Fascistas atrevidos ganham tempo com a afronta a Alexandre de Moraes
“Oswaldo Eustáquio desafia o ministro abertamente, enquanto outros são mais dissimulados”, escreve o colunista Moisés Mendes
O blogueiro Oswaldo Eustáquio é apenas um dos bolsonaristas mais atrevidos que debocham de Alexandre de Moraes. A diferença dele para outros que afrontam o ministro e o sistema de Justiça é que Eustáquio é um falastrão foragido que agora anuncia um livro com o título da sua provocação (‘Prenda-me se for capaz’), com uma foto de Moraes na capa.
A maioria não é de embusteiros do mesmo nível, mas sobrevive também dos seus blefes. Essa maioria, excluindo Bolsonaro, por ser um caso à parte, manda avisos ao ministro, à Polícia Federal e ao Ministério Público das mais diversas formas.
Eustáquio, escondido na Espanha, desafia Moraes a conseguir sua extradição, para que se cumpra a ordem de prisão preventiva por ataques às instituições.
Faz o que Allan dos Santos, foragido nos Estados Unidos, vem fazendo há mais tempo ao também enfrentar pedido de extradição: aposta que as autoridades locais, e muito menos a Interpol, não irão incomodá-lo.
Assim como os que menos explicitam seus deboches afrontam, dentro do Brasil, as decisões e vacilos da Justiça. Como os manés do 8 de janeiro que fugiram e outros que se negam a assinar acordos de persecução penal, para que confessem os crimes e não cumpram penas, e os grandes golpistas civis, em especial os endinheirados, até hoje impunes.
São esses civis com poder econômico os integrantes do último núcleo intacto do fascismo, que já viu tombarem, além dos manés, os operadores de ações golpistas, os mandaletes do entorno de Bolsonaro e até generais articuladores do golpe.
Os civis com dinheiro, que financiaram as estruturas da extrema direita, dentro e fora do Planalto, sustentando as ações das milícias digitais, dos bloqueadores de estradas, dos sabotadores de redes de transmissão de energia e, no varejo, dos manés do 8 de janeiro – todos esses continuam afrontando Moraes, com algumas aparentes sutilezas.
São afrontas que funcionam como apitos às bases, para que estruturas locais continuem mobilizadas. Circulam com certa desenvoltura, fazem até banquetes com gente do Judiciário, distribuem bilhetes da mega sena nas ruas e insistem em se manter como figuras públicas ativas do extremismo, tudo para que seus seguidores não esmoreçam.
A aposta na impunidade conta com o retardamento de deliberações que Ministério Público e Judiciário continuam protelando, dentro da estratégia de dar o bote na hora certa. Será que essas figuras continuam fortes a ponto de desafiar a imposição das instituições?
Um milionário que sempre desafiou a Justiça e continua se expondo como ativista ainda detém mais poder do que Braga Netto? É possível que um sujeito que juntou seus amigos endinheirados, para impedir a posse de Lula, inspire mais temor do que o mais importante general das engrenagens do bolsonarismo?
Nem chefes de facções criminosas desafiam polícia, MP e Justiça com a arrogância de certos golpistas. Talvez só os chefes das quadrilhas das emendas parlamentares, mas esses têm imunidades.
Por isso Eustáquio não deve ser visto como um caso muito fora da curva, mas apenas como um dos mais exagerados. O fascismo começa 2025 vislumbrando que – como já alertou o próprio Alexandre de Moraes – tudo pode mudar em 2026.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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