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    Juca Simonard

    Jornalista, tradutor e professor de francês. Trabalhou como redator e editor do Diário Causa Operária entre 2018 e 2019. Auxiliar na edição de revistas, panfletos e jornais impressos do PCO, e também do jornal A Luta Contra o Golpe (tabloide unificado dos comitês pela liberdade de Lula e pelo Fora Bolsonaro).

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    Direita “democrática” quer um Bolsonaro mais agressivo contra o povo

    Se por um lado o golpismo tradicional quer um bolsonarismo menos agressivo contra a imprensa burguesa e as instituições, por outro quer um Bolsonaro mais agressivo contra os trabalhadores

    (Foto: Reuters | PR)

    Por Juca Simonard

    É marcante o fato de que a direita tradicional está pressionando o governo de Jair Bolsonaro para que adote com mais agressividade e determinação as “reformas” golpistas. Na imprensa, Bolsonaro é criticado por não estar conseguindo ser efetivo na aprovação de determinadas medidas neoliberais e por estar tentando ultrapassar timidamente o teto de gastos sociais estabelecido durante o governo Michel Temer.

    Setores do PSDB criticam a dificuldade que o governo, principalmente o ministro da Economia, Paulo Guedes, está tendo para levar adiante o processo de privatização massiva. Os tucanos se glorificam nas redes sociais da capacidade do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) em privatizar mais de 50 empresas durante seus mandatos.

    A Folha de S. Paulo, que quer se pintar de defensora da democracia - apesar de seu passado profundamente alinhado com os torturadores da ditadura militar brasileira -, segue a linha política dos jornais mais conservadores e pressiona o governo para ser mais “eficiente” em manter o teto dos gastos e realizar as reformas exigidas pelos capitalistas, principalmente do setor financeiro.

    Assim, os “democratas” da direita, com os quais a esquerda deveria se unir em torno de uma frente ampla contra Bolsonaro, são, na realidade, as parcelas mais agressivas da burguesia contra os trabalhadores. Nada há de democrático neles; são responsáveis pelo golpe contra Dilma Rousseff e Lula e pelo impulsionamento e financiamento da extrema-direita bolsonarista - que serviu e serve enquanto cachorro louco para atacar as organizações de esquerda, os sindicatos, os movimentos sociais e assim por diante.

    Isso não é de agora, entretanto. Todos sabem que o governo Temer era comandado pelo PSDB. Ademais, no golpe, fascistas e “democratas” se uniram para derrubar o governo eleito do PT e para aprovar medidas como a privatização da água. Para os “democratas” da direita, o fascismo bolsonarista é uma melhor opção do que qualquer tipo de organização com vínculos com os trabalhadores.

    Cada vez mais, a frente ampla se mostra uma fraude. A direita foi responsável pelas “reformas” trabalhista e previdenciária, pelo aumento da terceirização e pelo teto de gastos que congela os investimentos da União em políticas sociais. Se por um lado esse golpismo tradicional quer um bolsonarismo menos agressivo contra a imprensa burguesa e as instituições capitalistas do Estado, por outro quer um Bolsonaro mais agressivo e efetivo nos ataques aos trabalhadores - e para isso preparam a espoliação do servidor público, que preferiram chamar de Reforma Administrativa. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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