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    Luiz Alberto Gómez de Souza

    Formado em Ciências Jurídicas e Sociais, pós-graduado em Ciência Política, doutor em Sociologia. Autor de mais de cem artigos em revistas brasileiras e internacionais e colaborador e organizador de vários livros

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    Estamos em guerra: o inimigo é o novo coronavírus

    É hora de uma ampla frente na defesa da vida dos brasileiros. Ali deveriam estar Parlamentares dos mais diferentes Partidos, Governadores de diversas tendências, um Judiciário tímido e, gostemos ou não, setores militares. O risco que corremos é que estes, que vieram para ficar pouco tempo em 1964, se eternizem por muitos anos

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    Esta é a urgência do momento. Uma equipe competente no Ministério da Saúde elaborou um plano em execução, com a melhor formulação possível, contando com o apoio de Governadores e Prefeitos e, timidamente, do Legislativo e do Judiciário. Militares, na sombra, se somam a eles e passaram a ser, possivelmente, o elemento determinante. O Ministro Luiz Henrique Mandetta foi, ao que parece, blindado por eles. Em texto anterior eu falava de um possível “presidente operacional” militar.

    Do outro lado, temos um presidente despreparado e corroído pela inveja, capaz das mais inesperadas e doidas reações. Ele e seu entorno fascistoide talvez poderão tentar reverter a situação. Não esqueçamos que contam com cerca de um terço de uma população mal informada e em parte irracional. Temos de estar preparados para gestos desatinados. Militares serão, gostemos ou não, novamente decisivos.

    Vemos analistas preocupados com a presença dos militares como fiadores do processo que levou, nesta segunda-feira, à manutenção do Ministro da Saúde. Parece terem esquecido a presença deles, constante, em sentidos diferentes, em nossa história republicana. Os jovens Tenentes obrigaram Artur Bernardes, em 1922, a governar em permanente estado de sítio. Foram os chefes militares que, em 1930, mandaram Washington Luís para o exílio e abriram caminho para Vargas e os Tenentes. Eles avalizaram o Estado Novo em 1937 e, anos mais tarde, em 1945, terminaram com ele. Levaram o Presidente Constitucional Vargas ao suicídio, em 1954 e, com o General Lott à frente, possibilitaram a posse de Juscelino em 1955, ditando o esdrúxulo “retorno ao constitucional vigente”. Poderiam ter enquadrado Jânio em 1961, se esse não tivesse caído afogado em sua bebedeira. Tentaram opor-se à posse de Jango nesse mesmo ano, mas foram neutralizados pelo Terceiro Exército do General  Machado Lopes. Em 1964, foi o Segundo Exército de Kruel, em São Paulo, que avalizou o movimento golpista cívico-militar. Endureceram em dezembro de 1968 com o AI-5 e outorgaram uma abertura no “prendo e arrebento” do General Figueiredo em 1978. A presença militar não é uma surpresa esporádica, mas, gostemos ou não, uma constante na frágil e contraditória construção democrática. Uma vez mais, parecem ser os avalistas do ministro Mandetta na luta contra o novo inimigo pandêmico.

    É hora de uma ampla frente na defesa da vida dos brasileiros. Ali deveriam estar Parlamentares dos mais diferentes Partidos,  Governadores de diversas tendências, um Judiciário tímido e, gostemos ou não, setores militares.

    O risco que corremos é que estes, que vieram para ficar pouco tempo em 1964,  se eternizem por muitos anos.

    Mas essa é outra batalha a ser preparada paralelamente desde já, num movimento civil, popular e democrático. Por esta noite festejemos a manutenção do Ministro Mandetta e uma possível neutralização de um Presidente esquizofrênico.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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