Falácia bolsonarista visa pautar o debate público e contestar as eleições
Cesar Calejon elenca desafios do campo progressista. "Derrotar o governo Bolsonaro nas urnas e enfrentar o 3° turno que será promovido até o fim do ano"
Por Cesar Calejon, para o 247
A mais recente teoria da conspiração inventada pelo bolsonarismo não surpreende. Há anos, Jair Bolsonaro e, consequentemente, o seu secto vêm afirmando que não aceitariam a derrota nas urnas.
Contudo, em uma semana péssima para o atual governo – com o atentado promovido contra policiais federais pelo ex-deputado Roberto Jefferson e o flerte de Paulo Guedes com o fim da indexação do salário mínimo com base na inflação – e a apenas três dias do segundo turno das eleições presidenciais, a mais recente falácia bolsonarista envolvendo as supostas inserções deficitárias nas rádios do nordeste tem dois objetivos centrais: pautar o debate público e preparar o terreno para a contestação do resultado em caso de derrota no próximo domingo.
Conforme demonstram as sondagens de todos os principais institutos de pesquisa do país, Bolsonaro está atrás de Lula na corrida presidencial por uma margem que varia entre 5 e 6 pontos percentuais.
Para agravar a situação do bolsonarismo, os últimos dias trouxeram péssimas notícias para o governo, que se viu na obrigação de sair da defensiva. Considerando a lógica segundo a qual o ataque é a melhor defesa, Bolsonaro colocou em pé uma narrativa segundo a qual os bolsonaristas e a extrema-direita seriam as vítimas de um poder Judiciário parcial, que estaria fraudando o processo eleitoral a favor do Partido dos Trabalhadores.
Em alguma medida, funcionou. Prontamente, a grande mídia esqueceu o caso Roberto Jefferson e não falou mais sobre os absurdos propostos por Guedes contra os assalariados brasileiros. Ambos temas que se provaram sensíveis e potencialmente deletérios para a campanha de Bolsonaro.
Além disso, a teoria da conspiração bolsonarista também servirá o propósito de engrossar o conjunto de artifícios e falácias que serão usadas a partir de segunda-feira da próxima semana para contestar a validade das eleições, caso Bolsonaro seja derrotado.
Nesse medida, resta ao campo progressista estar firme, atento, forte e coeso para duas tarefas fundamentais a serem executadas ao longo das próximas semanas e meses: derrotar o governo Bolsonaro nas urnas e enfrentar o terceiro turno que será promovido pelo bolsonarismo até o fim do ano. A luta ainda está longe do fim.
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* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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