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    Maria Luiza Franco Busse

    Jornalista há 47 anos e Semiologa. Professora Universitária aposentada. Graduada em História, Mestre e Doutora em Semiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com dissertação sobre texto jornalístico e tese sobre a China. Pós-doutora em Comunicação e Cultura, também pela UFRJ,com trabalho sobre comunicação e política na China

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    É logo ali

    Brasil-China, China-Brasil, ficam logo ali

    Brasil China (Foto: Xinhua)

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    Neste setembro de muitas celebrações, a China concedeu a mais alta honraria da Republica Popular a uma personalidade brasileira. A Medalha da Amizade foi entregue a Dilma Rousseff, atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, mais conhecido como Banco dos BRICS+. O gesto é reconhecimento às ações que a homenageada promoveu em favor das relações culturais, sociais e econômicas entre China e Brasil quando era presidente do Brasil, e segue trabalhando pelo fortalecimento dos laços entre os dois países que completam 50 anos de restabelecimento das relações diplomáticas.

    Dilma é o primeiro representante do Brasil e do Sul Global a ser agraciada. A Medalha da Amizade foi instituída pelo governo chinês em 2018 e até agora só foi concedida a onze personagens que tiveram para com a China o elevado e nobre sentimento da amizade. Para o país do taoismo e do confucionismo a Amizade é virtude seminal da cultura do povo e ignorar esse traço muitas vezes é fator de dificuldade no diálogo entre as tradições do Ocidente e da China.

    O presidente Vladimir Putin, da Russia, inaugurou em 2018 a lista dos nomes fraternos. Em 2019 seguiram-se os então mandatários Kassym-Jomart Tokayev, presidente do Casaquistão, Miguel Díaz-Canel, presidente de Cuba, Maha Chakri Sirindhorn, princesa da Tailândia e mãe do atual governante, Augustine Mahiga, ministro das Relações Exteriores da Tanzania. Da França, país da Fraternidade consignada na criação da república moderna, o contemplado foi Jean Pierre Raffarin, político francês que veio a ocupar o cargo de Primeiro Ministro de 2002 a 2005. Na China, a comenda foi dada a Isabel Crook, a antropóloga de pais canadenses que nasceu na China, última sobrevivente da geração que se juntou à revolução de 1949 e ajudou a construir a Nova China. Isabel tinha 104 anos quando recebeu a medalha das mãos do presidente Xi Jinping. “Estou feliz por ter feito o que fiz”, disse ela. Isabel morreu em 2023, aos 107 anos. Na lista das mulheres daquele ano, também foi contemplada a escritora russa Galina Kulikova. A entrega das Medalhas fez parte das comemorações pelos 70 anos da República Popular da China.

    Em 2020, foi premiada Norodom Pongsoriya, princesa do Camboja. Em 2022, foi a vez do ex-secretário-geral do Partido Comunista do Vietnã, Nguyen Phé Tong, e ainda neste ano de 2024, além de Dilma, a Medalha da Amizade foi dada ao presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari.

    Às vésperas do mês de outubro em que o Partido Comunista Chines completa 75 anos, as festas chinesas ganham mais brilho e alegria. Na China e fora dela. O Festival do Meio do Outono, ou Festival da Lua, que marca o fim da colheita e as famílias se reúnem para confraternizar e agradecer a abundância sob o luar mais cheio e brilhante, é um dos acontecimentos que no Brasil foi festejado em todas as câmaras, associações e comunidades chinesas espalhadas pelos estados. No Rio, a Câmara de Intercâmbio Cultural Brasil-China realizou o Festival da Lua em torno da mesa farta, apresentações de música, dança, e da fraternidade. O cônsul-geral interino Wang Haitao saudou a data e os antigos e novos amigos: “Sob a lua cheia, celebramos juntos a prosperidade da nação e a felicidade familiar(...). ... “agradeço pela atenção e apoio à causa da amizade China-Brasil”. (...) “No seio da cultura tradicional chinesa, o Festival do Meio do Outono tem significado especial, carregado de romantismo. Ele encapsula os bons desejos do povo chinês por laços familiares, saudade da terra natal e a aspiração à reunião. Além disso, reflete nossa sincera expectativa de paz e harmonia no mundo”.

    O Brasil ainda não aderiu à Rota comercial da Seda, mas figura no cinturão cultural do Sul Global, fundamento importante para consolidar o espaço geopolítico multipolar sem centro e periferia.

    Embora cerca de 20 mil quilômetros separem o Brasil da China, o governo chinês tem abreviado a distância com políticas de incentivo à aproximação. O Brasil está entre os 54 países com isenção de visto por 144 horas em 37 cidades chinesas, como Pequim, Xangai, Guangzhou e Shenzhen.Basta ter o passaporte em dia e passagem aérea dentro do prazo. Além disso, introduziu o visto de múltiplas entradas por 10 anos. Outra facilidade, é o pagamento com cartão de crédito internacional para todo tipo de compra e serviço. As plataformas locais Alipay e WeChat Pay estão disponíveis para uso dos visitantes estrangeiros. A companhia Air China voltou a ter voos São Paulo-Pequim com saídas às segundas e sextas, e Pequim-São Paulo, às quintas e domingos.

    Assim Brasil-China, China-Brasil, ficam logo ali.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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