Estados Unidos versus China e o Brasil: um ensaio
A competição entre a China e os Estados Unidos permanecerá como o tema central da política internacional, assim como a situação das “Províncias”, entre elas o Brasil, e o que delas se exigirá neste embate
“Quando semeava uma parte das sementes caiu à beira do caminho... outra entre as pedras... outra parte caiu no meio dos espinhos... outra caiu em terra boa e deu frutos”. Jesus Cristo
“A modernização da China necessita de paz internacional e de estabilidade política doméstica”. Deng Xiaoping
“Eu não vim para construir nada. Eu vim para destruir”. Jair Bolsonaro
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“A realidade é a única verdade”. Juan Domingo Perón
Introdução
- Com o Governo do Presidente Jair Bolsonaro, o Brasil vive um momento terrível de sua História.
- Este terrível momento, em que o Brasil é vítima de uma política de destruição de seu Estado, de sua economia, de sua sociedade, executada pelo seu próprio Governo, é o desfecho de um processo político nacional e internacional.
- Este processo se iniciou com a ascensão de Gorbachev, com a retirada das tropas soviéticas da Europa Oriental, com a vitória tecnológica-militar dos Estados Unidos na Primeira Guerra do Iraque, com a desintegração da URSS, com a crise econômica russa e a adesão da Rússia ao capitalismo.
- Em 1989, Francis Fukuyama, acadêmico americano, anunciou o Fim da História, pois teria ocorrido a vitória definitiva do capitalismo e da democracia liberal. Em 1991, George Bush proclamou nas Nações Unidas uma Nova Ordem Mundial, em cujo centro estariam os Estados Unidos como única Superpotência.
- Essa conjuntura internacional fez emergir na América do Sul governos neoliberais, seguidores das políticas do Consenso de Washington e praticantes de estreita cooperação com os Estados Unidos.
- Esses Governantes foram Carlos Menem, na Argentina; Fernando Henrique, no Brasil; Carlos Perez, na Venezuela; Sanchez de Lozada, na Bolívia; Jorge Battle, no Uruguai; Patricio Aylwin, no Chile e Alberto Fujimori, no Peru.
- As políticas neoliberais desses Presidentes fracassaram diante da realidade subdesenvolvida e em extremo desigual das sociedades de seus países. Esses Presidentes, eleitos na vaga otimista do neoliberalismo e do “pensamento único”, terminaram seus mandatos com baixos índices de popularidade e foram substituídos por Presidentes eleitos: Kirchner, Lula, Chavez, Mesa, Tabaré, Frei, Toledo. Em diversos graus, esses Presidentes tinham em comum políticas reformistas não revolucionárias, com base em programas sociais, na recuperação do Estado e na afirmação da soberania.
- A política externa do Presidente Lula despertara preocupações em Washington ao se contrapor a ações e objetivos estratégicos americanos:
- ao não apoiar a invasão americana do Iraque em 2003;
- ao estabelecer o entendimento político e econômico estreito com a Argentina;
- ao promover a criação da UNASUL, em substituição à OEA, excluindo os Estados Unidos;
- ao resistir à ALCA e levar a ALCA a seu fim;
- ao fortalecer o Mercosul;
- ao se aproximar de Cuba;
- ao promover a CELAC – Comunidade de Estados Latino Americanos e Caribenhos.
- ao fortalecer o programa nuclear e o programa aeroespacial;
- ao se aproximar de forma autônoma com países africanos e árabes;
- ao exercer equilíbrio em suas relações com Israel e a Autoridade Palestina;
- ao promover, com a Índia, Japão e Alemanha, a reforma do Conselho de Segurança;
- ao contribuir para a criação do BRICS, com a China, a Rússia e a Índia;
- ao fortalecer a Petrobrás e estabelecer o regime de parceria para explorar o pré-sal;
- ao estabelecer a política de “conteúdo nacional” na indústria;
- ao promover a indústria de defesa, inclusive com a construção do submarino nuclear;
- ao negociar, junto com a Turquia, um acordo nuclear com o Irã.
