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    J. Carlos de Assis

    Economista, doutor em Engenharia de Produção pela UFRJ, professor de Economia Internacional na Universidade Estadual da Paraíba e autor de mais de 20 livros sobre economia política.

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    Flávio Dino e a sucessão

    "Flávio Dino se destaca como figura combativa no STF, enfrentando adversários poderosos com ampla exposição midiática e boas relações no Judiciário e Congresso"

    Ministro Flávio Dino na sessão plenária do STF (Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF)

    Em face da degradação de praticamente todas as instituições da República, especialmente do Congresso, estava começando a perder a esperança com o futuro do Brasil. As infames emendas parlamentares, que só em 2024 custaram ao povo cerca de R$ 50 bilhões, tem sido um insulto à opinião pública; no Judiciário tem sido comum que a Justiça solte em audiências de custódia manipuladas criminosos com imensa ficha criminal que voltam às ruas para assaltar e matar; já o Executivo, institucionalmente fraco diante de um Legislativo com poder absoluto, não consegue que suas pautas sociais sejam aprovadas.

    Tudo isso poderia ser considerado tolerável, inclusive a brutal presença do crime organizado disseminado por todas as metrópoles brasileiras, com evidente cumplicidade das polícias estaduais e da política, caso 2026, com as eleições gerais, representasse uma oportunidade de mudança de cima para baixo na sociedade brasileira. Entretanto, não representa. Ou pelo menos não representava até que um único ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, entrasse no jogo do combate à corrupção nas emendas do Congresso e nos pagamentos às ONGs.

    Isso mostrou que o Congresso de direita não tem poder absoluto no Brasil, mesmo que expresse uma maioria parlamentar. A esperança não está totalmente perdida, portanto. Mais importante que isso, porém, é que a ação individual de Dino, respaldada pelo resto do Supremo, restabeleceu a confiança do povo pelo menos nessa instituição, e chamou a atenção para a ação corajosa de um único homem que enfrenta de forma absolutamente sem medo e sem trégua os ataques dos criminosos que se escondem por baixo dos mandatos parlamentares.

    Antes da investida do ministro contra o “crime organizado” das emendas, o País parecia estar perdido, entre esquerda e direita, em relação às eleições de 2026. Nenhum dos dois lados parecia em condições de apresentar um candidato para ganhar. Lula, idoso e cansado, sobretudo depois dos últimos acidentes que sofreu, provavelmente não se candidatará às próximas eleições. Caso se candidate, não é certo que ganhe. E, se ganhar, para a Economia apenas repetirá o “arcabouço fiscal”, que, infelizmente, é uma trava ao crescimento do Brasil a altas taxas.

    Entretanto, não só no Brasil quanto no mundo, há uma tremenda falta de grandes lideranças nacionais com capacidade de mobilização efetiva das massas. Lula teve seu momento, mas sua luz está se apagando, em razão dos conflitos com o Congresso e do que isso representa de restrição a eventuais compromissos de campanha que apresentou e venha a apresentar. Haddad não tem carisma. Embora tenha ganhado as eleições para a Prefeitura de São Paulo, não teve boa gestão. Além disso, o exercício de um Ministério que se tem destacado por cortes nos gastos sociais não lhe garantirá grande popularidade.

    É nesse contexto que se destaca a figura de Flávio Dino. Num país em que tanto se falou historicamente e ainda se fala em combate à corrupção, muitas vezes sem apoio em fatos concretos, o ministro do Supremo se revela como um combatente atual, que se expõe diante do povo de forma objetiva, abertamente, com ampla cobertura da mídia, contra adversários poderosos, e com uma aura de heroísmo político que certamente lhe garante grande popularidade.

    Além disso, Dino tem excelentes relações com seus colegas do Supremo e com parlamentares de diferentes partidos com quem conviveu ao longo de vários mandatos na Câmara e, depois, no Senado. No Executivo, foi um excelente Ministro da Justiça e da Segurança Pública. Num momento em que o País passa por graves crises políticas que tem levado a manifestações de extremismo por parte de correntes de opinião divergentes, uma personalidade como a sua, no exercício da Presidência, seria um fator importante de conciliação.

    O PT tornou-se um partido fraco, depois do resultado das últimas eleições municipais, quando foi derrotado em quase todo o País. Na eventual ausência de uma candidatura de Lula, certamente não resistirá a que se construa, em torno do PSB de Dino, uma eventual aliança de partidos afins aos que compõem a base do atual governo. Na realidade, uma candidatura do PSB à Presidência seria um caminho natural para a sucessão, pois Geraldo Alckmin, também do PSB, foi o vice eleito com Lula, embora não tenha o carisma de Dino para disputar a Presidência.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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