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    Leonardo Attuch

    Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247.

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    Freio de arrumação na Petrobras não deveria surpreender ninguém: Lula está apenas cumprindo uma promessa de campanha

    Com mais investimentos, a Petrobras vai criar mais valor para a sociedade e para seus acionistas com visão de longo prazo

    Os presidentes da República, Luiz Inácio Lula da Silva (à esq.), e da Petrobrás, Jean Paul Prates, em anúncio de retomada das obras da Refinaria Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

    Durante toda a campanha presidencial, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro que atacaria um dos problemas centrais da economia brasileira: a captura da Petrobras pelos acionistas minoritários a partir do golpe de estado de 2016, contra a ex-presidente Dilma Rousseff. Naquele ano, quando Michel Temer usurpou a presidência da República, uma de suas primeiras medidas foi a ingerência indevida na Petrobras, uma empresa pública, para favorecer o capital privado minoritário.

    Sim, a verdadeira ingerência na Petrobras ocorreu quando, a partir da nomeação de Pedro Parente, indicado pelo PSDB para o cargo, a Petrobras passou a cobrar preços abusivos da sociedade, impactando a inflação, e a vender ativos estratégicos para favorecer interesses privados. Ao mesmo tempo, a empresa adotou uma política de distribuição de dividendos criminosa, que transferia praticamente todos os seus resultados para os acionistas – o que nenhuma empresa do mundo faz. Com isso, Temer e Parente transformaram a Petrobras numa vaca leiteira para o capital parasitário.

    Os estragos causados por essa política foram evidentes. Greve dos caminhoneiros, aumento da inflação, volta da fome e o fortalecimento de um discurso falso: o de que uma empresa estatal praticamente monopolista vai bem quando lucra mais e transfere todos os seus resultados para o chamado "mercado". A Petrobras, no entanto, é uma empresa pública e que tem missões que vão muito além dos resultados financeiros. A principal delas é garantir o abastecimento no mercado brasileiro de combustíveis, com preços justos para os consumidores, reforçando a competitividade da economia nacional, sem abrir mão da solidez financeira.

    É exatamente este o caminho que vem sendo perseguido pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela gestão do atual presidente Jean Paul Prates, que, de forma gradual, tem conquistado avanços importantes. Prates implantou uma nova política comercial que reduziu a volatilidade dos preços, interrompeu o processo de liquidação de ativos, retomou investimentos importantes, como a da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, buscou um caminho de negociação para a retomada da Refinaria de Mataripe, na Bahia, e está construindo um caminho para a volta da Petrobras à distribuição de combustíveis. Tudo de forma negociada e segura, sem grandes conflitos com o mercado. Esta gestão tem sido tão habilidosa que, mesmo revertendo a catástrofe implantada por Pedro Parente, conseguiu fazer com que a Petrobras alcançasse seu recorde de valor de mercado há algumas semanas.

    O que aconteceu nos últimos dias, e que culminou ontem com a reunião no Palácio do Planalto entre Lula, Prates, diretores e vários ministros, foi apenas um freio de arrumação em relação à política de dividendos, que vinham sendo distribuídos de forma abusiva. Na entrevista que concedeu no mesmo dia ao SBT, o presidente Lula deixou claro que a Petrobras "tem que pensar nos 200 milhões de brasileiros e não apenas nos seus acionistas". Ele também deixou claro que o mercado não pode se comportar como um dinossauro voraz. Com mais investimentos e também com preços mais justos, a Petrobras vai criar mais valor para a sociedade e para seus acionistas com visão de longo prazo. Vida que segue, como diria meu amigo Ricardo Kotscho.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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