- As iniciativas de política externa do Governo do Presidente Lula contrariavam, em maior ou menor medida, os objetivos estratégicos de Washington para a América Latina:
- impedir que Estado ou aliança de Estados reduza a influência americana na região;
- ampliar sua influência nos sistemas de comunicação de cada Estado;
- incorporar todas as economias da região à economia americana;
- desarmar os Estados da região;
- manter o sistema da OEA de segurança e alinhamento político;
- impedir a presença, em especial militar, de Estados Adversários de Washington na região;
- impedir o desenvolvimento de indústrias autônomas em áreas tecnológicas avançadas;
- enfraquecer os Estados da região;
- eleger lideres políticos favoráveis aos objetivos e interesses específicos americanos.
- Após a saída do Presidente Fernando Henrique e a partir dessa nova situação nas relações Brasil - Estados Unidos a estratégia americana foi iniciar um processo de regime change através de:
- mobilizar os meios de comunicação contra o Governo, e coordenar sua ação através do Instituto Millenium, fundado em 2005, para dar apoio à Operação Mensalão, que não conseguiu atingir o Presidente Lula, mas que atingiu José Dirceu, chefe da Casa Civil, e provável sucessor de Lula, e outras lideranças do PT;
- a partir do acordo de cooperação judiciária Brasil-Estados Unidos, iniciar a Operação Lava Jato que contribuiria para alcançar os objetivos estratégicos americanos e para a preparação do impeachment posterior da Presidenta Dilma Rousseff;
- financiar a formação dos grupos de agitação MBL e Vem pra Rua.
- O Presidente Lula sobreviveu à operação judiciária-política de desestabilização do Mensalão. Com índice de aprovação de 87%, elegeu como sua sucessora a Ministra Dilma Rousseff, de filiação histórica ao PDT, sem experiência de vida política e de disputa eleitoral, a quem Lula avalizou como administradora excepcional.
- A política da Presidenta Rousseff teve as seguintes características:
- grande centralização, na Presidência, de decisões administrativas;
- medidas de cortes de gastos e contenção econômica;
- nomeação, contra a vontade do “mercado”, de A. Tombini para o Banco Central;
- redução da taxa SELIC a 7.25% ;
- redução dos juros cobrados pelos bancos públicos;
- aprovação de legislação anticorrupção que a Oposição usaria contra o Governo;
- distanciamento em relação aos empresários;
- dissolução da base parlamentar, com a chamada “faxina ética”;
- conflito com a Câmara dos Deputados e seu Presidente Eduardo Cunha.
- A Presidenta Dilma Rousseff foi reeleita por pequena margem de votos em 2014 e seu adversário, Aécio Neves, iniciou forte campanha política e midiática de impugnação das eleições e do mandato de Dilma.
- As políticas e o estilo pessoal da Presidenta Rousseff impediram a construção de uma base parlamentar sólida e ampla e seu impeachment foi votado em 2016.
- O Governo do Presidente Michel Temer, a partir de agosto de 2016, adotou o programa Ponte para o Futuro, elaborado por economistas neoliberais, de formação em universidades americanas. Sua principal medida foi a aprovação da Emenda Constitucional 95, que estabeleceu um teto de gastos, a vigorar durante vinte anos, para as despesas primárias, e o não contingenciamento do pagamento de juros da dívida pública.
- O cumprimento do teto de gastos exige a execução de um programa econômico, divorciado da realidade brasileira. Reduz a possibilidade de ação do Estado para promover o desenvolvimento e o crescimento. Agrava a concentração de renda cortar os programas sociais, ao privilegiar as receitas dos portadores de títulos do Tesouro e dos bancos e seus acionistas e ao não tributar as receitas com dividendos.
- A Operação Lava Jato e a Lei da Ficha Limpa, que foi aprovada, apesar de sua flagrante inconstitucionalidade, levou à prisão, após a condenação em segunda instância do Presidente Lula, o que o impediu de competir nas eleições de 2018 e permitiu a vitória de Jair Bolsonaro.
- O Presidente Jair Bolsonaro, que nunca escondeu suas opiniões quando Deputado, desde o inicio de seu Governo tem se excedido em exibições de histrionismo, agressão e irreverência:
- agride a imprensa e jornalistas;
- ofende as minorias;
- orgulha-se de sua própria ignorância;
- ofende e agride as instituições;
- defende a tortura;
- defende a ditadura;
- zomba com frequência das vítimas do COVID-19;
- tem comportamento indecoroso.
