Elon Musk e as tentativas contra as democracias
"Dar atenção ao panfleto dos 'Twitter files' é dar mais alcance ao discurso da extrema direita"
O bilionário Elon Musk, dono de vários empreendimentos como a rede social X, ou Twitter, como era o nome inicial, realiza uma verdadeira investida contra a democracia brasileira com uma guerra de narrativas e para nelas. Não existe uma tentativa real de “lutar contra o STF” e seus “desmandos”, como a extrema direita vem colocando, não é nada real.
O Twitter, que ainda me recuso chamar de X, tem seguido todas as ordens judiciais, demonstrando, explicitamente, que a intenção é gerar um debate sem profundidade, assim como o circo que foi montado no Parlamento Europeu vazio para criar uma ilusória denúncia contra o governo brasileiro.
Musk já disse: “Vamos dar golpe em quem quisermos”, deixando bem claro quais as intenções da plataforma sobre a Bolívia, e o novo alvo é o Brasil. Essa fala dialoga com a extrema-direita alemã e australiana. O mimadinho do X está revoltado com a justiça brasileira, mas por quê? Porque a justiça brasileira cumpriu a lei.
Porém, o problema que vejo agora é que o dano à reputação do STF/Governo está feito, a correção da notícia nunca vai ser tão replicada quanto a notícia falsa. Então, o que fica no imaginário é o autoritarismo, o mesmo ocorreu com o jornalista norte-americano Michael Shellenberger que disse que o STF tinha ameaçado as pessoas e depois desmentiu, alegando que “confundiu” dois casos distintos.
Porém, a retratação só aconteceu depois de ser confrontado nas redes sociais pela advogada e secretária de Direitos Digitais do Ministério de Justiça e Segurança Pública, Estela Aranha. Isso é método, é estratégia de “manejo de boiada”.
A dieta de comunicação da direita garante que a informação correta não chegue neles, isso associado ao alto investimento emocional que se construiu em torno da ideologia, impede que qualquer notícia, mesmo que factual, impacte o campo da direita. Por outro lado, enquanto a direita fala em liberdade, a esquerda fala em regulamentação.
Daí não é uma surpresa quando a pesquisa sai de maneira totalmente desfavorável ao nosso campo na discussão, como é o caso da pesquisa da Quaest/Genial, revelando que 68% das menções nas redes foram criticando o STF e apenas 32% culpabilizando o dono da rede social, Elon Musk.
O campo progressista se perde nas discussões, e não entende que dar atenção ao panfleto dos “Twitter files” é dar mais alcance ao discurso deles. A própria compra do Twitter, que perdeu quase 80% do valor de mercado, mostra que essa foi uma compra para dominar a discussão e que estamos muito atrasados nisso. As ações foram extremamente coordenadas entre diversos atores da direita global e ainda não entendemos o jogo que estamos jogando.
Precisamos dominar a narrativa, mostrando que Musk defende criminosos, que ele ajuda que pessoas condenadas coloquem as suas opiniões nas redes sociais. Isso pode mudar o jogo! Temos que expor que ele não quer liberdade, ele quer caos.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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