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    Walmir Damasceno

    Coordenador geral do Ilabantu (Instituto Latino Americano de Tradições Bantu), dirigente tradicional do terreiro de Candomblé Inzo Tumbansi, representante na América Latina do Centro Internacional das Civilizações Bantu (Ciciba).

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    Em tempos de racismo escancarado, conselho da Unifesp aprova mapeamento de terreiros bantu de São Paulo

    Embora os Bantu tenham sido os primeiros a atracarem no país, são ainda pouco conhecidos pela maioria da população brasileira

    Em tempos de racismo e fascismo escancarado, o Conselho de Extensão e Cultura da Universidade Federal de São Paulo aprovou no final da tarde desta sexta-feira (26/6), o projeto de Mapeamento das Comunidades Tradicionais de Matriz Bantu de São Paulo, que objetiva inventariar terreiros de candomblé de feição Bantu na cidade de São Paulo. O projeto é fruto da iniciativa do Instituto Latino Americano de Tradições Bantu (ILABANTU), em cooperação com o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB/UNIFESP) e a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). 

    O ILABANTU, nos últimos anos, vem desenvolvendo uma ação de conhecimento e preservação das línguas Bantu, que reflete a organização de uma filosofia do ser humano, da coletividade humana e da relação destes com a natureza e o universo. Embora os Bantu tenham sido os primeiros a atracarem no país, são ainda pouco conhecidos pela maioria da população brasileira. Desconhecimento que está atrelado ao racismo com relação às culturas africanas e afro-brasileiras, o que, por sua vez, contribui com o crescimento da intolerância religiosa. Tornam-se urgentes as ações que promovam a democracia e o fortalecimento político dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana no Brasil. 

    Este projeto pretende oferecer uma pequena, mas não menos importante, contribuição para a criação de uma rede das Comunidades Tradicionais de Matriz Africana na cidade de São Paulo, por meio da elaboração de um aplicativo de coleta e de alimentação de dados em um site de georreferenciamento. Neste sentido, o projeto se justifica pela necessidade de preservar um importante patrimônio imaterial, podendo ainda atuar em defesa da coletividade e de entes públicos e privados, coibir danos causados por preconceito, discriminação e por toda forma de intolerância correlata, segundo parecer da professora Renata Gonçalves.

    Por sua vez, a Pró Reitora de Extensão e Cultura da UNIFESP, professora Raiane Assumpção, considera que o mapeamento dos terreiros de candomblé do município de São Paulo possibilitará sistematizar a quantidade de terreiros, localização, organização, condições de documentação, situação do território sagrado (incluindo a questão de posse e propriedade sobre a área) e os aspectos socioculturais e demográficos que envolvem a comunidade inventariada. 

    Com a execução do mapeamento, busca-se, ainda, conhecer a distribuição socioespacial destas comunidades tradicionais de acordo com a localização geográfica, fundadores e lideranças, diversidade cultural (nações) e situação fundiária, visando especificamente aprofundar o conhecimento sobre a realidade das religiões de matriz africana. Além disso, pretende oferecer subsídios georreferenciais para elaboração de políticas públicas e realizar o georreferenciamento dos territórios. Permeia o projeto, a construção de um acervo acerca das religiões de matriz africana no município de São Paulo.

    Por fim, o projeto considera fundamental garantir um espaço para a promoção de um seminário para a apresentação do inventário e elaborar um guia de referência do trabalho realizado para que a metodologia e resultados alcançados possam ser replicados em pesquisas posteriores.

    Um trabalho que contribui para as políticas de promoção da tolerância religiosa e do respeito às comunidades de povos tradicionais de terreiro!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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