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    Jean Goldenbaum

    Músico, professor da Universidade de Música de Hanôver, Alemanha. É membro fundador do ‘Observatório Judaico dos Direitos Humanos do Brasil’ e fundador do coletivo ‘Judias e judeus com Lula’

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    George Santos: a representação máxima do lixo político contemporâneo

    George Santos (Foto: Reprodução)

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    George Santos é um fenômeno. Sim, pois ele se tornou o símbolo maior e a representação máxima do lixo político do século XXI. E por que? Pois ele realmente reúne todos os aspectos que constituem o que há de pior nos palcos da política mundial. Debrucemo-nos sobre suas “qualidades”:

    Bem, primeiramente, enquanto cidadão estadunidense e brasileiro, Santos representa os dois maiores líderes do Neonazifascismo do planeta, Trump e Bolsonaro, por ser admirador de ambos. E quando falamos de Neonazifascismo em nossa contemporaneidade, estas duas nações são inegavelmente as duas capitais desta ideologia, ainda que seus cabeças sejam hoje ex-presidentes. Então a cidadania dupla de Santos e suas escolhas em termos de lideranças de fato servem como “cartão de visita” para quem quer saber mais sobre o sujeito.

    Nos EUA Santos é parte da ala mais conservadora do Partido Republicano e conseguiu – incrivelmente – ser eleito deputado estadual (em uma área predominantemente Democrata!) baseando sua campanha inteiramente em mentiras descaradas. Sim, reunindo todos os elementos patológicos da “escola Trump” no que diz respeito a proferir inverdades, Santos inventou sobre si próprio todas as mentiras imagináveis e inimagináveis. Segue a lista (sem detalhes, porque senão esse artigo será nada mais que um imenso fact-checking. Quem quiser mais informações, busque por favor na internet, pois é muito simples achar as verdades). Vamos lá:

    Em seu currículo ele mentiu sobre

    -onde estudou no Ensino Médio.
    -ter um diploma universitário.
    -ter trabalhado em Wall Street.

    -ter propriedades imobiliárias em seu nome.
    -ter fundado uma instituição de caridade animal.
    -a morte de sua mãe estar relacionada aos eventos de 11 de setembro de 2001.
    -sua avó ser uma vítima do Holocausto.
    -ser judeu.
    -ter “funcionários” que morreram no tiroteio da boate Pulse (Orlando, Florida) em 2016.

    -ser casado com um homem (e talvez até sobre ser gay).

    E estas são somente as mentiras principais de seu currículo e biografia. Há também as mentiras secundárias, que são na verdade cômicas. Cabe mencionar uma, só a título de humor: ele afirmou que na Baruch College (onde ele na verdade nunca estudou), ele fora também uma grande estrela do time de voleibol da instituição…

    Ou seja, temos até aqui a princípio dois dos principais elementos que o transformam em um símbolo da negatividade política de hoje: o alinhamento aos maiores líderes nazifascistas do mundo e uma carreira fundamentada em uma imensidão de mentiras.

    Mas isto seria insuficiente. Há mais. Há a corrupção. Santos está simplesmente sendo investigado pelo promotor distrital do condado de Nassau, pelo gabinete do procurador-geral do estado de Nova York, pelos promotores federais do Distrito Leste de Nova York. Além disso, a instituição sem fins lucrativos ‘Campaign Legal Center’ (Centro Jurídico de Campanha) também apresentou uma denúncia oficial à Comissão Eleitoral Federal. E alguns deputados democratas oficializaram queixa ao Comitê de Ética da Câmara dos EUA. Não se sabe todos os motivos destas investigações, afinal nem todas são divulgadas publicamente. Mas sabe-se que grande parte delas têm ligação com ilegalidades financeiras durante sua campanha eleitoral, falhas nas declarações, nos impostos e tudo o que com isto se relaciona.

    E não bastasse a corrupção no norte das Américas, obviamente o cidadão possui “trambiques” no Brasil também. Há acusações relacionadas a supostos cheques fraudulentos de 2008 e segundo o New York Times em matéria de 11 de janeiro já há advogados se movimentando para tirar essa história a limpo.

    A “cereja do bolo” todavia ainda está por vir. O que falta no “político-modelo” do obscurantismo de nossos dias? A resposta é: uma ligação direta com o Nazifascismo. Não basta admirar o duo Trump-Bolsonaro, é necessário ser parte ativa do movimento. E Santos fez questão de provar sê-lo justamente em uma das fotos de sua posse na Câmara de Deputados, ao fazer o já conhecido símbolo de White Power com a mão. A foto está rodando na internet e pode ser vista por quem quiser.

    Um adendo antes que uma dúvida surja: Por que afirmar (ou fingir) ser gay se se é adepto da Supremacia Branca, movimento que odeia as pessoas LGBT+? A resposta é que Santos mente feito um cachorro louco. Ou seja, muito antes de lealdade a qualquer ideologia, ele regurgita suas inverdades conforme lhe é conveniente em um momento específico. Assim, ele tentou vender a imagem de “primeiro deputado republicano gay” da história simplesmente porque poderia ser bom marketing para uma ala republicana que procura “lavar” seu conservadorismo com uma suposta diversidade. Esta era sua motivação na campanha ao afirmar isto. E, de qualquer modo, mesmo se ele for de fato gay, sabemos que há estes casos-aberrações (felizmente exceções), de pessoas LGBT+ que apoiam Trump e Bolsonaro.

    Por fim, cabe dizer que nos últimos dias uma parte dos Republicanos chegou à conclusão de que Santos é nocivo demais para o partido e, desta forma, deve renunciar: “Ele é uma piada nacional. Ele é uma piada internacional. E essa piada deve ir embora.”, foi dito publicamente em Westbury, NY, e divulgado pela MSNBC e outros canais de imprensa. Mas mesmo assim, Santos já avisou que não deixará o cargo.

    Em suma: supremacista branco, bolsonarista, trumpista, corrupto e mentiroso patológico. Esta é a descrição perfeita da imundice política contemporânea. George Santos, embora tenha a proeza de reunir em si todas essas características, é infelizmente só um dos muitos desta laia. Nos EUA, no Brasil e em diversos outros locais do mundo, essa espécie de político é perigoso e patético ao mesmo tempo. E é um retrato de nossos tempos. Por isso, o que devemos fazer é expô-los e combatê-los, na esperança de termos no mundo político somente pessoas que – independentemente de suas concepções dentro da pluralidade ideológica – sejam realmente comprometidas com a decência, com a ética e com o respeito à população que representam.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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