- Com um exercício planejado de diversionismo, que excita seus seguidores nas redes sociais, Jair Bolsonaro distrai a atenção dos crimes que comete diariamente, sendo que apenas nos últimos dias:
- autorizou a importação livre de impostos de armas;
- retirou os exames de HIV e hepatite do SUS;
- impulsionou o projeto de autonomia do Banco Central no Congresso;
- rejeitou o uso de máscara, do isolamento social e da vacina contra o Coronavírus;
- promoveu aglomerações e colocou em risco a saúde de seus admiradores;
- concedeu indulto a policiais acusados de crimes.
- Distraídos pela conduta histriônica e ofensiva do Presidente Jair Bolsonaro, pensam muitos que não tem ele um plano para o Brasil. Tem ele, em verdade, um plano simples como seu nível cultural e cognitivo. Este “plano” tem os seguintes “princípios” como sua base:
- a empresa privada pode resolver todos os problemas brasileiros;
- a empresa estrangeira é melhor que a brasileira;
- a empresa privada não resolveu os problemas brasileiros porque o Estado a impediu.
- Em consequência, seu programa de Governo, executado por seu Ministro Paulo Guedes, é simples e se baseia, não na construção, mas na destruição:
- privatizar por completo todas as empresas, organismos e agências do Estado;
- desregulamentar todas as atividades econômicas;
- criar todo tipo de benefício para as empresas privadas;
- desmontar a administração pública e privatizá-la.
- Assim Bolsonaro nomeia para os cargos públicos indivíduos incompetentes, desconhecidos e inexperientes desde que sejam contrários aos órgãos que vão dirigir e dispostos a tudo privatizar, desregulamentar e beneficiar empresas privadas.
- É verdade que o Presidente Bolsonaro cumpre, com diversionismo, habilidade e desfaçatez, um “programa” de Governo cuja essência vem de Governos anteriores, porém apresentados antes com mais elegância e disfarce.
- No campo social, Jair Bolsonaro é contra qualquer ação do Estado e expressa, de público, preconceito contra negros, mulheres, indígenas, LGBTS, nordestinos, pobres. É contrário a toda e qualquer ação do Estado em defesa de grupos minoritários. Defende a tortura e a exclusão de ilicitude, que é a possibilidade de policiais matarem em decorrência de “escusável medo, surpresa ou violenta emoção”.
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- A vitória, a posse e o Governo do Presidente Jair Bolsonaro é o coroamento de uma operação de regime change e de redução do potencial brasileiro de desenvolvimento político e econômico que envolveu:
- a Operação Lava Jato que, através de procedimentos ilegais e do conluio entre um Juiz de 1° instancia e o TRF-4, condenou, sem provas, o Presidente Lula e o excluiu das eleições de 2018;
- a intensa campanha anti-petista na grande mídia;
- a criação de uma associação no imaginário popular entre o PT e a corrupção;
- a criação de uma associação no imaginário popular entre o PT e o comunismo;
- a articulação do apoio de seitas neopentecostais;
- o uso das técnicas de fake news e de “bombardeio” de notícias;
- a destruição das grandes empresas brasileiras, em especial de engenharia;
- a campanha contra a “política” e em favor de um candidato antissistema, não político, popular.
- Jair Bolsonaro é um Presidente de direita; violento; preconceituoso; autoritário; antidemocrático; anti-trabalho; pró-capital; ignorante; inculto; ordinário e incompetente; indiferente e hostil ao sofrimento alheio.
- Se Jair Bolsonaro conhecesse psicanálise, saberia ser seu comportamento paranoico; se conhecesse história, saberia ter comportamento nazista; se conhecesse sociologia, saberia ser seu comportamento genocida.
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- A situação interna brasileira pode ser melhor compreendida à luz do sistema internacional em que o Brasil está profundamente inserido.
- As relações entre Estados Unidos, China e Brasil se dão no contexto de uma situação internacional caracterizada pela existência de um Império.
- Este Império é o Império Americano constituído por sua Metrópole, os Estados Unidos, e suas “Províncias”, (entre elas o Brasil), que se confronta com Estados Adversários, a República Popular da China e a República Federativa Russa.
- Impérios são organizações políticas, militares e econômicas de vastos territórios em função de uma Metrópole, um Estado, que adquiriu maior preeminência e hegemonia política, econômica e militar, que é seu construtor e beneficiário.
