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    Sara York

    Sara Wagner York ou Sara Wagner Pimenta Gonçalves Junior é graduada em Letras - Inglês (UNESA), Pedagogia (UERJ) e Vernáculas (UNESA), especialista em Gênero e Sexualidades (IMS/CLAM/UERJ), mestre em educação (UERJ) e doutoranda em Formação de Professoras/es (UERJ), pai, avó, pesquisadora e professora, a travesti da/na Educação.cialista em Gênero e Sexualidades (IMS/CLAM/UERJ), mestre em educação (UERJ) e doutoranda em Formação de Professoras/es (UERJ), pai, avó, pesquisadora e professora, a travesti da/na Educação. Jornalista SRD/6474794/2024

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    Dia Internacional da Memória Transgênero

    "A história revela exemplos de pessoas que desafiavam as normas de gênero", escreve Sara York

    Marcha Trans em São Paulo (Foto: REUTERS/Carla Carniel)

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    No dia 20 de novembro, o mundo relembra e homenageia as vidas de pessoas transgênero, não-binárias e de gênero não-conforme que foram vítimas da violência transfóbica. Este Dia Internacional da Memória Transgênero nos convida a refletir não apenas sobre os desafios enfrentados, mas também sobre a força, a resiliência e as contribuições históricas dessas pessoas. É uma data de luta e de lembrança, buscando conscientizar e promover a empatia e a compreensão. 

    Historicamente, diversas culturas e religiões reconheceram e acolheram pessoas de identidades de gênero diversas, mostrando que o respeito à pluralidade de gênero está longe de ser um fenômeno recente. Em muitos contextos, essas pessoas eram integradas e até reverenciadas, exercendo papéis espirituais, culturais e sociais de grande relevância. Esse olhar respeitoso é um ponto que contrasta com a discriminação e violência modernas e que inspira diálogos para fortalecer os direitos e a dignidade da comunidade trans.

    Figuras Históricas e a Pluralidade de Gênero - A história revela exemplos de pessoas que desafiavam as normas de gênero, mesmo sem os termos e conceitos que conhecemos hoje. Alguns desses indivíduos são interpretados como possivelmente trans ou de gêneros diversos, cada um inserido em contextos sociais e culturais específicos. O Imperador romano Elegábalo (204-222 d.C.), por exemplo, desafiava as normas de gênero e chegou a expressar o desejo de modificar seu corpo, sendo frequentemente citado como uma figura não-binária na história. Outro exemplo é We’wha, uma pessoa Zuni dos EUA do século XIX que assumia papéis de gênero mistos na cultura Zuni, desempenhando importantes funções espirituais e políticas.

    Na França do século XVIII, o diplomata e espião Chevalier d’Éon viveu como homem e mulher em diferentes momentos de sua vida, sendo uma das primeiras figuras europeias a expressar identidade de gênero fluida. E no século XX, figuras como Lili Elbe e Alan L. Hart deram visibilidade às questões de afirmação de gênero, com Elbe sendo uma das primeiras pessoas trans a buscar cirurgia de redesignação sexual e Hart, um médico trans, contribuindo significativamente para a saúde pública.

    Inclusão Religiosa: Resgate de Identidades e Respeito ao Gênero - Além das figuras históricas, muitas tradições religiosas e culturais reconheceram identidades de gênero além do binário. Os Two-Spirit das culturas indígenas norte-americanas desempenhavam papéis espirituais sagrados e eram respeitados por seu papel que integrava o masculino e o feminino. Na Índia, as hijras são vistas como figuras espirituais e abençoadoras, integrando a sociedade com um reconhecimento cultural que data de milênios. Essas culturas exemplificam a coexistência e respeito à diversidade de gênero, onde as diferenças são integradas ao coletivo. Assim como as próprias travestis que se tornam conhecidas na América Latina a partir do segundo século e em razão da popularização da palavra na Itália. 

    O Resgate e a Luta pela Memória e Dignidade - Apesar de avanços e exemplos históricos de inclusão, a violência contra pessoas trans persiste em muitos países. O Dia da Memória Transgênero destaca a importância de resgatar o respeito por essas identidades, fortalecendo a conscientização sobre a dignidade e segurança dessa comunidade. 

    Este dia se torna, portanto, um chamado para que sociedades contemporâneas aprendam com as tradições de respeito e aceitação de gênero fluido e plural e, sobretudo, busquem políticas e práticas que garantam uma vida digna para todos.

    E você, quantas pessoas trans estarão na sua lista de cumprimentos hoje?

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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