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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Eduardo Paes ignorou que em política, amigo aborrecido é campo minado

No Rio, política não é para amador

Eduardo Paes (Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil)

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O prefeito Eduardo Paes (PSD), não quis dividir a chapa montada para disputar a reeleição, como PT. Deixou isto claro, pois tem planos para o ano de 2026. Vai deixar o cargo para concorrer ao governo. Ele nega. Negou em entrevista para o jornalão, jurando amor eterno para com os eleitores do Rio que nele depositarão confiança e novamente a chave do município. Acredita quem quiser. Não é esse o cenário que se avizinha no horizonte das eleições majoritárias. Até lá, ele acredita que de posse do caminhão de intenção de votos que a ele estão prometidos, poderá, sim, arvorar-se ao cargo de governador do Estado do Rio de Janeiro. E, para isso, vai deixar na cadeira de prefeito, tomando conta do seu ex-lugar, um jovem de experimentada eficiência técnica, mas verdinho na política em uma das cidades mais manhosas nesse particular.

No Rio, política não é para amador. O buraco costuma ser tão embaixo que pode parar a sete palmos –, vide o caso de Marielle Franco. Não apenas a cidade está dominada por grupos de milicianos. Também o estado já sente as ramificações nefastas dessa mistura explosiva: milícia, tráfico, política e, em algumas áreas, neopentecostalismo. Ou, como em Nilópolis, onde a tradição do bicho espanta a concorrência dos que são de fora das famílias Sessim e Abraão.

Ainda assim, Eduardo Paes, de posse de altos níveis de aceitação nas pesquisas e no meio empresarial, pode se dar ao luxo de escolher apenas entre os seus. E, mesmo entre os seus, desagradar os que sempre andaram ao seu lado, como é o caso do correligionário Pedro Paulo (PSD).

De nada adiantou o deputado se desgastar, vir a público se antecipar a um vídeo pirata, expondo a sua intimidade e a da relação com sua mulher, a influencer Tati Infante, para assegurar a vaga de vice. Paes simplesmente tinha bons nomes à sua volta para escolher – tanto os do PT como os do seu partido - e, na cesta dos qualificados escolheu Eduardo Cavaliere, um jovem que topa ser conduzido por ele pelos caminhos da política carioca, bem ao estilo do que dele contam: Eduardo Paes gosta de influir, ser ouvido e obedecido. Pedro Paulo já estava cascudo demais, com voo próprio. Assim, pouco contaram os mais de 30 anos de fidelidade ao amigo de fé, irmão camarada. Paes se decidiu pela jovialidade do seu mais recente quadro e amigo.

O resultado foi uma grande mágoa já revelada, por parte de Pedro Paulo, que prometeu não participar da campanha. Vai guardar essa mágoa no congelador, para descongelá-la em 2026, quando Paes, sim, se desincompatibilizar para disputar o governo.

A política, como as nuvens, muda rapidamente. Basta um vento. Agora, Paes navega em águas calmas. Em 2026, quando enfrentar peixes graúdos, Pedro Paulo pode fazer marola, atrapalhando os seus planos. O rapaz está, deveras, aborrecido. E nada como um amigo político chateado... O que fará com tantas histórias que testemunhou?

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