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    Regina de Aquino

    Professora titular aposentada do DMAT-CCE-UFES

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    Estados Unidos, o Senhor da Guerra

    Todos que falam da sanha belicosa dos estadunidenses, se reportam a documentos que foram liberados e trazidos a público, fatos conhecidos e registrados

    por Regina Aquino

    Os dados não enganam. Há muito documento que se pode acessar, há muito tempo muita gente fala disso. Mas, também, muita gente faz ouvido mouco, paga o preço da opressão, da submissão, do alinhamento.

    Todos que falam da sanha belicosa dos estadunidenses, se reportam a documentos que foram liberados e trazidos a público, fatos conhecidos e registrados. O bem conhecido linguista, Noam Chomsky, relata em seu livro “Quem manda no mundo?” (Who rules the world?, Editora Planeta do Brasil, 2017) a ação do Estados Unidos em golpes de estado e conflitos em países do mundo todo, ao longo do século 20, e declara textualmente: “(...a classe política…) aceita como normal que os EUA sejam uma superpotência terrorista, imune às leis e normas civilizadas.”

    Nesses últimos dias, várias pessoas apresentaram um levantamento das guerras provocadas por esse país norte-americano, e aquelas que estão em curso. O professor Mauro Iasi fez um levantamento detalhado num vídeo da TV Boitempolista, listando 240 intervenções militares estadunidenses, desde 1798, sem contar os conflitos das duas grandes guerras e salientou que somente 11 dessas intervenções foram autorizadas pelo Congresso local.

    Nessas duas primeiras décadas do século 21 foram, pelo menos, 20 intervenções militares estadunidenses. A média dessas intervenções armadas no mundo, se mantém. Milhares foram mortos todos os dias, somente nessas últimas duas décadas, e ainda estão sendo mortos, “todos os dias”, por armas da indústria armamentista estadunidense, ou através dela, em conflitos e guerras apoiadas, promovidas ou impetradas por estadunidenses, gerando destruição de cidades, seus hospitais e escolas, casas de famílias, causando mortes e êxodo, milhões de refugiados.

    A mídia ocidental não noticiou, não reclamou, nem fez capa de revista. E também não te fez chorar…

    Vou retomar algumas dessas guerras.

    Em Outubro de 2001, os Estados Unidos tendo o Reino Unido como aliado, invadiu o Afeganistão¹, sem autorização da ONU, que só validou essa ação em Dezembro de 2001. E ficaram lá por 20 anos, comercializando o ópio, matando, estuprando e rapinando o país. Saíram carregando as reservas monetárias desse país. E não cogitam devolver.

    Em 2003, o Estados Unidos atacou o Iraque², alegando que Saddam Hussein possuía “armas de destruição em massa”. Aqueles que discordaram, com fatos e provas, foram calados. O ataque foi feito sem a autorização da ONU, que não aprovou tal resolução naquele momento. Nenhuma sanção foi aplicada aos Estados Unidos, que foi responsável por 40 mil mortes e pela destruição imposta àquele país e seu povo. As armas, inexistentes, nunca foram encontradas e os poços de petróleo passaram a ser controlados pelos estadunidenses.

    Em 2011, a Otan (leia-se Estados Unidos) atuou diretamente para a vitória de grupos rebeldes sobre o regime totalitário de Muammar Kadhafi. Apesar de proibido em Resolução da ONU, eles forneceram armas a esses grupos rebeldes. E ainda, executaram ataques diretos da OTAN às tropas e instalações civis e militares na Líbia3. Mercenários britânicos, franceses, árabes e da Europa Oriental, engrossaram as fileiras dos rebeldes, ( te lembra algo?). A mudança de regime em Trípoli visava a vigilância dos recursos africanos disputados com os BRICS. Os contratos com empresas brasileiras (Odebrecht, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e Petrobras, principalmente), no valor total de 5 bilhões de dólares, não foram cumpridos, apesar das promessas em contrário. O país vive em guerra civil desde então, e o controle dos poços de petróleo está na mão dos “rebeldes da Otan”. 

    Esperava-se, também, controlar o fluxo de imigrantes provenientes do continente africano, fato que não ocorreu, já que a guerra civil desorganizou toda a estrutura civil que continha a saída de imigrantes do continente a partir desse país.

    Nesse mesmo 2011, explode uma revolta na Síria4, que ganha o apoio de Obama, aplicando sanções ao país. Em 2013, armam rebeldes ( de novo!) e em 2014 entram na guerra, agora com as tropas da Otan. Foram 5,5 milhões de refugiados, e mais 6 milhões em deslocamento interno, um país destroçado e na miséria. Bashar al-Assad não é flor que se cheire. Nem Obama. A intenção, clara como o dia, era impedir que a Rússia tivesse acesso a portos no Mediterrâneo.

    Ainda como resultado da “Primavera Árabe” em 2011, explode uma revolta no Iêmen5, que em 2015 ganha proporções assustadoras quando Arábia Saudita e aliados, apoiados pelos Estados Unidos, Reino Unido e França, entram no conflito, para impedir que o grupo étnico vencedor se tornasse ponto de apoio ao Irã. O resultado é um país destroçado, 22,5 milhões de pessoas necessitando de assistência humanitária e 3 milhões de refugiados.

    Eu parei aqui. Quem tiver mais fôlego pode procurar na rede mundial. O material é farto. E, doloroso. Segundo os dados da ONU6, são 82,4 milhões de refugiados no mundo, fugindo de guerras, violência, perseguição e violações dos direitos humanos. Advinha que país está envolvido majoritariamente nos conflitos e guerras que provocam essa multidão de refugiados?

    O jornalista Brian Mier, co-editor do Brazil Wire e comentarista no Brasil 247, nos contou há poucos dias, no programa Bom Dia da TV247, que 56% do PIB do Estados Unidos vem da sua indústria armamentista. Esse foi um dado impactante para mim! E eu, estarrecida, fiquei pensando cá com os meus botões. Um país que gera metade da sua riqueza nacional com a indústria armamentista, só pode produzir...GUERRA! E em seguida, toda otimista, pobre de mim!, vislumbro que desmanchar a hegemonia estadunidense pode ser um caminho seguro para a PAZ que tantos clamam.

    Trocando em miúdos, a coisa é séria. De pouco adianta ser pacifista num mundo comandado por um país que tem metade de sua riqueza produzida pela indústria armamentista! Dei volta? É isso mesmo! Estamos correndo atrás do rabo... Sob apoio e comando do Império, e segundo Chomsky, o principal Estado terrorista do planeta.

    Referências apresentadas:

    [lista] https://youtu.be/xlx2_UhObaw
    [1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Invas%C3%A3o_do_Afeganist%C3%A3o_pelos_Estados_Unidos
    [2]https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/invasao-americana-no-iraque.htm
    [3]https://www.enemvirtual.com.br/atualidades/conflito-libia/
    [4]https://www.bol.uol.com.br/listas/guerra-da-siria-fatos-para-entender-o-conflito.htm
    [5]https://www.bbc.com/portuguese/internacional-46322964
    [6]https://news.un.org/pt/story/2021/06/1754062

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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