Doria vende a sede do Sindicato dos Metroviários para enfraquecer luta sindical
Doria não dialoga com os trabalhadores do setor público, promove o arrocho salarial, vende o patrimônio do Estado, fecha empresas públicas sem prever e fazer qualquer estudo sobre os impactos
Em 1986, a Companhia do Metrô de São Paulo cedeu uma área, na Avenida Radial Leste, para que o Sindicato dos Metroviários construísse a sua sede, que foi inaugurada em 1991. Era o governo de Franco Montoro, o primeiro governo estadual eleito diretamente ainda no período da ditadura militar, mas que trazia consigo o desejo da ampla redemocratização do país.
Montoro realizou um governo que traduzia aquele novo tempo e, apesar de ter enfrentado inúmeros movimentos e greves da categoria metroviária, sempre teve um diálogo bastante amplo e aberto com o movimento sindical. Interlocução que foi essencial para garantir os direitos e as conquistas dos trabalhadores no Estado de São Paulo. Alguns anos mais tarde, Montoro rompeu com o PMDB e foi um dos fundadores do PSDB.
Mais de 35 anos se passaram e o PSDB continua governando São Paulo. Mas agora com um novo comandante, João Doria. Um governador que foi eleito na carona do bolsonarismo e que, mesmo tendo rompido, continua mantendo os mesmos objetivos que levaram a elite patronal brasileira a apoiar o presidente da república: a destruição de direitos dos trabalhadores, as restrições à atuação dos sindicatos, a redução de políticas públicas para os mais pobres e o desmonte do Estado.
Doria não dialoga com os trabalhadores do setor público, promove o arrocho salarial, vende o patrimônio do Estado, fecha empresas públicas sem prever e fazer qualquer estudo sobre os impactos. Por pouco não fechou até o Instituto Butantan. Agora, tem a cara de pau de festejar o excelente trabalho desenvolvido pelo órgão.
Doria não valoriza os trabalhadores, por isso não entende que a sede dos metroviários não é um edifício que serve para que alguém tenha lucro ou renda. Tem função social e de lazer. É um local para prática de esportes e atividades culturais não apenas da categoria, mas de muitas organizações populares da cidade de São Paulo.
A Companhia do Metrô de São Paulo, sob o comando de João Doria, quer despejar o Sindicato. Promoveu um leilão em que uma dessas construtoras que estão construindo esses edifícios de 40 andares comprou o terreno por um valor abaixo do valor de mercado. Obviamente, vai construir mais um desses monstros. E o valor arrecadado pelo Metrô é pífio perante seus custos de operação e investimentos, sempre na casa dos bilhões de reais.
Os trabalhadores metroviários vão perder seu local de reunião para a especulação imobiliária que tem o governador como aliado. O mesmo que quer por abaixo o Ginásio do Ibirapuera para entregar o terreno para a construção de um shopping center. Um governador do mesmo partido de Franco Montoro, mas que jamais terá a mesma estatura política de um democrata que enfrentou a ditadura ao lado dos trabalhadores.
Os tempos são outros. A elite brasileira está mais voraz. Aumenta cada vez mais seus rendimentos e empobrece cada vez mais o país e a maioria do povo. João Doria é parte desse capitalismo selvagem. Seu discurso contra o negacionismo de Bolsonaro engana pouca gente.
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