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    Cássio Vilela Prado

    Escritor

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    Em defesa do óbvio

    "Que o óbvio possa despertar e unir os brasileiros que ainda não morreram", afirma o autor

    Desde a campanha eleitoral para Presidente da República de 2018, protagonizada e polarizada entre os candidatos Jair Bolsonaro da ultra direita versus Fernando Haddad da esquerda-romântica, ambos produções da burguesia, cada um a seu modo, não se viu a apresentação de propostas e programas amplos de governo, senão pautas focadas apenas em semânticas de cunho identitário moral como os direitos humanos: LGBTS, negros, estrangeiros, mulheres, índios, funcionalismo público etc.

    Não que o respeito aos direitos humanos dessas parcelas importantes da população brasileira não seja necessário e importante, ao contrário, contudo, são micro pautas que fragmentam uma proposta maior de governança que envolva todo o tecido socioeconômico e de direitos, abrindo lacunas e possibilitando o ataque indiscriminado a esses lugares ditos minoritários pelo Presidente eleito, familiares e afins.

    Recentemente, com os ataques públicos do capitão do Executivo e parte de sua claque fardada às instituições democráticas que compõem os outros poderes republicanos, Legislativo e Judiciário (conforme asseverou o filho do Presidente, Eduardo Bolsonaro, dizendo que “se quiser fechar o STF, você sabe o que você faz? Você não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo. Não é querer desmerecer o soldado e o cabo não." -   https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/noticia/2018/10/21/em-video-filho-de-bolsonaro-diz-que-para-fechar-o-stf-basta-um-soldado-e-um-cabo.ghtml - parece que boa parte dos brasileiros ainda vivos estão se reunindo em uma pauta maior, qual seja: a defesa do óbvio, da Constituição Federativa do Brasil, totalmente agredida desde 2016.

    Talvez saindo da fragmentação da defesa de pautas minoritárias ou de classes para o respeito e cumprimento da carta magna brasileira, embora seja risível diante da obviedade, tendo em vista o aprofundamento anticivilizatório do estado de barbárie nesses últimos meses, vislumbra-se que a única saída possível seja pela via da Lei e o seu devido cumprimento que deve ser garantido pelo Poder Judiciário, ao que parece, até agora fazendo cara de paisagem.

    Sem a Lei e o ordenamento jurídico não se pode falar em civilização, mas tão somente em Estado de barbárie.

    Que o óbvio possa despertar e unir os brasileiros que ainda não morreram.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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