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    Miguel do Rosário

    Jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje

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    Emails de Mauro Cid comprovam que Bolsonaro é ladrão de joias

    O portal O Cafezinho trouxe à tona emails que detalham o papel de Mauro Cid na captação de recursos através do roubo e venda ilegal de joias

    Jair Bolsonaro / Ilustração (Foto: O Cafezinho)

    Por Miguel do Rosário, no Cafezinho – O portal O Cafezinho trouxe à tona emails que detalham a participação de Cid na organização da fuga de Bolsonaro para Orlando, nos EUA, e na captação de recursos através do roubo e venda ilegal de joias pertecentes ao povo brasileiro.

    Façamos um linha do tempo invertida, começando pela data da evasão de Bolsonaro, que ocorreu no dia 30 de dezembro de 2022. Nos links você pode baixar a íntegra dos documentos mencionados.

    No dia 28 de dezembro, 48 horas antes de embarcar junto com Bolsonaro para os EUA, o ex-ajudante de ordens corria contra o tempo para recolher um último jogo de joias, que haviam sido apreendidas no aeroporto de Guarulhos.

    Nesse dia, Mauro Cid enviou um ofício a Julio Cesar Vieira Gomes, Secretário Especial da Receita Federal do Brasil, buscando liberar joias retidas. Estas joias, avaliadas em R$ 16,5 milhões, foram trazidas ao Brasil em 2021 por uma comitiva liderada pelo ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Por não terem sido declaradas à Receita Federal, foram retidas após inspeção no aeroporto.

    Em 21 de dezembro, emails corporativos de Mauro Cid trazem documentos sobre o envio de dinheiro ao exterior, para uso privado, tanto dele quanto de Bolsonaro. São cartas enviadas aos gerentes dos respectivos bancos no Brasil solicitando, em regime de urgência, a autorização para envio de uma determinada quantia para os Estados Unidos.

    No dia 20 de dezembro, Cid armazenou em seu email quatro certificados de autenticidade Chopard, referentes às joias recebidas por Bolsonaro, principalmente de monarcas árabes. Estas joias foram levadas por Bolsonaro em sua viagem a Orlando no dia 30 de dezembro. Algumas delas foram vendidas por Mauro Cid e seus associados.

    Mensagens de Mauro Cid mostram a organização de uma operação para a entrega de $25.000 dólares em dinheiro vivo a Bolsonaro. O entregador seria o general Lourena Cid, pai de Mauro, devido ao “receio de utilizar o sistema bancário”.

    A PF coletou evidências de que Bolsonaro e seus aliados desviaram joias e presentes da Presidência da República para venda ilegal nos EUA.

    Uma foto usada para negociar a venda de joias revela o reflexo do general Mauro Lourena Cid, pai de Mauro Cid. Em conversas de 4 de janeiro, Mauro Cid filho pediu ao pai que fotografasse as joias. As imagens mostravam esculturas de palmeira e barco, que Mauro Cid tentou vender nos EUA.

    Em outra troca de mensagens, Mauro Cid filho forneceu ao pai endereços de lojas especializadas em metais preciosos. Dias depois, em 9 de janeiro, as fotos tiradas pelo pai foram enviadas pelo filho a Nicholas Luna, associado à Fortuna Auctions, especializada em leilões de joias e relógios de luxo.

    De acordo com o site onde o material foi anunciado, o lance inicial era de US$ 50 mil, o que equivale a cerca de R$ 245 mil na cotação atual do dólar. O valor estimado variava entre US$ 120 mil e US$ 140 mil – entre R$ 588 mil a R$ 686 mil, aproximadamente.

    A PF identificou que as joias nas fotos de Mauro Lourena Cid foram presentes recebidos por Bolsonaro no encerramento do Seminário Empresarial da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira em Manama, Reino do Bahrein, em novembro de 2021.

    Este escândalo, envolvendo desvio de joias, venda ilegal e envio de dinheiro ao exterior, está sob investigação pela Polícia Federal.

    Politicamente falando, porém, esses documentos formam um conjunto sólido de provas, de que Bolsonaro fugiu do Brasil não apenas com medo de ser preso, mas também com o objetivo muito mais prosaico: vender ilegalmente nos Estados Unidos as joias que havia roubado da União.

    Histórico de roubo de joias

    É um bom momento, a propósito, para lembrar uma outra história de Bolsonaro, que veio à tôna em setembro de 2018, que também envolveria roubos de joias por parte do ex-presidente. Joias de sua própria ex-mulher!

    Em 2007, durante o processo de separação de Jair Bolsonaro e Ana Cristina Siqueira Valle, acusações foram feitas por ambas as partes. O processo, com mais de 500 páginas, traz acusações de Ana Cristina que contradizem a imagem pública de Bolsonaro:

    – Bolsonaro teria ocultado patrimônio pessoal da Justiça Eleitoral em 2006. Ele declarou possuir bens que somavam 433.934 reais, enquanto sua ex-mulher apresentou documentos mostrando que o patrimônio incluía mais bens, totalizando cerca de 7,8 milhões de reais em valores atuais. – Ana Cristina afirmou que Bolsonaro tinha uma renda mensal de 100.000 reais, muito acima dos 35.300 reais declarados oficialmente. – A acusação mais grave é a de que Bolsonaro teria furtado um cofre no Banco do Brasil em 2007, levando joias avaliadas em 600.000 reais, 30.000 dólares em espécie e mais 200.000 reais em dinheiro vivo, totalizando cerca de 1,6 milhão de reais em valores atuais. O furto foi confirmado por Alberto Carraz, ex-gerente do banco, que disse que Bolsonaro resolveu a situação após saber da queixa de Ana Cristina.

    Em uma conversa com uma revista de grande circulação, Ana Cristina foi questionada sobre o conteúdo do cofre:

    • VEJA: De onde vieram as joias, dólares e reais?
    • Ana Cristina: Era coisa minha, que juntei. Coisas do meu ex-marido, joias que ganhei do Jair.
    • VEJA: Por que a senhora não atendeu às convocações para depor na polícia?
    • Ana Cristina: Não lembro. Fiquei quieta.
    • VEJA: Por quê?
    • Ana Cristina: Não me sentia à vontade. Iria dar um escândalo para ele e para mim. Deixei para lá.
    • VEJA: Escândalo para o deputado?
    • Ana Cristina: Eu, brava, falo besteira.
    • VEJA: Por isso a senhora desistiu da investigação?
    • Ana Cristina: Nós dois tínhamos um acordo de abrir mão de qualquer apuração porque não seria bom.
    • VEJA: Qual o acordo?
    • Ana Cristina: Aí eu prefiro ficar… me omitir.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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