Finalmente nasce um coletivo de rock no RJ
Todos os membros são pessoas que já fazem trabalhos na área há anos, com alguns que estão desde os anos 80 na labuta
No artigo anterior, eu abordei um pouco sobre as dificuldades dos artistas autônomos, que não tem ajuda ou acesso aos financiamentos, patrocínios e empresários, para conseguir levar as suas carreiras em direção ao sucesso, assim como há uma dificuldade por parte do público que também não tem condições materiais e logísticos para consumir arte e cultura que não estão disponíveis na grande mídia, como a tv e o rádio, tendo como agravante o fato de que todas as características ruins presentes nessa mídia tradicional está indo configurar da mesma forma os conteúdos das redes sociais e internet em geral, asfixiando e dificultando ainda mais a possível relação entre o artista independente e o público consumidor.
Como meu trabalho autoral é o rock, me foquei mais na questão da falta de oportunidades da comunidade roqueira, em se firmar como auto suficiente, dando exemplo inclusive de uma reunião com trabalhadores do rock que eu tinha participado, criado com o intuito de se discutir formas de fomentar a cena do rock no Rio de Janeiro, e percebi que a situação era tão precária, a ponto de lendas do rock lá presentes relatarem terem dificuldades de preencher um edital ou de ter acesso a patrocínios, etc; ou seja, se eles que já são famosos não conseguem, imagina nós que somos anônimos. Você pode conferir esse texto aqui: https://www.brasil247.com/blog/o-que-o-artista-independente-e-o-povo-tem-em-comum
Mas foi também nessa reunião, mais especificamente após o seu término, que ocorreu o que poderíamos chamar da criação do mais novo coletivo de rock da cidade carioca, o Rio+Rock.
O coletivo Rio+Rock tem como objetivo, desenvolver uma série de trabalhos voltados para a realização de shows, captação de patrocínios, capacitação de operários do rock para a obtenção de conhecimento e técnicas para a participação em editais, noções de contabilidade e leis culturais, etc, sempre tendo o foco nas bandas autorais, pois são essas as que encontram as maiores dificuldades artísticas e por terem, como o próprio termo já diz, obras de cunho autoral, não sendo cópias de nada. Ainda mais com as mudanças na sociedade que ocorrem de maneira tão rápida, é mais urgente a promoção daquilo que é novo, em detrimento do antigo que já tem a estrutura montada a seu favor.
Com reuniões internas semanais preparatórias, entrevistas, lives no perfil do Instagram, e matérias publicadas em diversos sites informativos, o coletivo já se manifesta e mostra a que veio, mesmo antes do lançamento oficial, dando a entender que realmente é algo que tem grandes chances de prosperar e gerar frutos a médio e longo prazo.
Todos os membros são pessoas que já fazem trabalhos na área há anos, com alguns que estão desde os anos 80 na labuta, sempre direcionado ao rock e especialmente ao rock autoral. Produtores, músicos, jornalistas, fotógrafos, designers, etc, unidos com a determinação de fazer ressurgir das trevas a onda rock n roll que teve o seu auge nos anos 80, mas que apesar de hoje contarmos com uma geração totalmente diferente daquela época, em termos de mentalidade, acesso às novas tecnologias, formas de se vestir, de falar e de se divertir, o estilo musical rock é tão amplo que acaba sendo algo atemporal, mas é claro, desde que ainda exista indivíduos que tenham disposição para mantê-lo como tal, seja com financiamento, ou com realização de eventos, e consequentemente de divulgação, dando abertura e possibilidades para os novos artistas se apresentarem, e quem sabe, consigam ademais chegar ao estrelato, como seus ídolos do passado chegaram.
Um diferencial a respeito desse coletivo, que é importante ser relatado aqui no texto, é que ele traz junto de si a possibilidade de se corrigir dois grandes problemas constantemente falados em discussões diversas, que são: o conservadorismo atual envolvendo tanto os artistas do rock, quanto de parte do seu público e também, da baixa presença de jovens e excesso de velhos em seus ouvintes. Assistindo as lives no Instagram do coletivo, é fácil de identificar essa preocupação na resolução desses problemas, desde ampliando o público, dando espaço que antes não havia para, por exemplo, a comunidade LGBT+, as mulheres, os jovens, além de incentivar uma maior aproximação com o poder público, fazendo indiretamente um trabalho de conscientização para a cidadania, pois muitas vezes, esquecemos que o Estado só existe porque nós cidadãos financiamos, e temos o direito de reaver esse financiamento, em forma de projetos sociais, e no nosso caso, em apoio a cultura musical nacional.
A estreia oficial do coletivo Rio+Rock acontecerá no mês de julho, na semana em que se comemora mundialmente o dia do rock, e será durante vários dias. O primeiro ocorrerá no dia 13, no Calabouço Rock Bar, no bairro Vila Isabel; dia 14, no Rock Experience Rio, na Lapa; e nos dias 15 e 16 na Casa de Cultura Laura Alvim, no bairro Ipanema.
As pedras, enfim, voltam a rolar.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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