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    Elias Jabbour

    Elias Jabbour, é doutor e mestre em Geografia Humana pela FFLCH-USP. É professor dos Programas de Pós-Graduação em Relações Internacionais (PPGRI) e em Ciências Econômicas (PPGCE) da UERJ. É autor de quatro livros e dezenas de artigos acadêmicos e de opinião sobre a China e o socialismo de mercado como uma nova formação econômico-social.

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    O Partido Comunista da China inaugura "a mais avançada engenharia social do mundo"

    Internamente a China organizou um estilo de governo baseado em colocar a vida das pessoas à frente do lucro

    (Foto: Mídia chinesa)

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    Por Elias Jabbour, o Cafezinho

    Passados dez anos do 18º Congresso Nacional do Partido Comunista da  China (PCCh) que levou Xi Jinping ao núcleo da direção do Partido faz-se  necessário um balanço, mesmo que rápido, do que significou esse período  para a história do povo chinês, seus impactos externos e as esperanças  abertas ao mundo com o fortalecimento demonstrado por um grande país  socialista diante de um mundo instável, onde crises econômicas,  ecológicas e uma grande pandemia colocou em teste a capacidade do mundo  em resistir.

    Foi um decênio em que a China inaugurou novas sínteses que guardavam  profundo significado: “ecocivilização”, “povo como centro”, “  prosperidade comum”, “comunidade de futuro compartilhado para a  humanidade”, além de grandes e novo aportes teóricos que elevaram o  Marxismo a um novo patamar na China e no mundo.

    A governança chinesa, neste sentido, consolidou uma forma avançada de  gerenciamento social e político que se coloca à frente do capitalismo  em diversos aspectos. O principal deles esteve expresso durante a  pandemia. Enquanto o ocidente foi devastado pelo vírus com, por exemplo,  um milhão de mortos nos Estados Unidos, a China não somente teve um  sucesso estrondoso no enfrentamento ao vírus mortal.

    O país tem conseguido mostrar ao mundo pelo menos duas faces de sua  governança durante este duro processo. A primeira, ao colocar “o povo  como centro” o Partido Comunista da China colocou a vida humana na  frente da economia. No ocidente, foi o oposto. O individualismo e a  irresponsabilidade de governos foram responsáveis por um verdadeiro  genocídio em certos países ocidentais.

    O ocidente escolheu o lucro em detrimento da vida humana. Os Estados  Unidos tentaram a todo momento não somente montar um grande esquema para  piratear insumos médicos e hospitalares quanto alimentar uma sinofobia  de grandes proporções no país.

    A segunda, os chineses construíram a engenharia social mais avançada  do mundo. Essa engenharia social foi capaz de se utilizar de grandes  avanços tecnológicos, como a plataforma 5G, a inteligência artificial e o  Big Data, para construir um grande aparato institucional que salvou  milhões de vidas no país.

    A construção de uma grande base econômica aliada ao surgimento de  formas superiores de planificação econômica foi fundamental para que o  país em menos de 72 horas demonstrasse capacidade de reação a novos  surtos de Covid-19 no país, mas também o fato impressionante de  construir hospitais com mil leitos em apenas dez dias. Nenhum país  capitalista do mundo foi capaz de demonstrar tal capacidade de plena  resposta ao vírus como a China o fez.

    Durante este período, o conceito lançado por Xi Jinping em Davos no  ano de 2017 da construção de uma “comunidade de futuro compartilhado  para a humanidade” mostrou toda sua força. Dois exemplos são  fundamentais. O primeiro, durante a pandemia a China foi o primeiro país  no mundo a declarar que a vacina se tornaria um bem público mundial e,  após sua descoberta, o país se transformou no maior doador de  imunizantes no mundo.

    Enquanto isso os Estados Unidos e sua política de morte buscou  impedir que países como Venezuela e Irã tivessem acesso à vacina. O  segundo fato é que o lançamento em 2013 da Iniciativa do Cinturão e Rota  marca uma política de ação externa chinesa que não somente se mostra  diferente da “globalização das guerras e das crises financeiras”  organizada pelo chamado ocidente.

    Pela primeira vez em 30 anos o mundo tem diante de si a possibilidade  de escolher entre o tipo de globalização que os Estados Unidos levaram a  países como Iraque e Afeganistão ou a globalização oferecida pela China  marcada por “exportar desenvolvimento econômico” e novas possibilidades  aos povos mais vulneráveis do mundo.

    Internamente a China organizou um estilo de governo baseado em  colocar a vida das pessoas à frente do lucro. Externamente, a China  promove um “mundo de futuro compartilhado” capaz de mostrar ao mundo que  não existe um único modelo de sociedade, a capitalista. São amplas as  possibilidades abertas pela China nos últimos dez anos para o futuro da  espécie humana.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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