- Os Impérios, desde aqueles da Antiguidade até os Impérios modernos, sempre tiveram como objetivo o controle político e a organização da produção nos territórios, conquistados pela força ou submetidos pela influência econômica, política e ideológica, e a construção de mecanismos para transferir bens acumulados e bens neles produzidos para as Metrópoles, isto é, para benefício das classes hegemônicas de suas Metrópoles e, marginalmente, das demais classes sociais.
- Aqueles antigos mecanismos de transferência de tributos, de bens e de riquezas correspondem hoje, na época do Império Americano, à remessa de lucros das filiais de megaempresas americanas, que utilizam os recursos naturais e a mão-de-obra barata das “Províncias” onde instalam fábricas; dos lucros das empresas de serviços; dos rendimentos auferidos pelo uso de tecnologia e da propriedade intelectual; pelo consumo de bens de entretenimento (produção audiovisual: cinema, TV, Internet), para seus acionistas na Metrópole. Através dos impostos pagos pelas empresas ao Estado, o Governo americano redistribui parte dos lucros para os segmentos mais pobres sob a forma de programas sociais gratuitos.
- As “Províncias” modernas não são como as Colônias do Império Romano e as do Império Britânico. Não são governadas diretamente por representantes de Washington. São Estados formalmente independentes e soberanos, administrados por funcionários das classes hegemônicas locais, em nome do Império, que devem “obedecer” certas “normas” informais que, quando desobedecidas, os tornam Estados (“Províncias”) rebeldes, sujeitas a sanções unilaterais ou multilaterais, impostas ou articuladas pelo Império.
- As normas (informais) da Metrópole do Império Americano para as “Províncias” são:
- ter economia capitalista, aberta ao capital estrangeiro;
- exercer mínima intervenção, empresarial e regulamentar, do Estado na economia;
- dar igualdade de tratamento às empresas nacionais e às de capital estrangeiro;
- permitir às filiais de empresas estrangeiras remeter lucros livremente;
- dar acesso às empresas estrangeiras a recursos naturais, em especial minérios;
- dar acesso aos mercados internos de bens e de serviços;
- dar acesso às vias de transporte, em especial às belonaves do Império;
- não exercer controle sobre os meios de comunicação, inclusive a Internet;
- dar acesso e liberdade de ação às ONGs estrangeiras;
- ter regime político pluripartidário, com eleições periódicas;
- respeitar os direitos humanos, civis e políticos;
- exercer política de tolerância religiosa;
- não organizar forças armadas autônomas em doutrina e equipamento;
- não desenvolver industrias nas áreas das armas de destruição em massa;
- não celebrar acordos, em especial militares, com os Estados Adversários, Rússia e China;
- não cooperar com as “Províncias” “rebeldes”;
- apoiar às iniciativas dos Estados Unidos, em especial em relação aos Estados Adversários e às “Províncias” “rebeldes”.
- O Império pode tolerar, de acordo com sua conveniência e dependendo das circunstâncias internas e externas de cada Estado (Província), o desrespeito a algumas dessas normas, mas exerce pressão constante para forçar seu cumprimento, tendo em vista a missão superior que se atribui de defender e fazer cumprir os valores americanos que considera universalmente válidos e incorporados a essas normas.
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- As características da inserção do Brasil como “Província” subdesenvolvida, de grande potencial e desarmada no sistema internacional imperial é importante para compreender sua situação interna e também para o futuro do Brasil a médio e longo prazo e o longo prazo é, em realidade, construído no dia a dia.
- A partir desta visão, a questão do Conselho de Segurança das Nações Unidas é central. O Conselho é o centro político-militar do sistema internacional. Grupos econômicos como o G-7 e o G-20, apesar de sua relevância, não têm capacidade jurídica e poder político e militar para impor sanções e usar a força.
- Os Membros Permanentes estão fora do alcance da ação do Conselho já que podem impedir, pelo poder de veto que detêm, o exame de qualquer tema e a adoção de qualquer medida contra seus interesses. Estão, assim, de fato, acima do Direito Internacional.
