Os encaixes por vezes ficam em lugares não visíveis, e o fato de serem diferentes do usual ou até maiores não significa exatamente ser o que a mente humana enxerga! A pergunta central não é sobre a boneca de “neca”, as perguntas que ecoam são: o que em uma boneca captura a sua atenção? E, por que essa “troca” afetaria crianças?
Procurada a empresa Cotiplas* que nos atendeu gentilmente respondeu não ser de sua produção o referido produto e que a partir de moldes específicos tudo pode ser criado, em se tratando de plástico, mas que para a empresa a produção age sem qualquer preconceito e sempre zelando pelo respeito a todos, sobretudo às crianças.
Em tempos de fake news e polarização, essa história nos lembra que a diversidade está presente em todos os aspectos da vida, inclusive nos brinquedos que escolhemos para nossas crianças. A boneca trans ou intersexo é um lembrete de que a singularidade é algo a ser celebrado, e que todos têm seu lugar no mundo, independentemente das expectativas pré-concebidas.
Nota do Editor: A identidade da família e da bebê foram preservadas para respeitar sua privacidade. Obrigada a professora Maria Luiza Sussekind por compartilhar esse relato de amor e aprendizagem coletiva!
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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