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    Cesar Calejon

    Jornalista, mestre em Mudança Social e Participação Política pela USP com especialização (MBA) em Relações Internacionais pela FGV. Autor dos livros A ascensão do bolsonarismo no Brasil do Século XXI, Tempestade Perfeita: o bolsonarismo e a sindemia covid-19 no Brasil e Sobre Perdas e Danos: negacionismo, lawfare e neofascismo no Brasil

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    É hora de atacar o cerne do bolsonarismo com força total

    A partir desta terça-feira (16), a campanha de Lula poderá desmontar as falácias do bolsonarismo em rede nacional, além de abordar o mau-caratismo de Bolsonaro

    Lula e Jair Bolsonaro (Foto: Alessandro Dantas | Leonardo Sá/Agência Senado | Clauber Cleber Caetano/PR)

    Por Cesar Calejon, para o 247

    O bolsonarismo ascendeu e se manteve no poder com base em cinco pilares centrais: o antipetismo, o antissistema, novas ferramentas e estratégias de comunicação, o elitismo histórico-cultural e o dogma religioso. Destes, apenas os dos dois últimos ainda oferecem alguma condição de sobrevida ao bolsonarismo. 

    O antipetismo, apesar de, em alguma medida, ainda existir, é hoje muito menos intenso do que era em 2018. A narrativa de antissistema esvaiu-se completamente, considerando que Bolsonaro caiu no colo do centrão, efetivamente, e rifou a Presidência da República às alas mais fisiológicas e entreguistas da política institucional brasileira. As novas ferramentas e estratégias de comunicação, enfim, já não são assim tão novas e, portanto, não oferecem o mesmo efeito que exerceram há quatro anos. 

    Restou ao bolsonarismo o elitismo histórico-cultural e o dogma religioso. Na prática, isso significa que Bolsonaro e sua campanha deverão apelar cada vez mais ao populismo barato e abordagem virulenta que lhes são peculiares por meio da misoginia, da homofobia, do racismo (religioso, principalmente) e de outras narrativas que se afinam com essas duas ideologias. Com o início da propaganda eleitoral gratuita, é hora de atacar os últimos pilares do bolsonarismo frontalmente e com força total. 

    A campanha de Lula tem o maior tempo de televisão. Com uma chapa de 141 parlamentares que conta com o apoio de dez partidos: PT, PSB, Psol, PV, PCdoB, PROS, Solidariedade, Rede, Agir e Avante, o ex-presidente chega ao momento derradeiro do pleito eleitoral com uma vantagem muito significativa, em todos os sentidos.

    Bolsonaro, a despeito de usar a máquina pública de todas as maneiras possíveis, reuniu quarenta deputados a menos ao redor da sua candidatura e apenas três partidos: PL, PP e Republicanos. 

    Assim, a partir desta terça-feira, a campanha de Lula poderá desmontar as falácias do bolsonarismo em rede nacional, além de abordar o mau-caratismo de Jair Bolsonaro (corrupção etc.) e a tragédia que o seu governo trouxe para o Brasil, com crises de todas as ordens e quase 700 mil mortes por conta da inépcia do governo.

    O material, em termos de declarações nefastas, é vasto como em nenhuma outra ocasião de disputa presidencial. Bolsonaro disse que preferiria ver o próprio filho morto caso ele fosse gay, agrediu as mulheres ao afirmar que a sua filha foi o resultado de uma fraquejada e utilizou a arrobas para falar de quilombolas. Além disso, disse que não gera emprego, que “a vacina contra a covid-19 dá Aids” e que “o erro da ditadura foi torturar e não matar”.

    Ao fazer a lição de casa de forma cuidadosa, utilizando elementos simples e compreensíveis para demonstrar como o bolsonarismo quebrou o Brasil aliados a essas declarações, a campanha de Lula tem condições de enterrar, definitivamente, o movimento sociopolítico mais nefasto e deletério que já governou Brasil.

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    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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