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    Alex Solnik

    Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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    Eles ainda estão aqui

    Ex-chefe do DOI-CODI, ainda vivo, virou marechal

    Filme Ainda Estou Aqui (Foto: Divulgação)

    O filme de Walter Salles baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva é o acontecimento do ano, por ser não somente um feito artístico, mas um fato político que traz de novo ao debate público as consequências nefastas da impunidade de golpistas e torturadores.

       Dos cinco acusados pelo assassinato e ocultação do cadáver do pai de Marcelo Rubens Paiva, após investigações da Comissão da Verdade, apenas dois continuam vivos.

       O então major José Antônio Nogueira Belham era o chefe do DOI-CODI do Rio de Janeiro, em 1971, local e data do assassinato do deputado Rubens Paiva. Seu passado infame não impediu suas promoções no Exército. Mais de cinquenta anos depois e 26 medalhas, seu soldo é equivalente ao de marechal - R$36 mil por mês.

       O outro torturador sobrevivente, apontado por testemunhas no envolvimento da ocultação do cadáver do deputado, quando era sargento, foi promovido a major, com soldo de R$23 mil mensais.

        O terceiro torturador, Antônio Fernando Hughes, recebeu do Alto Comando do Exército a Medalha do Pacificador, cinco meses depois do assassinato do deputado, tal como os demais assassinos de presos políticos sob custódia do estado.

        A impunidade de golpistas e torturadores ao longo da nossa história, deu carta branca para o então deputado Jair Bolsonaro homenagear, ao vivo, em rede nacional de TV, o maior torturador de todos, o infame coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, em 2016, mais de 30 anos depois do fim da ditadura.

       Ele tinha certeza que não seria punido pela infâmia, e não foi.

       Por isso, seguiu em frente.

        Por isso, o projeto prioritário de seu mandato foi preparar o Brasil para uma nova ditadura militar. Não há ditadura civil. Se os golpistas anteriores não foram punidos, por que ele seria? Se os anteriores foram promovidos e premiados, por que seus militares também não seriam?

        Também por isso, Bolsonaro se sente à vontade para exigir que a história se repita. 

       Para seu azar, tudo indica que, desta vez, a história será outra.

       Embora os criminosos do passado ainda estejam aqui. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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