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    Osvaldo Bertolino

    Jornalista e escritor

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    Esgoto e andar de cima da Casa Grande atacam Lula com mesmo linguajar

    São as mesmas vozes – a dos jornalões vinda dos salões luxuosos do andar de cima da Casa Grande e a do bolsonarismo dos esgotos dos seus porões

    Lula participa de Ato "Lula Abraça Minas", em Belo Horizonte. 09.05.2022 (Foto: RICARDO STUCKERT)

    Por Osvaldo Bertolino

    Chama a atenção a semelhança do conteúdo e da forma dos editoriais dos principais jornalões do país quando o assunto é a candidatura presidencial de Luiz Inácio da Silva. Para defender pontos de vistas contrários ao do ex-presidente, utilizam-se de agressões bestiais e da desclassificação pura e simples, uma prática que, em linhas gerais, não difere do bolsonarismo. Os primeiros tentam sofisticar a mentira, mas repetem o mesmo linguajar vulgar de Bolsonaro e seus asseclas. 

    Basta citar, para ficar em exemplos recentes, o editorial do jornal Folha de S. Paulo de 10 de maio. Lula, disse o texto verborrágico, exibe abertura política na união com Alckmin e discurso econômico arcaico. Para o jornalão direitista, as três derrotas, de 1989 a 1998, e as duas vitórias subsequentes fizeram-no aprender “a tomar distância relativa de algumas vicissitudes ideológicas que uma vertente da esquerda brasileira até hoje carrega como herança da Guerra Fria”.A Folha, por óbvio, não ignora a encruzilhada mundial que teria superado a Guerra Fria, quando o projeto capitalista proclamou seu reinado absoluto no que resta de futuro para a humanidade, o fim da história. As “vicissitudes ideológicas” na verdade são defesas de conquistas civilizatórias, direitos sociais e democráticas antagônicos à “nova ordem” neoliberal proclamada pelo então presidente dos Estados Unidos, George Bush pai, a pretensão à univocidade de um regime que traz consigo um rastro de sangue, marca de genocídios e morticínios.

    Lula é vítima de ataques como esse infame editorial porque não deu as costas ao povo e nem traiu a pátria. Sua política de soberania nacional, bem definida pela tão justamente falada política externa altiva e altiva, vem sendo por ele reafirmada constantemente. Assim como as urgências socais e a geração de emprego e renda, bases para o desenvolvimento do país. São explícitas suas proclamações, por exemplo, contra a desumana emenda constitucional do teto dos gastos públicos e a escravista “reforma” trabalhista.

    A essência do editorial é o mantra do dinheiro como regente das relações sociais e políticas, um dogma quase religioso, uma verdade absoluta, totalitária. No encerramento do texto, o jornalão, com seu linguajar rarefeito, ataca Lula dizendo que suas afirmações “não se distinguem do que ele pregava antes da queda do Muro de Berlim”. A agressão covarde, no mais torpe estilo lavajatista, desce ao subnível de acusá-lo de “cevar lobbies bem posicionados que parasitam o erário”. 

    No mesmo dia, o jornal O Estado de S. Paulo – também useiro de vezeiro de agressões totalitárias a Lula para defender as mesmas ideias anticomunistas e antipetistas – fez um agressivo editorial defendendo o teto de gastos. N’O Globo, o principal porta-voz dos Marinho, Merval Pereira, seguiu a trilha. Valendo-se de palavras de baixo nível – como “ignorância dos fanáticos” – e indigência intelectual, acusou lulistas e bolsonaristas de não admitir “nuances próprias da democracia”.

    No caso dos lulistas, disse, com o mesmo linguajar bolsonarista, que a ex-presidenta Dilma Rousseff ouvia dirigente da CUT nos salões do Palácio do Planalto dizendo “que pegaria em armas para defendê-la” e Lula instou Stédile, “o chefe do MST”, a pôr nas ruas o seu “exército”. Tanto Merval como Bolsonaro sabem muito bem das circunstâncias desses pronunciamentos e que eles nunca tiveram a conotação que difundem. São as mesmas vozes – a dos jornalões vinda dos salões luxuosos do andar de cima da Casa Grande e a do bolsonarismo dos esgotos dos seus porões. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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