Eu existo e resisto
Eu escrevo artigos há muitos anos. Já fui censurado, sofri inúmeras tentativas de me impedirem de escrever, mas resisti a tudo e a todos. Continuarei escrevendo enquanto sentir prazer em fazê-lo. No dia que perder esta vontade incontida de colocar as palavras no papel e publicá-las, paro e vida que segue. Mas será uma decisão minha, não uma imposta por alguém.
Quando escrevo, sinto que compartilho meu pensamento. Não tenho nenhum objetivo além de dar a quem me lê uma oportunidade de saber o que me passa na mente naquele momento. Diferentemente de muitos outros companheiros das letras, eu escrevo de supetão. Todo sábado pela manhã, reservo um tempinho para isso. Escolho um tema e as palavras vão sendo tecladas no computador. Concluído, eu o publico. Sei de outros que o fazem com muito mais tempo e dedicação, maturando a ideia, escrevendo, apagando e reescrevendo até que estejam felizes com o resultado para publicação. Não é o meu caso.
Eu não diria que meu “estilo” seja melhor ou pior que os demais. Apenas conto a vocês que me leem. Acho que merecem saber como crio meus artigos e que toda crítica é bem-vinda, ou quase todas. Escrevo sobre muitos temas. Em uma semana posso falar de política brasileira, em outra de política israelense. Posso tratar de um assunto específico ou ser genérico. O que existe em comum, é que meu campo é o de esquerda, minha ideologia é de esquerda, minha visão de mundo é de esquerda.
Nos anos 80 eu tive a experiência de viver em uma fazenda coletiva de Israel, um Kibutz. Vivi o socialismo na prática, uma vida onde o bem maior é o coletivo, onde todos trabalhavam, na medida do possível onde desejavam, mas recebiam o mesmo salário e tinham os mesmos direitos. Nas assembleias gerais tudo era votado e decidido de acordo com a vontade da maioria.
Eu participei de todas as campanhas a presidência de Lula. Ajudei a eleger o primeiro vereador do PT de Porto Alegre, Antônio Hohlfeldt. Trabalhei voluntariamente nas campanhas de Flávio Koutzi para deputado, entre outros. Sempre votei em candidatos do PT em todas eleições para todos os cargos eletivos.
Falo tudo isto para esclarecer que se somarem 1 + 1 será possível compreender que sou judeu, sou sionista e sou socialista. Isto é o que me define como ser humano. E claro que esta definição atrai a ira de muita gente. Por ironia do destino, tanto da direita como da esquerda. Uma espécie de Geni, como na canção de Chico Buarque.
Muita gente lê minhas publicações no Brasil 247 onde sou colunista. Tenho inclusive leitores fanáticos que aguardam ansiosamente pelos sábados. São assíduos comentaristas de tudo o que escrevo, mas seus comentários tem um teor agressivo e antissemita. Eu nunca respondo e, no entanto, toda semana eles estão lá.
Um deles, não importa o tema, sempre escreve que Israel não tem o direito de existir porque somente judeus recebem a cidadania. Ele repete isto como um mantra toda a semana mesmo que eu tenha falado sobre o sexo dos anjos. O interessante é que trabalho com um israelense muçulmano. Meu genro que é católico, acaba de chegar em Israel e deve receber a cidadania em cinco anos, que o tempo que leva todo o processo para aqueles que não são judeus e desejam a cidadania israelense. Nada diferente de outros países com relação aos estrangeiros que buscam se naturalizar em outros países. Israel aceita a dupla cidadania, ao contrário de outros países como o Japão, por exemplo.
As vezes também recebo comentários assim: “O anti semitismo vem desde os tempos dos faraós.
Quem dava golpes, que tipo de cabeça da comunidade dava golpes nos faraós, nos sacerdotes, nos comerciantes e outras classes ricas daqueles tempos?
O que resultou no primeiro Holocausto e na expulsão de toda a comunidade do país dos faraós, praticamente TODOS inocentes das canalhices perpetradas pelos cabeças gananciosos e doentios.
Que tipo de cabeça deu o golpe da Bolsa de 1929/30, jogando na miséria mais de 60% do povo americano e demais países capitalistas?”
Também existem os que escrevem: “Judeu de merda, me dá teu endereço, que eu covardemente vou te visitar com 5 amigos armados, cada um com duas pistolas carregadas, quando botar duas pt na tua cara, e meus comparsas na cara dos teus filhos pequenos e esposa, aí tu vai entender o que um palestino sente contra um inimigo armado e covarde.”
São comentários pontuais que não representam o conjunto dos leitores. Eu os trago neste artigo para ilustrar o que existe dentro da esquerda. Uma amostra do sectarismo na nossa trincheira. Eles se dizem de esquerda, há quem concorde. Felizmente uma minoria que extrapola toda a nossa humanidade como esquerdistas que lutam por um mundo melhor.
Neste ano teremos finalmente a chance de trazer Lula de volta a presidência e eu, mesmo de longe vou estar fazendo mais uma vez campanha para ele e candidatos do PT. E vocês?
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: