Fim e começo
A cassação do ex-presidente da Câmara, que considerava a si mesmo todo-poderoso, é um ato de justiça, pois seus métodos de fazer política são nefastos e devem ser erradicados do cenário político
Em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, em março de 2015, o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou possuir contas na Suíça. No entanto, após investigações, ficou comprovado que ele era titular não apenas de uma conta, mas de cinco.
A gravidade desta revelação levou o parlamentar à Comissão de Ética da Câmara. Mas só nesta segunda-feira (12/9), depois de ter desfiado 11 meses de artimanhas e manobras para se esquivar, Cunha foi finalmente julgado pelos seus pares. Numa sessão histórica, o hoje ex-deputado foi cassado por 450 votos favoráveis, 10 contra e 9 abstenções por quebra de decoro parlam entar.
O peemedebista ainda é acusado de receber pelo menos US$ 5 milhões como propina em um contrato da Petrobras com um estaleiro. Neste processo, Cunha responde pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Além disso, pesam contra ele outros seis inquéritos, um pedido de abertura de investigação, uma ação de improbidade e de uma ação cautelar com pedido de pri são.
A Justiça Federal no Paraná pode receber a ação penal em que Cunha é réu por ter contas não declaradas no exterior e, provavelmente, uma ação cautelar com pedido de sua prisão. Assim sendo, o ex-deputado terá portas abertas para negociar um acordo de delação. Mesmo depois do julgamento, as chantagens e manobras serão o carro-chefe do peemedebista - ele até já promete escrever um livro sobre os 'bastidores' do impeachment.
Já no meu primeiro ano de legislatura como deputado federal, integrei o Conselho de Ética e votei pela continuidade do processo contra Cunha, deixando muito claro que eu não cederia às suas chantagens e não participaria de acordos para preservá-lo.
A cassação do ex-presidente da Câmara, que considerava a si mesmo todo-poderoso, é um ato de justiça, pois seus métodos de fazer política são nefastos e devem ser erradicados do cenário político. Nestes mais de 20 meses de mandato, Cunha patrocinou o golpe de Estado que levou Temer ao Planalto, manobrou regimentos e incitou a violência e o ódio no país. Sua saída interrompe uma ação corrosiva contra a democracia brasileira, mas não corrige os estragos que causou.
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