- A capacidade do Conselho de Segurança de tomar decisões contrárias aos interesses econômicos, políticos e militares de médio e longo prazo do Brasil em relação a outros Estados mas também em relação ao próprio Brasil e a seu entorno regional mais próximo, faz com que permaneça válido e permanente o objetivo estratégico para o Brasil de ingressar no Conselho. Portanto, uma ampla e persistente ação política, diplomática e econômica para buscar o apoio de 2/3 dos Estados membros das Nações Unidas, e inclusive dos Membros Permanentes, é necessária para emendar os artigos da Carta que definem a composição do Conselho.
- As características de território e população, de recursos de solo e subsolo, de parque industrial, de mercado interno, de desenvolvimento científico e tecnológico fazem com que o Brasil possa aspirar, caso assim decidisse a vanguarda de suas classes hegemônicas, à situação política e econômica de Grande Potência no sistema internacional.
- Todavia, a ascensão do Brasil à condição de grande Potência e, portanto, o ingresso de mais um Estado no círculo privilegiado de decisão e ação de Poder internacional não interessa ao Império Americano (a Washington) e a aquelas suas “Províncias” mais desenvolvidas, Reino Unido e França.
- Não é do interesse do Império Americano a emergência, em qualquer região do mundo, de uma Potência capaz de reduzir sua influência política, militar, econômica e ideológica naquele Estado e na região e que venha a poder reivindicar o ingresso no círculo privilegiado de Poder em que se encontram as “Províncias” que são membros permanentes do Conselho de Segurança e países legalmente portadores de armas nucleares, privilégio a eles concedido pelo TNP.
- Não é igualmente do interesse da Alemanha e do Japão a emergência do Brasil como Potência. Esses dois Estados, que são duas Potências históricas, e hoje duas das maiores economias do mundo, de grande dinamismo científico e tecnológico (e de potencial militar) aspiram recuperar sua plena soberania e seu status político no sistema internacional. A emergência do Brasil tornaria mais difícil o processo de sua recuperação política.
- Igualmente não interessa à Rússia e à China, Estados Adversários do Império, a emergência do Brasil pois antes, ou ao mesmo tempo, teriam de tratar da “ressurreição política” do Japão e da Alemanha, ao que RPC e Rússia se opõem e que poderia levar à reforma do Conselho de Segurança para incluir dois Estados que foram seus ferozes inimigos na Segunda Guerra, quando a União Soviética sofreu 25 milhões de mortes e a China 35 milhões.
- Não interessa aos Estados latino americanos, em especial ao México, à Argentina e à Colômbia, a ascensão do Brasil à condição de Grande Potência, pois esta ascensão consagraria a posição regional de preeminência do Brasil. A oposição ativa que exerceram através do chamado Coffee Club na ONU contra a expansão do Conselho e contra a concessão de uma cadeira para o Brasil revela claramente esta atitude.
- Assim, não é prudente e realista nutrir ilusões diante de eventuais manifestações de apoio às pretensões brasileiras de ascender a esse círculo de Poder privilegiado, que é o Conselho de Segurança.
- A estratégia que o Brasil deve adotar para ingressar no círculo central da política internacional vai além da ação diplomática mas não a exclui.
- A situação do Brasil como “Província” subdesenvolvida do Império Americano, as manifestações do Presidente Jair Bolsonaro, e de seus Ministros, de alinhamento, irrestrito, às políticas e iniciativas do Império durante o Governo Trump, em relação a Israel; a Cuba; à China; a Direitos Humanos; à Venezuela; uma percepção pessimista e egoísta das classes hegemônicas brasileiras sobre as possibilidades e o destino do Brasil tornam difícil, mas não impossível elaborar e executar uma estratégia consistente e eficiente de política externa e interna, passado este momento terrível da História brasileira. O Governo Democrata de Joe Biden definirá uma nova estratégia para Washington e o Império Americano.
- Todavia, por longo tempo, a competição entre a China e os Estados Unidos permanecerá como o tema central da política internacional, assim como a situação das “Províncias”, entre elas o Brasil, e o que delas se exigirá neste embate.
- Assim, o presente ensaio se dedica de início à atual competição entre Estados Unidos e China e somente em seu capítulo final trata das circunstâncias do Brasil neste cenário e da estratégia, política, econômica e militar interna e externa que o Brasil poderia seguir, complexa e delicada, para conquistar gradualmente as condições para sua ascensão internacional.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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