Folha publica editorial infame
"A Folha de S. Paulo apresenta em sua edição de hoje um dos mais vergonhosos editoriais da imprensa brasileira em décadas", diz Paulo Moreira Leite
Com o título "Bola Fora", a Folha de S. Paulo apresenta em sua edição de hoje um dos mais vergonhosos editoriais da imprensa brasileira em décadas.
O assunto da Folha de S. Paulo é o tratamento que as instituições do Estado brasileiro tem dispensado ao jogador de vôlei Wallace de Souza, aquele que ofereceu uma espingarda calibre 12 a quem desse um tiro "na cara" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Wallace encontra-se impedido de retomar suas atividades esportivas até que a Justiça chegue a uma decisão final sobre seu caso.
Acredite: alegando que tudo não passou de uma "brincadeira de péssimo gosto", o jornal ataca as reações legítimas da Advocacia Geral da União para denunciar a ameaça à vida de Lula.
A procura de argumentos para sustentar uma tese estapafúrdia, a Folha pede ajuda às banalidades do pensamento neo-liberal e assim ajudar Wallace a escapar das regras do Estado Democrático de Direito.
É preciso ler para crer: "se Wallace fosse um servidor público, lotado em órgão federal, haveria pouco estranhamento na atuação de advogados do Estado num processo administrativo com vistas a sua expulsão da carreira." Como Wallace "é um profissional do setor privado, assim como privados são o comitê e a confederação nas quais a advocacia pública da União pretende se meter, o Executivo federal deveria se abster de usar o seu enorme poder de pressão e influência".
Resumo da jurisprudência trabalhista da Folha: embora Wallace tenha oferecido uma espingarda de grosso calibre para quem estivesse disposto a assassinar o presidente e, depois disso, tivesse se apresentado com uma pistola no Instagram em posição de ostensivamente agressiva, o melhor que o governo tem a fazer é conter "o ímpeto punitivista na reação a ataques ao mandatário".
Vamos ler de novo para entender. Conforme o editorial, o problema do caso não reside na violência criminosa de quem oferece uma armas de grosso calibre para cometer um assassinato político, mas no ímpeto "punitivista" de quem tenta investigar um caso grave e apontar responsabilidades por uma ameaça de assassinato e crime politico.
Parece loucura e é. Mas não é novidade na história de um grupo que, durante o período mais cruel da ditadura militar, transformou o segundo jornal da casa, chamado "Folha da Tarde", numa publicação que acobertava -- e até embelezava -- crimes de um regime que torturava e assassinava adversários, contribuindo na sustentação de uma época que jamais será esquecida pela vergonha e pelo horror.
Este é o risco provocado pelo editorial "Bola Fora".
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