Deus, a Damares e as crianças
A relação da Senadora com a infância e a adolescência soa muito mais como uma fixação fascista, do que como um ato de proteção
A senadora Damares Alves, a princesa do Marajó, está de volta aos holofotes e promete que a sua nova versão será terrivelmente pior do que a anterior. A tia Lídia do nosso Conto da Aia particular, promete que o senado será a casa das crianças e que irá providenciar instalação de fraldários e solicitar a compra de brinquedos para todos os gabinetes. O senador Eduardo Girão ficou entusiasmado com a ideia, e não vê a hora de levar as crianças para brincar com o seu mimoso bonequinho de feto. O nome da brincadeira: Aborto 1, 2, 3. Ele também ficará responsável pelo teatrinho das crianças, que irão assistir à peça “O feto falante”, um clássico do teatro experimental espírita.
Os Senadores, segundo a Frozen evangélica do cerrado, terão que trocar fraldas, cantar músicas infantis e contar histórias para os novos pequenos hóspedes da casa legislativa. O senador Magno Malta já se prontificou a contar a história do cobrador de ônibus acusado injustamente de pedofilia, e que teve a sua vida destruída por alguém que possivelmente estava bêbado quando fez a acusação. Moral da história para as crianças: Se beber, não se candidate ao Senado. Sérgio Moro também poderia contar a história do marreco que se passou por juiz para condenar à prisão a Lula gigante, o maior líder político do seu país, e permitir que um jumento forasteiro ganhasse as eleições. Nem a “Revolução dos Bichos” foi tão longe.
E se tem criança, tem que ter doces. A distribuição de chocolates deve ficar por conta do senador Flávio Bolsonaro, que é dono de uma fantástica e rentável fábrica da “serotonínica” guloseima, e que também prometeu distribuir laranjas como fonte de vitamina C para os anjinhos. "É o que mais tem no meu gabinete", disse ele. Damares parece estar mais destrambelhada, digo, empolgada do que nunca com a ideia de promover uma espécie de ocupação infantil no Senado Federal. Para a sua sorte, aquele senhor que costuma sentir um clima com garotas de 13 e 14 anos, já deve estar preso quando as sessões do Senado virarem matinês. Ufa! Que alívio!
No entanto, todo cuidado é pouco. É possível que pinte um clima quando algum conservador mais distraído e menos zeloso de seu compromisso com a família e os bons costumes, se deparar com meninos vestidos de príncipes e meninas bonitas vestidas de princesa circulando inocentemente pelo Congresso. Tem um deputado federal de Goiás que, por coincidência, é do mesmo partido da senadora, que foi alvo de uma operação policial por ter mantido relações sexuais com um menino de 13 anos, segundo relatos da família do adolescente. Mas ainda bem que nossa tia Lídia é terrivelmente evangélica e conservadora, e jamais permitirá que abusos como este aconteçam na creche do Senado Federal. Em Damares podemos confiar. Ou não?
O fato é que essa relação da Senadora com a infância e a adolescência soa muito mais como uma fixação fascista, do que como uma ato de proteção institucional. Recrutar adolescentes e jovens para o seu projeto de poder, não é novidade no fascismo. A juventude hitlerista é um exemplo. A minha preocupação é com o fato de Damares estar tornando ainda mais precoce essa cooptação. Sobretudo, por estarmos falando de alguém que ainda não conseguiu provar a história de que crianças tinham seus dentinhos arrancados para darem mais prazer no sexo oral aos traficantes de bebês da Ilha de Marajó. Algo sórdido e monstruoso, tanto se for verídico, como se fosse inventado por alguém, e que precisa ser esclarecido. Quem sabe Jesus da goiabeira possa nos revelar algo a respeito? Oremos!
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