Fascistas, extremistas de direita, centro ou progressistas, eis a questão!
"Esperamos que os eleitores brasileiros sejam abençoados pelo raciocínio que os mova para a escolha de candidatos que melhor representem suas necessidades"
À medida que se aproxima o momento do voto, mais questionamentos povoam as mentes de boa parte dos eleitores brasileiros que ainda se mantém imune à cegueira que tomou conta da outra parte. São perguntas imprescindíveis que nessas eleições de outubro, nem sempre foram respondidas.
Uma fração dos candidatos da extrema direita têm assumido em seus discursos posturas incabíveis na cartilha do bom senso na política. Eles têm ultrapassado qualquer limite razoável com a finalidade precípua de destruir o oponente não só no campo moral, mas fisicamente. Vestem personalidades fantasiosas, tudo pelo poder e pelas vantagens que vão auferir do erário. Debocham do eleitor subestimando sua inteligência. Cadeirada e socos em São Paulo por Datena e Marçal, chapéu de palha em Porto Alegre pelo incompetente e falso capial Sebastião Melo, deixado de lado pelo ex prefeito José Alberto R. Fortunati, de quem foi vice e que conhece bem sua índole. Fortunati apoia a candidata Maria do Rosário para prefeita em 2025.
O panorama eleitoral é temerário, a falta de proposições consistentes de parte de seus atores revela de tudo um pouco, menos o caráter ético político. Com raras exceções, o que temos assistido têm nos causado imensa preocupação, pelo menos para as pessoas que ainda mantém certa consciência crítica. O país vive o fenômeno da dopamina barata, como refere o professor João Cezar de Castro Rocha ao mencionar a atual conjuntura da vida de muitos brasileiros, que enfrentam todos os dias as intempéries de suas precárias condições de existência. Estes eleitores são alvos certeiros de narrativas enganosas.
Num país como o Brasil em que há profundas contradições, a fome x abundância alimentar, riqueza x pobreza, centro x periferia favelada, existem abismos que precisam ser amplamente problematizados, resolvidos, ou na pior das hipóteses, minimizados. Todavia, o que assistimos é uma cantilena repleta de promessas de má fé a enganar, a cada eleição, o povo ingênuo que precisa de comida, de creches, de trabalho, de educação, de saúde, de bons transportes e não de ilusões ou presentinhos de ocasião, como os ofertados nas campanhas.
Outro aspecto preocupante são as surpresas no ranking das pesquisas de intenção de votos. Candidatos, comprovadamente ardilosos, têm conquistado aderência do povo da periferia, ou daqueles que se identificam com suas aparências caricatas de homens que venceram a despeito de suas parcas condições materiais. O que não é revelado, são os esquemas ilegais que utilizaram, os crimes que cometeram para amealhar a imagem do pobre que venceu na vida pelo esforço próprio. Assim, Pablo Marçal vai enganando jovens e pessoas maduras já esgotadas por viverem na miséria. As promessas de prosperidade pelos candidatos da extrema direita jorram nas mentes fracas pela falsa esperança de um dia estarem no topo do poder econômico.
Candidatos como Marçal em São Paulo, como Sebastião Melo em Porto Alegre ou Alexandre Ramagem no Rio de Janeiro, utilizam perigosas estratégias simbólicas extremamente convincentes. Não é à toa que pontuam ao lado de candidatos progressistas com propostas possíveis de serem edificadas para a melhoria da qualidade de vida da população, a partir da adequada funcionalidade das cidades, como Boulos (São Paulo/SP), Maria do Rosário (Porto Alegre/RS) e Tarcísio Motta (Rio de Janeiro/RJ) respectivamente.
O que está acontecendo com os políticos da ala progressista que não estão conseguindo chegar à maioria dos eleitores? O que importa na atual comunicação digital entre o político e o povo? Que estratégias impactam melhor a consciência do eleitor, durante a fase das campanhas eleitorais?
Em tempos de acesso majoritário às redes sociais pelos eleitores de todas as faixas etárias, em que as imagens dizem mais do que as palavras, as frases curtas e provocadoras em vídeos rápidos mexem mais com a reflexão do eleitor, talvez aí resida parte das respostas às perguntas do parágrafo anterior.
