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    Fidel Castro entre a absolvição e a condenação pela história

    São poucos os homens de Estado do mundo que conseguem criar em torno de si uma grande unanimidade sobre a sua herança histórica. As contradições giram em torno de vários políticos, de diferentes países e ideologias, sobre qual a marca que deixaram no mundo. Fidel Castro é um grande exemplo dessa divisão

    Cuba's former president Fidel Castro attends the closing ceremony of the seventh Cuban Communist Party (PCC) congress in Havana, Cuba, in this handout received April 19, 2016. Omara Garcia/Courtesy of AIN/Handout via REUTERS (Foto: Heloise Guarise Vieira)

    De todos os líderes de Estado dos últimos cinquenta anos, poucos causam tamanha divisão de opiniões como o antigo líder cubano, Fidel Castro, falecido na última sexta-feira. Em 1953, ao ser julgado por uma tentativa fracassada de tomar o poder de Fulgencio Baptista, Castro declarou "a história me absolverá". Mesmo que a Revolução Cubana tenha sido vitoriosa em 1959, a história ainda está dividida sobre os fracassos e sucessos do político caribenho.

    Não há dúvidas de que o regime de Fidel Castro logrou sucesso em várias áreas relevantes, como a saúde pública, educação básica, moradia digna para todos os habitantes, mesmo com pesadas sanções econômicas e bloqueios que recaíram sobre Cuba desde o estabelecimento do governo revolucionário. Por outro lado, deve ser notado que o sistema unipartidário e os problemas com a liberdade de expressão são argumentos fortes utilizados por opositores ao regime.

    O autoritarismo instalado em Cuba é um dos grandes problemas observados por Organismos Internacionais de proteção dos Direitos Humanos. Muitos imigrantes cubanos veem o regime de Castro como um sufocador de liberdades individuais e um limitador econômico, devido ao pouco avanço da ilha no comércio internacional.

    Grande crítico da globalização, à qual atribuía a um expansionismo dos EUA, Castro foi uma inspiração a vários movimentos de esquerda latino-americanos. A vitória e manutenção do socialismo inflamou vários movimentos e partidos de esquerda na região. Uma união contrária aos interesses das grandes potências, segundo o líder cubano, fortaleceria a região, econômica e politicamente. Essas declarações, no entanto, pioraram as relações com os Estados Unidos, que apenas voltaram a tratar com Cuba após a saída de Fidel Castro do poder.

    São poucos os homens de Estado do mundo que conseguem criar em torno de si uma grande unanimidade sobre a sua herança histórica. As contradições giram em torno de vários políticos, de diferentes países e ideologias, sobre qual a marca que deixaram no mundo. Fidel Castro é um grande exemplo dessa divisão. Entre os grandes admiradores dos resultados apresentados e os que buscam maior justiça social e democracia para Cuba, não há dúvidas que o líder cubano não passou desapercebido do mundo. A absolvição histórica que o então guerrilheiro chamava sobre si, porém, não aconteceu, e tampouco deve ser esperada para os próximos anos.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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