Forças armadas inúteis sufocam, oprimem e traem o trabalhador brasileiro
O que vimos e ouvimos nas últimas declarações de militares no governo e fora dele, nos deixa preocupados. Um governo nacional-popular precisa definir um novo papel para as forças armadas brasileiras
Um governo nacional-popular precisa definir um novo papel para as forças armadas brasileiras ou assumir de uma vez por todas que elas são inúteis e sempre se colocarão contra os interesses dos trabalhadores e trabalhadoras, defendendo os interesses do imperialismo e da burguesia neocolonial.
O que vimos e ouvimos nas últimas declarações de militares no governo e fora dele, nos deixa preocupados. O general Santos Cruz, por exemplo, diante de todas as denúncias resultantes da apuração feita pela CPI do Genocídio, declarou que não há banda podre nas forças armadas brasileiras. Se o que o general afirma é verdade, o que nós temos então é que as forças armadas não têm uma banda saudável por serem elas todas podres. Não é possível que, diante do escândalo da Covaxin, do escândalo da cocaína no avião presidencial e de outros casos mais ou menos escabrosos, um general, mesmo que aposentado, faça uma afirmação como esta. Se ele pretendia defender as forças armadas, ele deveria lutar para que elas fossem limpas e excluir dos seus quadros aqueles elementos que se mostrarem corruptos e que ameacem a democracia e não defendê-los.
A reação do ministro da defesa e dos comandantes das três forças a respeito da declaração do presidente da CPI do Genocídio, senador Omar Aziz (PSD-AM), segundo a qual os bons e os honestos militares das forças armadas deveriam estar envergonhados pelo que está sendo noticiado na mídia, foi uma reação desmedida e incoerente. Eles publicaram uma nota oficial criticando Aziz e ameaçando a democracia. Perderam uma grande oportunidade de ficarem calados e não passarem vergonha nem recibo em público. Afinal de contas, eles deveriam estar mais interessados em criticar a participação de militares no governo genocida de Jair Bolsonaro, bem como de associar a imagem do exército, da marinha e da aeronáutica a um governo que utiliza o aparato estatal em prol da família Bolsonaro e se esforça para trair o Brasil e os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros. Ficaram ofendidos pelo apelo de Aziz ao bons e honestos. Estranho.
Essa nota do ministro da Defesa e dos comandantes militares, deveria criticar o fato de grande número de militares fazer parte de um governo que deixa a população morrer, que não compra vacina na hora certa, que reprime o povo e que tira seus direitos, que desmonta a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de ponta entre tantas outras coisas. Isso sim deveria incomodar aos militares, mas não os incomoda.
Na nota, os militares acusam a fala de Aziz de leviana e afirmam que as forças armadas não tolerarão nenhum ataque às instituições. Essa parte da nota chega a ser ridícula. O presidente da República já ameaçou fechar o STF, já ameaçou um golpe militar, já acusou pessoalmente ministros do STF, já ameaçou as eleições de 2022, já atacou essas instituições de maneira vil, mas o ministro da defesa e os comandantes se calaram covardemente, agindo como cúmplices diante desses ataques. Essas atitudes geraram instabilidade política no país, mas não o suficiente para abalar as forças armadas devido ao fato de que seus comandantes e seus membros da mais alta até a mais baixa patente se locupletaram até a alma com o governo do Genocida. Segundo o que podemos depreender das atitudes dos militares, para estes a única instituição que não pode ser atacada é aquela que mais ameaça a Constituição e a democracia no Brasil: as forças armadas.
Não satisfeito, o comandante da força aérea em entrevista, mesmo após a forte reação contra a nota emitida pelos militares, ameaçou mais uma vez, afirmando que homens armados podem agir de maneira mais livre.
O presidente do clube militar, como sempre equivocado, também criticou a CPI.
Não obstante, a CPI do Genocídio continua fazendo seu trabalho e está coletando dados que, cada vez mais, apontam para uma forte participação de militares nos esquemas de corrupção ligados à compra de vacinas. Segundo notícias mais recentes, indícios indicam que o ministro da defesa, general Braga Netto, estaria por trás do malogrado esquema de compra de vacinas Covaxin.
Um governo democrático e popular deve se ocupar, de maneira urgente, da formação que é ministrada aos suboficiais, oficiais e comandantes das três forças armadas. Da maneira como está, está se formando uma súcia de fascistas e traidores sem nenhum compromisso com o Brasil. Na semana passada houve uma reunião de altas patentes militares para discutir o comunismo como se estivessem ainda em plena Guerra Fria. Generais e oficiais ainda se referem ao PT como partido comunista. Este tipo de análise e afirmação é completamente fora da realidade. Trata-se somente de discurso puramente ideológico para manipular a opinião pública e desinformá-la. É preciso também selecionar melhor aqueles que ocuparão os altos postos militares. O Brasil está perplexo diante do baixo nível intelectual e cognitivo das altas patentes militares que têm se manifestado em público. Contudo, pior do que emitir discursos puramente ideológicos e sem conexão com a realidade é assumir posturas contrárias à ordem constitucional, contrárias à independência do Brasil, contrárias à defesa dos interesses dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros.
Se ainda existem setores honestos e nacionalistas nas forças armadas, o que realmente deve existir, estes são omissos diante dos setores reacionários, corruptos e traidores que se manifestam diariamente nas redes sociais e na imprensa.
A maneira como as forças armadas se comportam não interessa aos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros. Da forma como as coisas estão, as forças armadas tornam-se uma inutilidade caríssima ao país. Não defendem a quem devem defender, não cumprem com seus deveres constitucionais e usufruem de sinecuras e vantagens indevidas que pesam sobre os cofres públicos.
As reações institucionais à nota militar foram fracas, mas mesmo assim gerou mal-estar nas forças armadas a ponto de fazerem os signatários da nota alterarem seu discurso nos dias seguintes.
Os últimos acontecimentos mostram que importantes setores das forças armadas apoiam totalmente Bolsonaro e estarão ao seu lado em uma aventura golpista.
Os setores democráticos precisam ocupar as ruas, precisam pressionar o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira (PP-AL), para que ele paute alguns dos pedidos de impeachment que já foram impetrados contra Bolsonaro.
As ruas são a maneira mais eficaz e contundente que os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros têm para derrotar o governo Bolsonaro. A pauta das ruas tem que ser fora Bolsonaro, fora Paulo Guedes e lugar militar no quartel.
As manifestações do dia 24 de julho têm que mostrar força suficiente para acuar ainda mais Bolsonaro e obrigar Arthur Lira a pautar seu impeachment.
P.S.: Precisamos defender uma reforma constitucional que substitua o impeachment, instrumento utilizado pela burguesia neocolonial para retomar o controle do poder, pelo recall, instrumento que coloca nas mãos do povo a destituição daqueles que ele mesmo elegeu.
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