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    Ricardo Nêggo Tom

    Músico, graduando em jornalismo, locutor, roteirista, produtor e apresentador dos programas "Um Tom de resistência", "30 Minutos" e "22 Horas", na TV 247, e colunista do Brasil 247

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    Era um biquíni comunista vermelhinho que na Cássia Kiss não cabia

    "A atriz, toda descontrolada ao ver a moça vestida assim, saiu gritando com a rapaziada que o comunismo é um biquíni sem fim", ironiza Ricardo Nêggo Tom

    Cássia Kiss (Foto: Reprodução)

    Há muito tempo que estamos falando que o bolsonarismo, além de ser um movimento criminoso pelo comportamento violento que instiga os seus adeptos a praticarem, parece carregar um quê de patologia “sobrenatural” que subverte o senso de humanidade constituído naturalmente. Foram as orações para pneus, invocações a alienígenas, acampamentos em portas de quartéis, marchas e continências para o além, entre outras manifestações excêntricas e bizarras, que nos levaram ao 08/01 e à certeza de que algo errado não está certo com a saúde mental de muita gente que coabitam conosco o mesmo planeta. A atriz Cássia Kiss, é uma dessas pessoas que manifestou o espírito bolsonarista e anda carecendo de exorcismo.

    Aliás, neste momento em que os padres exorcistas voltam a fazer sucesso na sociedade medieval que tentam nos impor, seria bom alertá-los que os demônios do bolsonarismo continuam possuindo muitos corpos e mentes que andam por aí acreditando que o comunismo vai destruir o país, e que Deus e a Virgem Maria os escolheram para livrar o Brasil desse mal. Se fosse numa novela, eu classificaria a interpretação de Cássia Kiss como magistral. Grande atriz que sempre foi, o seu talento para interpretar uma bolsonarista fundamentalista não me surpreenderia. No entanto, como estamos falando da vida real, é preocupante vê-la agindo de forma tão desconexa da realidade e tão próxima da distopia existencial que o bolsonarismo promove na sociedade.

    Confesso que não me surpreende o fato de Cássia Kiss ter abordado uma moça que trajava a parte de cima de um biquíni, e tê-la interpelado sobre o porquê do uso da peça dentro de um supermercado na zona sul do Rio de Janeiro, região conhecida pelo balneário que abriga e que costuma naturalizar trajes de banho durante o verão. A mesma Cássia apareceu num vídeo dizendo que “Bolsonaro deu para a gente de presente a verdade, e muita gente não quis ver e nem dar uma espiadinha.”, uma prova de que a capacidade cognitiva dos fiéis da bolsonática seita está completamente comprometida, e que isso representa um risco à toda sociedade, uma vez que esses descerebrados bolsonaristas têm direito ao voto e elegem parlamentares que irão defender tal distopia e legislar para que ela seja implementada.

    Cada parlamentar bolsonarista ou fundamentalista que se elege, representa uma conta a mais rezada no rosário que Cássia Kiss costuma carregar nas mãos para se proteger do fantasma do comunismo. Como em outro vídeo onde ela aparece conclamando os fundamentalistas católicos a irem a Basílica de Aparecida rezarem o terço contra o “homem do saco” dos analfabetos políticos, suplicando à “tão boa mãe que governe o nosso país e que nos livre da ameaça comunista profetizada na sua aparição em Cimbres” Ligada ao Centro Dom Bosco, uma organização católica monarca, fascista e opositora do Papa Francisco, ao qual costuma se referir como “a besta do apocalipse”, Cássia Kiss já escreveu um artigo na Folha, onde dizia que encontrou na fé católica o barro de que é feita. Sendo assim, pode ser que ela tenha encontrado no bolsonarismo o pó para onde retornará, depois que parar de viajar na maionese.

    O episódio do biquíni me lembrou a música “Biquini de bolinha amarelinha”, sucesso dos anos 1960, que foi regravada pela banda Blitz nos anos 1980, onde caberia como paráfrase que Cássia Kiss toda descontrolada, não quis a moça vestida assim. Saiu gritando com a rapaziada, que o comunismo é um biquíni sem fim. Ai ai ai, isso é coisa do Xi Jinping. De fato, o tal biquíni não combinaria com a nova versão da atriz, que passou a se vestir com a indumentária do fundamentalismo religioso e a desfilar na passarela do fascismo como uma das modelos que mais representam o estilo. The die is the new life. Cássia têm Bolsonaro como um messias, um homem enviado por Deus para revelar verdades ao povo brasileiro. Uma prova de que qualquer biquíni, por maior que seja, não consegue esconder a obscenidade de seu raciocínio e o atentado ao pudor que ele comete.

    A atriz também costuma exaltar a herança religiosa católica que os escravocratas portugueses deixaram ao país, exaltando a suposta devoção de Princesa Isabel à Nossa Senhora Aparecida, e atribuindo à “mãe de Deus” um caráter fascista, antipetista e anticomunista, fruto do processo de demonização que a Igreja Romana impôs à ideologia, para proteger as suas propriedades de uma possível partilha com os mais pobres, assim como o comunismo e Jesus Cristo defendem. Logo Maria, uma pobre camponesa que deu à luz ao seu filho numa manjedoura, foi perseguida pelos fundamentalistas de seu tempo por ter “conhecido” um homem sem estar em matrimônio com ele. Cássia Kiss teria sido uma das perseguidoras da Maria que hoje ela usa para justificar a sua ausência de razão. Ela também teria criticado Jesus por não permitir a ela apedrejar a mulher de biquíni, digo, a mulher adúltera, como ordenava a lei.

    Cássia Kiss apodreceu por dentro, assim como muitas outras pessoas que julgávamos conhecer, também apodreceram por dentro sob as trevas do bolsonarismo. Um movimento criminoso e anti-humano cuja energia densa despertou o zumbi existente no interior de muita gente. Somem a isto, o fato de termos uma associação de juristas evangélicos e fundamentalistas que pretendem regular o ordenamento jurídico brasileiro pela Bíblia, sobrepondo a fé que eles professam à Constituição e às liberdades individuais. É o esgoto medieval a céu aberto. Que as moças de biquíni nos salvem deste retrocesso. Na casa da senhora democracia não existe Cássia Kiss. Xô, Cássia Kiss! Xô!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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