Francisco pede o contágio da esperança
Francisco nos alerta para três tentações. “Este não é o tempo da indiferença”. Jesus, hoje, dá esperança aos pobres, aos que vivem nas periferias, aos refugiados, aos sem teto”
O anúncio da Ressurreição foi proclamado pelo Anjo a três mulheres. Era o dia do grande silêncio, era “a hora mais escura, como é hoje para nós, a grande crise do coronavírus”. Aquelas mulheres, então, não se deixaram paralisar. Com sua profunda intuição feminina de saber cuidar, foram bem cedo ao sepulcro levar perfume para embeber o corpo de Jesus. Não tinham renunciado ao amor mas, ouvindo o anjo, sentiram desabrochar a Esperança. “Quantas pessoas, nos dias tristes que vivemos, fazem como aquelas mulheres, semeando brotes de esperança com pequenos gestos de solidariedade, de carinho e de oração”.
Nesse mesmo dia, em carta aos movimentos populares e organizações sociais, Francisco escreve: “se a luta contra o corona vírus é uma guerra, vocês são meu verdadeiro exército invisível”, que leva as armas da solidariedade, da esperança e do sentido de comunidade. “Vocês são os verdadeiros poetas sociais que, a partir das periferias esquecidas, criam soluções dignas para os problemas mais urgentes dos excluídos”.
Para Francisco, a crise desta pandemia é uma oportunidade para a humanidade repensar seus padrões de produção e de consumo, na direção oposta da competição, do individualismo e do lucro desmedido para poucos.
Ele pede o fim da idolatria do dinheiro, colocando a dignidade e a vida no centro. E cita os três grandes T: terra, teto e trabalho. Fala duramente do mercado deste sistema e dos “paradigmas tecnocráticos”.
Na grande mensagem natalina, quando deu sua bênção “urbe et orbi”, na direção contrária dos contágios mortais da pandemia atual, clama por um contágio diferente, transmitido de coração a coração, “o contágio da esperança”. “Cristo, minha esperança, ressuscitou”.
Francisco nos alerta para três tentações. “Este não é o tempo da indiferença”. Jesus, hoje, dá esperança aos pobres, aos que vivem nas periferias, aos refugiados, aos sem teto”.
“Este não é o tempo para egoísmos”. Denuncia a fabricação e comercialização de armas. Pede retomar o diálogo entre árabes e israelitas, pondo fim aos conflitos que ensangrentam a Síria, o Iêmen, a Ucrània.
“Este não é o tempo do esquecimento”. Exige que se cuide do coração e da dor dos refugiados e dos deslocados.
”Assim, palavras como indiferença, egoísmo, divisão e esquecimento não são as que queremos ouvir nestes tempos”.
E termina sua mensagem pascal suplicando que, Aquele que venceu a morte, dissipe as trevas que cobrem hoje nossa pobre humanidade.
Estes três textos de Francisco não se prendem ao passado, nem ficam em vagas intenções mas, com coragem e força profética, se dirigem e todos e cada um de nós, nestes dias de dor e morte. Saibamos ouvi-los e por em prática ensinamentos de amor e de esperança.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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