Elon Musk, Mark Zuckerberg e o controle dos meios de produção da linguagem
"O que está por vir em termos mundiais não é nada democrático", alerta Marcia Tiburi
Elon Musk, famoso bilionário dono do X (ex-Twitter), está em guerra contra a justiça brasileira, ameaçando descumprir suas determinações relacionadas ao uso das redes sociais no período das eleições no Brasil. Como em 2022, depois dos abusos políticos de 2020 e 2018, deve haver um controle mais rígido nas postagens e impulsionamentos para evitar que as Fake News, que se tornaram muito comuns, tomem conta das redes prejudicando as eleições. Se espera de uma democracia que saiba proteger a si mesma e o trauma do golpe e da ascensão fascista nos últimos anos nos mostra isso.
O bilionário não gostou, pois sendo dono de um importante meio de produção da linguagem e, assim, controlador da mente das pessoas, quer aproveitar para eleger seu candidato Donald Trump nos EUA, que usou largamente as Fake News e todo tipo de mentira e desinformação para vencer em 2017. Bolsonaro foi na esteira desse acontecimento, usando os mesmos caminhos trumpistas, inclusive o mesmo marqueteiro, Steve Bannon, a exemplo de todas as campanhas da extrema-direita que crescem no mundo. As democracias estão ameaçadas pela mentira, base linguística de todo fascismo.
Inserido no inquérito das milícias digitais, Elon Musk pode acabar percebendo que seu dinheiro e seu autoritarismo não compram tudo. A ver se o Estado brasileiro tem algum poder diante do super capital internacional.
O mais importante agora é entender que Musk não quer obedecer, porque ele quer mandar. A exemplo de Mark Zuckerberg, dono da Meta, empresa que administra o Instagram, Facebook e WhatsApp, ele espera ditar as regras em vez de segui-las como acontece com todo usuário controlado que somos eu e você.
Fala-se hoje em “shadowban”, a censura “leve” do Instagram que visa controlar, a partir de palavras, o que está sendo postado pelas pessoas para evitar os “conteúdos políticos”. Muita gente vem driblando a censura através de caracteres, tais como *, #, @ e coisas do tipo inseridos nas palavras.
Há poucos dias, fui censurada e fiquei sem poder postar nada no Instagram por ter escrito “A arte é sempre a maior reação” num comentário feito no perfil dos artistas Gisele Beiguelman e Lucas Bambozzi, autores do documentário Domingo no Golpe, feito exclusivamente com imagens do ataque à Brasília em 8 de janeiro. Por que essa frase tão simples foi confiscada para análise é algo preocupante.
O que está por vir em termos mundiais não é nada democrático. Talvez a solução seja criar uma rede comunitária e deixar de trabalhar de graça produzindo conteúdo para aqueles que ajudamos com nossos likes diários e se transformarem em bilionários norte-americanos.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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