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    Ana Maria Baldo

    Professora da Rede Pública, Mestranda em Educação pela UERGS

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    Eles também conseguem

    Esta é a nossa tarefa enquanto esquerda brasileira. Se eles têm as Fakenews, nós temos a verdade

    Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino | Reprodução)

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    Esta coluna de hoje é um pouco diferente das demais colunas que costumo escrever para o 247.  

    Hoje eu não vou falar de educação e nem de conjuntura nacional – de certo modo sim, afinal tudo é conjuntura, tudo está interligado e relacionado, mas nesse caso não abordarei um evento específico.  

    Hoje eu vou falar sobre uma coisa que tenho observado nos últimos tempos, principalmente nas redes sociais: a falta de conhecimento e de inteligência básica, e a falta de noção (respeito) da direita brasileira. Algo bem simples, com uma análise bem superficial confesso, de coisas que tenho vivenciado e visto nas minhas redes e nas redes de amigos e amigas e que tarefa isto demanda da gente.  

    Recentemente, vídeos e “memes” satirizando a ida de Bolsonaro à Rússia e seu suposto envolvimento direto na retirada de algumas tropas russas do território ucraniano, circularam em peso nas redes. Obviamente, estes vídeos e “memes” foram construídos e idealizados em tom de ironia e sátira. Nós, percebemos na hora e rimos – o que temos feito muito ultimamente; se não estamos afetando a saúde física e psicológica pelos desgovernos do clã Bolsonaro, estamos chorando pela desgraça que estamos vivendo no nosso país, ou rindo das tentativas toscas deste clã de se mostrar humilde e popular. Mas, isso é um outro assunto para um outro momento. Voltando aos vídeos e “memes”, seu tom de deboche era nítido. Entretanto, observei por parte de grupos bolsonaristas a distribuição dos mesmos com ares de veracidade.  

    Lembrei de um estudo que afirma que compreender ironia e sarcasmo é um dos sinônimos de inteligência. Aí já matei a primeira charada.  

    Recentemente também, li uma postagem de uma amiga que se sentia extremamente estressada com a quantidade de pessoas de direita comentando suas postagens, que possuem, assim como seu perfil, um viés nitidamente de esquerda. E mesmo após serem rebatidas ou rechaçadas, seguiam derramando ódio e ignorância em seus comentários indesejados e intrusos.  

    Lembrei aí que a capacidade de compreender quando se é indesejado em algum espaço ou ambiente, ou de perceber quando você deixa alguém desconfortável em alguma situação, também são pressupostos de quem possui certo nível de inteligência. Conseguir fazer esta análise e chegar a uma conclusão sobre ela demanda algumas sinapses neuronais. Matamos a segunda charada.  

    Tirem suas próprias conclusões; mas, a mim parece que, com farofa ou sem farofa, o forte desta parte da população não é exatamente pensar.  

    Mas a grande charada do momento atual é a luta pela democracia. E é preciso recomeçar a peleia para que consigamos reeducar essa gente. Às vezes desanima, sabemos, mas esse ano precisa ser de paciência, flexibilidade e persuasão. Este ano precisa ser o ano da tolerância – não com o que é intolerável, obviamente -, este ano precisa ser o ano do diálogo e da discussão saudável; da tentativa de instigar o pensamento crítico, este será o ano do convencimento. Afinal temos uma guerra para vencer no segundo semestre deste ano e, pelo nosso bem, esta vitória é imprescindível. Esta é a nossa tarefa enquanto esquerda brasileira. Chegar até onde não estamos conseguindo chegar e recriar sinapses diferentes nestas pessoas. Se eles têm as Fakenews, nós temos a verdade, mas precisamos fazer com que ela chegue ao maior número possível de pessoas.  

    Todos podemos aprender e aprendemos, todos os dias. Eles também conseguem! 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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