Gaza não será a Balneário Camboriú da nova Roma
"Necropolítica embrulhada num pacote de marketing: vender cadáveres como oportunidade de investimento", aponta Sara Goes
Há algo de podre no império americano, e o fedor já se espalha pelo mundo. Donald Trump, o bufão fascista, quer transformar Gaza num resort para milionários enquanto a poeira dos escombros ainda cobre os corpos de crianças palestinas. Necropolítica embrulhada num pacote de marketing: vender cadáveres como oportunidade de investimento. Ele não sugere apenas um novo destino turístico; ele propõe um shopping center sobre um campo de extermínio. E, como lembrou Lula, "ninguém vai fazer um lugar bonito em cima de milhares de cadáveres de mulheres e crianças, ninguém vai fazer". É bem capaz.
Trump voltou meticuloso na banalização do mal, na conversão de vidas humanas em moeda de troca. Parece ter aprendido com os erros, como uma inteligência artificial que emula evolução através das experiências dos seres humanos. O fantasma do comunismo já não ronda a Europa, mas o fedor do cio da cadela fascista exala por todo o planeta. A extrema direita avança com suas receitas de morte, e, como em 1933, a humanidade segue entretida, agora dançando nas redes sociais e polemizando sobre o caráter potencialmente fascista de bonés, enquanto a história repete seus piores capítulos.
Os EUA já são a nova Roma, mas não aquela Roma de que falava Ariano Suassuna, a Roma cultural do Nordeste resistente. São a Roma decadente, corrupta, que se dilacera em sua própria ganância. E Trump é o Nero desse império apodrecido, tocando harpa enquanto o mundo queima. Ele sabe que o capitalismo já não tem mais para onde crescer, então aposta na última fronteira do lucro: a destruição. O cassino financeiro agora joga com territórios inteiros, e Gaza é apenas mais uma aposta no tabuleiro da geopolítica da morte.
A retórica de Trump é clara: não há solução política, há exploração. Gaza não precisa de justiça, precisa de resorts. A Faixa de Gaza não precisa de dignidade, precisa de especulação imobiliária. A lógica é a mesma dos mercadores da fé que vendem milagres enquanto enriquecem; é a mesma do agro que chama devastação de progresso.
O império ruirá, como ruíram todos. Mas a pergunta que fica é: quando a poeira assentar, quem ainda estará de pé? Gaza não será Balneário Camboriú. Gaza não será um resort para turistas ricos. Gaza será um testemunho do que o capitalismo tardio e o fascismo ascendente são capazes de fazer quando o mundo decide olhar para o outro lado.
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