Equador é laboratório exemplar do Plano Condor 2.0
A luta de classes se intensificou, com o Equador servindo como um híbrido dos planos Colômbia e Mérida do México, escreve a jornalista Natália Araújo
Por Natália Araújo - No dia 5 de abril , forças de segurança equatorianas invadiram a embaixada do México em Quito com o objetivo de prender o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, que havia solicitado e obtido asilo político no México.
A ação resultou em uma série de condenações por parte da Organização dos Estados Americanos (OEA), que denunciou a intrusão na embaixada e os atos de violência contra o pessoal diplomático, aprovando uma resolução condenando tais atos. Representantes de todos os países do continente, com exceção do Equador e de El Salvador, votaram a favor da resolução.
A disputa diplomática ganhou um novo capítulo quando o México pediu ao Tribunal Internacional de Justiça a suspensão da adesão do Equador à ONU até que o país emita um pedido público de desculpas pela invasão à embaixada mexicana. O México acusou o Equador de violar o direito internacional e um tratado da ONU sobre relações diplomáticas.
O Equador enfrenta uma crise sem precedentes, enredado em sete anos de regimes neofascistas, culminando em uma situação de total calamidade pública e institucional.
Durante o governo de Lenin Moreno, que foi vice-presidente de Correa de 2007 a 2013 e sucedeu-o como presidente em 2017, e parecia seguir a linha política de Corrêa, começou a se distanciar de sua abordagem política, adotando uma postura mais direitista e buscando uma agenda “própria”.
Com uma drástica mudança nas políticas econômicas e uma abordagem entreguista em relação à oposição política, a relação entre os dois líderes deteriorou-se. Moreno iniciou uma campanha “anticorrupção”, um golpe ao estilo Lawfare, que visava membros do governo anterior, incluindo Corrêa, que vive exilado na Bélgica desde 2017.
Assim, ao invés de favorecer Correa, Moreno tomou medidas que acabaram por antagonizá-lo, com ajuda de fake news e todo o dinheiro estadunidense para que chegassem a uma ruptura definitiva entre os dois e ao afastamento do legado político de Correa no Equador, e assim a desinstitucionalização do Estado foi “ativada”, promovendo ódio e perseguição política seletiva.
O presidente exilado Rafael Corrêa tenta de todas as maneiras voltar ao seu país por meio da crescente campanha popular e do movimento Revolução Cidadã, disputando eleições com suas lideranças, mas a luta contra os meios de comunicações fascistas, direitistas que detêm o capital e a ação de grupos criminosos no seio das instituições dificulta muito a retomada do poder popular e a soberania do Equador.
Ministérios como os da Justiça e dos Direitos Humanos foram eliminados, e os grupos do crime organizado foram deixados livres, a economia segue entregue ao capricho do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.
A dívida externa, que foi completamente paga no governo de Rafael Corrêa tornou-se praticamente eterna, em um cenário marcado por altos pagamentos que denotam toda a subserviência do país, realizados em plena pandemia de Covid-19.
Moreno também se destacou por ser um dos principais operadores da Organização dos Estados Americanos (OEAL) e do imperialismo,o vice-presidente de Rafael Corrêa foi o maior traidor e responsável pelo caos que vive hoje em dia o Equador.
Sob o governo de Guillermo Lasso, o Equador testemunhou massacres em suas prisões, culminando na transformação do país em um verdadeiro laboratório para o Plano Condor 2.0. Hoje, o país enfrenta altos índices de violência e insegurança, com a presença de gangues ligadas a cartéis de narcotráfico, representando um verdadeiro crime transnacional que afeta a justiça, a polícia, as Forças Armadas e o sistema judiciário.
A implementação do Plano Condor 2.0 na região já é uma realidade, com Laura Richardson e secretários do Departamento de Estado dos EUA oferecendo assistência técnica, armamentista e de treinamento aos militares e policiais locais. Complexos militares e industriais foram construídos, soldados e armas do DEA e CIA disseminam pavor e violência contra a população equatoriana.
O povo segue empobrecido e considerado inimigo interno, está pagando um alto preço, com o estado de emergência, conflitos armados internos e a presença de tropas estrangeiras. A soberania do país está sendo devastada, com a submissão a uma potência estrangeira que aprisiona o Equador como alvo geopolítico na região.
É importante destacar que a luta de classes se intensificou, com o Equador servindo como um híbrido dos planos Colômbia e Mérida do México, com forte influência dos cartéis de drogas.
O ex-presidente Guillermo Lasso assinou acordos de sangue com os Estados Unidos que permitem a permanência das tropas do Comando Sul por cinco anos, consolidando ainda mais o controle imperialista sobre o território.
Neste cenário, a resistência das organizações sociais e populares, juntamente com a luta cultural e de ideias, é crucial. É necessário unir forças, tecendo uma resistência contra os regimes neofascistas e contra a agenda imperialista dos Estados Unidos, representada pelo Plano Condor 2.0.
É fundamental estar alerta para os líderes que promovem agendas sionistas e intervencionistas, principalmente em nosso continente, antecipar e barrar todos os movimentos de marionetes imperialistas como Milei, Bukele e Noboa, que representam uma ameaça à autonomia e à liberdade do Equador e de toda a América Latina.
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