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    Moisés Mendes

    Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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    Fux chamou Bolsonaro de mentiroso

    O presidente do STF, Luiz Fux, disse que Bolsonaro faz “ataques de inverdades à honra dos cidadãos que se dedicam à causa pública”. “O produtor de inverdades é apenas um mentiroso”, lembra o jornalista Moisés Mendes, que acrescenta: “é como Fux trata Bolsonaro”

    Fux e Bolsonaro (Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF | Marcos Corrêa/PR)

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    Por Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia

    Há pelo menos um detalhe interessante no discurso de Luiz Fux na volta do recesso do Supremo. O ministro condenou, sem se referir diretamente a Bolsonaro, quem vem fazendo “ataques de inverdades à honra dos cidadãos que se dedicam à causa pública”.

    Pessoas que se dedicam a cultivar e a propagar verdades são verdadeiras. Mas não existe, nem no Houaiss, o inverdadeiro como definição para quem dissemina inverdades.

    O produtor de inverdades é apenas um mentiroso. É como Fux trata Bolsonaro, ao falar em defesa do colega Luis Roberto Barroso, presidente do TSE, o alvo preferencial do sujeito quando o assunto é o blefe do voto impresso. É a honra de Barroso que Bolsonaro vem atingindo.

    O discurso traz mais do mesmo, desde aquela fala de 27 de maio do ano passado, quando Fux e Dias Toffoli mandaram um recado escrito a quatro mãos a Bolsonaro e aos militares.

    Foi uma resposta às reações do Planalto às investigações em torno dos políticos, filhos, amigos e milicianos envolvidos nos atos antidemocráticos e na fábrica de fake news. O alvo da extrema direita na época era o ministro Celso de Mello.

    Pegando-se aquele discurso e o que foi proferido nesta segunda-feira, o que se tem é mais um revirado em defesa da democracia, das instituições e da harmonia entre os poderes, sempre pela preservação da Constituição. É repetitivo e quase colegial.

    A diferença está no detalhe sobre as inverdades. Fux poderia ter dito apenas, mesmo sem citá-lo, que Bolsonaro defende posições conflitantes com os princípios da democracia.

    O ministro preferiu deixar claro que o homem mente ao repetir que as eleições tiveram e podem ter fraudes porque o voto eletrônico não conta com o comprovante individual impresso.

    O cutucão no mentiroso é um consolo a quem esperava algo mais apimentado, apesar de ter uma boa advertência: "Harmonia e independência entre os poderes não implicam impunidade de atos que exorbitem o necessário respeito às instituições".

    Mas o discurso parece genérico demais, sem nenhuma insinuação de que é destinado também aos militares.

    O presidente do Supremo livra Braga Netto e faz média com os generais, para que Bolsonaro fique como o inimigo a ser atacado. É uma fala na mesma linha da nota emitida, também na segunda-feira, por ministros do Supremo e ex-ministros do TSE. A fala e a nota são o combo dos guardiões das eleições.

    Agora, segue o baile, com Bolsonaro dançando can-can com os generais, e Ciro Nogueira e o centrão tentando dançar uma valsa com quem estiver por perto. Bolsonaro foi chamado de mentiroso e, se mantiver o ritmo, não deve se encolher.

    Mas o que temos à mão como reação a Bolsonaro ainda é pouco, um discurso e uma nota que terão repercussão até amanhã. Depois de amanhã, serão apenas o que de fato são.

    No dia seguinte ao daquele discurso de 27 de maio do ano passado, de autoria da dupla Fux-Dias Toffoli, Bolsonaro disse no cercadinho do Alvorada: “Acabou, porra!!! Acabou!!!”.

    Aguardemos agora o que o mentiroso irá dizer, enquanto a CPI volta a falar das facções das cloroquinas, das vacinas superfaturadas e dos coronéis de Pazuello.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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