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    Rubens José da Silva

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    Dilma acordou e resolveu lutar

    Reaparece a Dilma invocada que conhecemos na reta final das eleições, quando abandonou a moderação e partiu para o confronto. A presidente demorou demais a enxergar que o golpe do impeachment não era uma brincadeira de derrotados

    A presidente Dilma Rousseff preside a cerimônia de Lançamento do Ano Olímpico do Turismo (Antonio Cruz/Agência Brasil) (Foto: Rubens José da Silva)

    Logo após Dilma ser reeleita numa disputa muito acirrada em que, na reta final, se despiu sem a menor cerimônia para mostrar sua verve guerrilheira, inexplicavelmente trancou-se no Planalto e dali, acuada pelos ataques sistemáticos contra seu governo, passou a assistir paralisada seus detratores a conduzirem para o cadafalso.    

    Bastou que as urnas sacramentassem a quarta derrota seguida para que a oposição lançasse, no exato instante seguinte, a campanha pelo impeachment. Abraçados à grande mídia, que há um ano mantém o fogo aceso, conseguiram engrossar bastante o caldo.

    A excitação de seus integrantes pela trama contrastava com a apatia da presidente na defesa de seu governo e da democracia.

    Porém, subitamente, Dilma resolve arregaçar as mangas e lutar. A Dilma bolada parece que voltou.

    Reaparece a Dilma invocada que conhecemos na reta final das eleições, quando abandonou a moderação e partiu para o confronto.

    Se não foi um sucesso nos debates, pelo menos reverteu um jogo que parecia perdido. E pelo visto, é essa Dilma que voltou para encarar aqueles que querem derrubá-la.

    Também não era pra menos. Percebeu, e já bem tarde, que a chance de continuar ocupando a cadeira para a qual foi eleita dependia de sua capacidade nesse enfrentamento direto.

    Mesmo com o apoio de setores da sociedade na defesa da ordem democrática e, consequentemente, no cumprimento do seu mandato, muitos simpatizantes da presidente jogaram a toalha.  

    Parecia o fim da linha para a presidente. Mas Dilma sabe lidar com situações-limite, mesmo sob forte pressão consegue manter a serenidade e tem um histórico de dar a volta por cima quando as coisas ficam difíceis.

    Reanimada, a presidente retomou seu espírito de luta e passou a usar suas armas para enfrentar os adversários que sempre impuseram um jogo pesado e que, acintosamente, resolveram trocar as urnas pelo tapetão.

    O forte discurso no Congresso da CUT marcou o início do retorno daquela Dilma que conhecemos nas eleições, sem medo do combate. Daí veio seu melhor contra-ataque aos golpistas: “os moralistas sem moral”.

    A Dilma titubeante deu lugar a uma presidente que passou a ter iniciativa. Os discursos desconexos e broxantes de antes não se transformaram em empolgantes – a fala será sempre falha -, mas se tornaram incisivos.

    Dilma demorou demais a enxergar que o golpe do impeachment não era uma brincadeira de derrotados. Pela sua larga trajetória política e por ter sofrido na própria carne a crueldade de uma ditadura assassina, sabia que governos de cunhos social e popular sempre foram desestabilizados por forças reacionárias poderosas.

    Falhou feio em acreditar que temos uma democracia institucional sólida. Ora, um país que ainda hoje se pergunta se é uma República de bananas não pode se considerar imune aos atropelos golpistas.

    Caso Dilma consiga encerrar o ano de 2015 enterrando de vez o fantasma do impeachment terá chances de, enfim, iniciar seu segundo mandato. Mas que tenha a certeza que terá ganho apenas uma batalha. A guerra seguirá seu curso.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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