As campanhas têm seguido o script tradicional, o mesmo de sempre, os velhos e bolorentos debates na TV que nunca foram tão enfadonhos como os atuais, a não ser quando rolam cadeiras e pontapés. O horário da propaganda eleitoral nunca foi tão esquecido, pois a antiga receita não acompanha a modernidade digital. O eleitor não se prende mais a este estilo superado. Atualmente a atração ocorre pela performance dos candidatos no meio digital.
Parte dos eleitores cansados pela vida sofrida, pelas necessidades imediatas não atendidas caem na esparrela dos que venceram a qualquer preço, navegam nos discursos digitais deprimentes do ex coach Pablo Marçal e sua coleção de golpes ou do falso capial Melo com seu chapéu de palha que veio da roça e venceu.
A propósito da necessária inovação nas campanhas, há alguns exemplos que têm surtido efeitos reflexivos, junto ao eleitor. Nas últimas semanas, o deputado estadual do PT/RS- Leonel Radde, inovou com uma comunicação inteligente e criativa. Em poucos segundos os seus vídeos atingiram a atenção do eleitor, mais do que qualquer discurso. A veiculação nas redes sociais de material digital sobre a verdadeira realidade de Porto Alegre após as enchentes, com sátiras apresentadas em imagens, acompanhadas de músicas conhecidas de filmes de sucesso, com falas e bordões utilizados pelo adversário da direita bolsonarista, Sebastião Melo, repercutiu de forma instantânea no eleitor. Em poucas horas, os vídeos curtos de apoio à campanha da candidata Maria do Rosário do PT, alcançou milhares de curtidas. Isto significa que o eleitor valorizou a comunicação e o que foi transmitido como recado eleitoral pelo deputado Radde. Os tempos mudaram, os candidatos progressistas têm e devem modificar sua comunicação com o eleitor.
Outro aspecto importantíssimo a considerar é o retorno da aproximação do político ao povo, não só no período de eleições. Os políticos devem estar onde o povo está. Ouvir os problemas que os afligem, construir com eles as propostas. Os candidatos da esquerda burocratizaram suas atuações. Esqueceram que devem sair de seus gabinetes mais vezes para a escuta ativa do povo. Poucos conservam essa postura de proximidade. Essa configuração política passiva da esquerda tem dado lugar ao aumento de políticos da extrema direita na composição das câmaras legislativas e nos poderes executivos estaduais e municipais.
Por meio do uso de meios de comunicação direta com o povo, a extrema direita fascista, com presença constante nos templos neopentecostais, com o discurso de ódio à esquerda, com sua pauta conservadora sobre costumes tem amealhado uma expressiva aderência do povo. Um exemplo contundente nessa reta final da campanha é o aumento da intenção de votos para o candidato da extrema direita, o bolsonarista Alexandre Ramagem, à prefeitura do Rio de Janeiro. Ele conta com o apoio dos milicianos, uma realidade evidenciada no aliciamento bolsonarista do povo e com parte dos evangélicos da fé neopentecostal. As ilegalidades cometidas, enquanto chefe Geral da Abin, parece ter caído no esquecimento. O candidato tem abordado com veemência o tema da segurança, uma necessidade emergente sentida pelos cariocas, que veem na sua “figura de delegado” uma possibilidade de melhoria, embora suas propostas sejam absolutamente irrealizáveis.
Frente a essa realidade complexa acerca do avanço da extrema direita nos poderes institucionais e a urgência da defesa de pautas importantes negadas por ela, como a crise climática ambiental; o aumento do armamento do povo; a negação da ciência; o freio nos avanços da pauta de costumes; a subserviência da extrema direita à parte da elite econômica inescrupulosa, virar esse jogo é uma necessidade premente.
Encerro essa reflexão à véspera da escolha de quem representará o povo, com uma frase célebre de Nelson Mandela, ao ganhar o Prêmio Nobel da Paz: “Esperamos que eles possam ser abençoados com o raciocínio, o suficiente para perceber que a história não pode ser negada e que uma nova sociedade não pode ser criada a partir da reprodução de um passado desagradável, por mais que se tente disfarçá-lo ou reconstruí-lo".
Esperamos que os eleitores brasileiros sejam abençoados pelo raciocínio que os mova para a escolha de candidatos que melhor representem suas necessidades, numa perspectiva que não reproduza o passado desagradável. O país precisa avançar no verdadeiro cuidado humanizado do povo por meio de representantes com histórias de vida e de trabalho honestas.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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